terça-feira, 19 de março de 2019


Sugestão ao Ministro

Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com


Na edição de 28/01 o Valor Econômico recheou  o jornal de assuntos ligados à educação, mais exatamente sobre o novo ministério da educação e algumas ações a colocar em prática. E o título de uma das matérias foi aquele que incomoda muito, dito pelo próprio Ministro Ricardo Vélez Rodrigues[1]: “Ideia de universidade para todos não existe”. E acrescentou, “As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica”. Teria ele refletido sobre as consequências advindas , como exemplo, o cenário de empregabilidade ? Deixou para depois. Aguardemos mais um pouco, melhor sem tanta jactância.

Foi uma explosão e tanto junto à sociedade e sobretudo junto aos operadores da educação porque a manter-se os níveis da educação básica nas públicas (Fundamental e Médio), pouco se pode esperar que esses jovens logrem sucesso nos seletivos, salvo raras exceções, aí não incluídas os cotistas.

Na entrevista ao Valor, conduzida pelo jornalista Hugo Passarelli, o Ministro Vélez também disparou outra bomba ao afirmar que ainda não está em estudo a cobrança de mensalidades em universidades públicas, mas é urgente reequilibrar seus orçamentos. Estará algum dia ?

Com as duas máximas mais importantes da oportunidade tomo a liberdade de sugerir ao Ministro que componha urgente um Conselho de Notáveis, e existem muitos no país, perto de dez seria o suficiente, para uma reunião mensal de quatro horas, com mandato de somente um ano. Após o período haveria renovação. Mas que não seja outra instância de carcomidos e inexperientes no setor. Gente que conhece e sabe o que fala, sobretudo os da área privada que sabem muito bem tratar com orçamentos. A pauta o Ministério recomendaria.

Um tanto prudente para não dizer lento, Vélez diz que elabora apenas as diretrizes do que deverá ser a marca de sua gestão à frente do MEC, com metas alinhadas ao propósito político do governo(?).  Os diagnósticos e elaboração de programas ficam a cargo de seus secretários, que ainda estão se debruçando sobre as medidas de gestões anteriores.

Ainda presente a lentidão, que no entanto reclama agilidade, considerando o início de novo ano letivo com enormes desafios pela frente, quando é preciso mexer com as formações nas licenciaturas, a aplicação das BNCCs, reexame do FIES e por aí vai.

Graduado em filosofia e teologia fez mestrado e doutorado nessas áreas o que lhe enseja grande poder articulador e ótimo frasista como esta: “As pessoas chegaram até a escola, é hora de a escola chegar às pessoas” , sem no entanto mostrar como isso será feito e viabilizado. Como se a estrada, o percurso e os caminhos fossem os mesmos. Há séculos acompanhamos esse trajeto que parece ser rua de duas mãos quando não é. Na educação todos vão juntos num mesmo sentido e os que se atrasam(arem) devem ser puxados mesmo que à força.

De certa forma, é mais fácil uma criança sentar-se no banco escolar (universalização) do que a escola abraçá-lo e conduzi-lo, dada a orfandade que a colocam pelo desinteresse pedagógico e desmotivação dos docentes, motivando a evasão.  Os índices estão aí mostrando tal realidade. Os certames internacionais consagram a falência educacional brasileira.

Conforme Vélez, Carlos Francisco de Paula Nadalim (secretário de alfabetização) conduzirá o programa Alfabetização Acima de Tudo (prioridade dos cem primeiros dias do MEC). Ele carrega na pasta a experiência de coordenador de uma escola da família, O Mundo Balão Mágico, mas não tem nenhuma simpatia por Paulo Freire e Magda Soares(UFMG), palavras dele.

Vélez, ao que tudo indica até aqui, carrega bom trato político adotando um tom conciliador quando perguntado sobre temas polêmicos. Demonstra entusiasmo quando vem à conversa as principais bandeiras de Bolsonaro como o Exame Nacional do Ensino Médio(Enem) ou as já um tanto desgastadas questões de ideologia de gênero, sexualidade e outras pérolas do mesmo mar. É intransigente defensor dos valores da família, no que a maioria da população concorda.

De início, quando de sua nomeação, a mídia buscou fontes que pudessem melhor oferecer posicionamentos pessoais ou profissionais por declarações. Encontraram uma lapidar em seu blog hoje desativado, muito reproduzida: “O MEC tornou os brasileiros reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista [...]".

Veléz não cede terreno, não retrocede, o que é ótimo a demonstrar que só tem compromisso com o acerto e não com o erro, referindo-se às suas convicções de que construiu-se um suporte estatal criado exatamente para influenciar a sexualidade ou posições políticas dos estudantes, o que ele abomina.

Em um programa publicado em seu blog, intitulado Um roteiro para o MEC, dia 7/11/2018, defende a descentralização do sistema educacional. Vélez Rodríguez é anticomunista e estudioso do liberalismo clássico. Em seu blog Rocinante (nome do cavalo de Dom Quixote de La Mancha), ele critica o que considera a influência marxista sobre a educação brasileira. Para ele, é necessário limpar todo o "entulho marxista que tomou conta das propostas educacionais de não poucos funcionários alojados no Ministério da Educação".
(Wikipedia)



[1] Ricardo Vélez Rodríguez, o atual Ministro da Educação do Brasil, o 53º, nasceu aos 15/11/43. Suas visões políticas são descritas por algumas fontes como de extrema-direita.
Fez seus estudos básicos no Liceu de La Salle (Bogotá) e cursou bacharelado em Humanidades, no Instituto Tihamér Tóth, na mesma cidade. Licenciou-se em Filosofia pela Pontifícia Universidade Javeriana (Bogotá), em 1963. Entre 1965 e 1967, fez o curso de Teologia no Seminário Conciliar de Bogotá.
Iniciou a vida docente em 1968, como professor de Literatura e Filosofia, na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Pontifícia Bolivariana (
Medellín), e Ética Empresarial, na Escuela de Administración de Empresas e Instituto Tecnológico, também na Colômbia, permanecendo em ambas as instituições até 1971. Entre 1972 e 1973, lecionou Filosofia e Humanidades na Universidade Externado de Colômbia e na Universidade do Rosário, em Bogotá. Realizou estudos de pós-graduação no Brasil, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, obtendo o título de Mestre em Filosofia, em 1974.


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O Fracasso e o Sucesso ou a Procura dos Culpados



Não há problema que não possa ser reparado, diante do
reconhecimento do erro que o parturiu”. Robison Sá
Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com

Dizem que o fracasso e o sucesso são irmãos que nunca se conheceram, frente a frente. Nunca um viu o rosto do outro.

Estão sempre juntos, justapostos, um dando as costas para o outro, mas os dois vivem falando e falando alto, embora um não escute ao outro..

Pasme, o fracasso é uma das condições mais confortáveis que a espécie humana inventou, é agradável porque tira toda a responsabilidade das costas do indivíduo, um peso enorme.
O fracasso é super confortável porque nos faz parar de lutar. No momento em que se para de lutar vem a tranquilidade. Enquanto o fracasso é um quarto confortável, o sucesso é um quadro desafiador. Um fracassado nunca conta histórias.
O fracasso é uma condição que agrada a maioria das pessoas, por incrível que pareça. Por isso tanta gente “gosta” do fracasso. Por isso tanta gente fica no fracasso sem querer atingir o sucesso. Afinal, sucesso acontece com a intenção do propósito.

Na educação, onde começa e onde termina o fracasso? Por igual, há os “culpados”, onde começa e onde termina o sucesso, do docente que se propõe a ensinar e também do discente, que se dispôs a aprender?

Robison Sá[1] tem uma visão clara do cenário: Quanto mais refletimos e tentamos consertar os erros causadores das derrotas da educação, mas nos parece ficar distante a realização dos fins nos quais, grande parte dos engajados na busca de uma educação que atenda aos anseios da sociedade moderna, bem como de todo o corpo docente, discente e comunidade escolar, se propuseram a atingir. Será que esse é um diagnóstico que nos leva à conclusão de que a educação brasileira não tem mais jeito? Seria o caminho mais correto cruzarmos os braços e somente assistir a decadência definitiva da possível redentora da sociedade?

Não podemos dizer que esse ou aquele é o culpado por tudo que acontece no cenário educacional, negativa ou positivamente. Nossa consciência deve ser preenchida com a certeza de que todos, sem exceção, somos culpados. Essa afirmação soa muito rígida, generalizante, mas é a única que, após longo período de estudo, reflexão e experiência, está à frente dos operadores da educação.

O poder público também é culpado  porque também é omisso. Os governos municipal, estadual e federal investem muito pouco na educação e, quando investem, não se baseiam num planejamento que garanta que o investimento feito gerará resultados positivos à educação. Veja-se o Fies, o Prouni e outros
que antes de mais nada levam um carimbo político-demagógico.

A sociedade é culpada, porque  cruza os braços diante do descaso, da má administração, da corrupção. Por que não cobra dos nossos representantes legais? Por que não expulsa os corruptos e elegem pessoas com projetos que favoreçam a nossa educação? Por que não cobra transparência no uso das verbas educacionais? Será que do jeito que está, está bom? Somos, sim, culpados, por fechar os olhos diante do não favorecimento do bem coletivo. Culpados por não tentar mudar. Por achar que somos pequenos, quando formamos uma nação de milhões.


As secretarias de educação, assim como as equipes diretivas escolares, são também culpadas. Enquanto no primeiro caso vemos a irresponsabilidade, advinda do pensamento político egoísta, ao escalar profissionais, em grande parte dos casos, sem capacidade para gerir uma pasta. Retiram bons professores da sala de aula para, em alguns casos, serem péssimos gestores.


Os professores são culpados. Culpados por serem coniventes com situações de perda para o aprendizado do aluno. Um exemplo disso são os casos de feriados imprensados, onde ninguém se manifesta contra, vista a deficiência no cumprimento do calendário escolar com dias tão insuficientes para um bom aproveitamento de aprendizagem.

Ou seja, seria próprio afirmar que tubarões estudam realismo educacional  e devoram os docentes.

Há um perigo de os professores agirem como torcedores e não só eles. Parcela considerável da comunidade educacional age assim. O fato é que esquecemos de nosso objeto de estudo e trabalho: o ensino. Transformamos as Faculdades em cursos para apreender truques de teoria política do poder, ideológicas (aliás, uma péssima teoria política do poder). Sem querer e/ou sem saber, fazem o jogo de um realismo retrô, em que o relativismo é a cereja do bolo.

Hoje em dia precisamos pedir desculpas para falar de educação. O professor chega na sala de aula e fala sobre tudo (e sobretudo) ...a partir de sua opinião pessoal. Como se os alunos pagassem para ouvir o que professor pensa pessoalmente sobre a matéria (ou sobre a sociedade). Qual é a diferença de um docente  que decide conforme “seu posicionamento pessoal” e o que é ministrado em sala de aula? Ao que consta, não se vai para o ensino superior pedir a opinião pessoal de quem quer que seja. Muito menos do professor na sala de aula. Antes de tudo, há uma coisa chamada  conteúdo/programa com vistas ao cumprimento das diretrizes curriculares e conclusivamente frente ao Enade.
As ausências docentes em demasia são agravantes para o fracasso. Em outros casos, o professor cruza os braços por se imaginar impotente para tentar mudar o cenário de horror da educação.

As reclamações são muitas: salário baixo, atraso, desmotivação, desvalorização, falta de reconhecimento etc. Todos elas são justas. Mas está-se a cumprir os deveres de educadores? Há preocupação com o aprendizado do aluno? Há preocupação com a própria formação, com o planejamento das aulas, com o compartilhamento de informações com os demais colegas? Frequenta-se as reuniões pedagógicas em apoio às iniciativas apresentadas pela equipe de coordenação? Apresentam-se ideias ou projetos que prometam reinventar a nossa história? O que realmente é o docente se não inventor de ideias, compartilhador de experiências e defensor de uma educação que tenha como prioridade, fundamentalmente, transformar?


Os pais de alunos são coniventes e, portanto, culpados. Ao elaborar uma “tarefa de casa”, por exemplo, os professores esperam que os pais, além de auxiliar os seus filhos no cumprimento daquele “dever”, consigam também diagnosticar as possíveis dificuldades do seu filho e, imediatamente, procurar o professor para formar uma parceria que proporcione o melhoramento do aprendizado daquele jovem aprendiz.


Os alunos também são culpados. Os alunos simplesmente vão à escola apenas para conversar e reencontrar os amigos. Os “cabeças baixas” como hoje são chamados porque não tiram os olhos dos smartphones e outras traquitanas tecnológicas. Mas não só por isso eles são culpados. Também são culpados por não gritarem os seus direitos ao poder público; dizer que exigem os seus direitos constitucionais; que são cidadãos que buscam o conhecimento e que, portanto, exigem o melhor de seus representantes.


O sucesso, ora, isso é outra história, para um próximo artigo, sem culpados.

[1]
Graduado em Matemática pela Universidade Tiradentes - UNIT e especialização em Educação Matemática para Pedagogos pela
Faculdade Atlântico – FA - Sergipe.

Implodiram a Universidade



Deixar ir, não significa desistir,
mas sim aceitar que há coisas que
não podem ser.   Pedro Quintella
Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com

Até parece que o tempo passou direto, pelo presente, e foi estacionar no futuro, sem contemplação alguma, com nada e ninguém.

As mudanças que chegam à humanidade, decorrentes de tecnologias, são muito rápidas, aceleradas demais e as universidades não têm conseguido acompanhar: É voz corrente e assumida que  o modelo de graduação atual deixará bacharéis obsoletos em menos de 10 anos em razão da proposta  ultrapassada de seu formato. Não sem motivo um terço dos alunos do ensino médio e 15% dos universitários duvidam do retorno do investimento que uma graduação pode oferecer.

Deram muita corda no relógio ou colocaram bateria além do estipulado e o resultado foi que os ponteiros saíram em disparada rumo ao futuro sem saber ao certo onde é o estacionamento. Cá para nós, passaram batido.

A notícia publicada na semana pelo Correio Braziliense deu conta que Bacharéis estarão obsoletos em 10 anos”. Otimistas, ou serão pessimistas?
Parece-me que o adjetivo obsoleto não cai bem. Melhor é ultrapassado, superado. Na verdade, quem mal consegue(ia) se sustentar com uma graduação sem ela é impossível. Há diferenças entre ser obsoleto e nascer
obsoleto. Em música diz-se que a pessoa atravessou o compasso e ficou para trás.

Os marketeiros de plantão gostam muito, demais, da palavra obsoleto tratando da evolução natural da tecnologia. É o que diz o professor Ed Cavalcante: “
Alguns itens tecnológicos quando nascem, já têm data prevista para sair de circulação. Isso é o resultado da “Obsolescência Planejada”, processo pelo qual os profissionais de marketing introduzem a obsolescência em determinados produtos para serem  substituídos num tempo mais curto. O consumidor não tem escolha porque os produtos, em geral, só duram o tempo que o produtor quer. Aqui parece que nossos bacharéis estão saindo com tempo de validade já esgotado.

Outra prática nessa mesma linha é a “Obsolescência Perceptiva”. Quando o fabricante não consegue reduzir o tempo de vida de um produto, lança uma “nova” versão com pequenas modificações. No Brasil chamam essa prática de “maquiar o produto”. Os produtos antigos, que têm a mesma funcionalidade, ficam com o aspecto de ultrapassados e o consumidor é induzido a comprar o novo. Aliada a essa prática existe uma propaganda maciça que complementa a “lavagem cerebral”.

Estamos oferecendo cursos que estarão extintos daqui a alguns anos e não temos nos preparado para as novas profissões nem atualizado as existentes, motivo pelo qual 30% dos alunos do ensino médio não acreditam que o curso superior trará retorno compensatório. Outros 44% não têm opinião sobre o assunto. O levantamento sugere duas razões principais pelas quais os jovens não estão convencidos de que o terceiro grau compensa: a primeira é que 45% dos alunos buscam um currículo com conteúdos relevantes para o mercado de trabalho e 30% acreditam que terão que complementar a graduação com outros cursos para se sentirem prontos para a vida profissional.
O curioso disso tudo é que quem deve e poderia ensinar é incapaz de aprender, a universidade, na sua majestosa soberba. Que paradoxo, ou seria uma antítese?

O conhecimento formal não é mais um diferencial, lamento muito.

No mundo de hoje, não se trata apenas de quais formações ou diplomas cada um de nós possui. Conhecimento está virando commodity, o que importa é atitude. Tudo está indicando que  o conhecimento está ficando obsoleto a cada dia. O que fazer?
É possível avaliar o que está ocorrendo mas nem por isso interromper a máquina que ninguém sabe onde fica o freio. É alguma coisa parecida com tempestade seguida de enchente. Você foge para o telhado ou se molha.

A democratização do ensino dá conta que crescemos
numa era em que  todos disputavam acesso aos melhores cursos, escolas e universidades, numa competição desenfreada que privilegiava muito poucos. Havia, assim, escassez dos profissionais mais qualificados. Entretanto, vivemos agora num mundo de abundância de informação e conhecimento quando quem quer aprender e buscar  conhecimento é só acessar o Google  e consumir.
É conferir para acreditar: Procure cursos online para o assunto que quiser. Inúmeros cursos de Harvard, do MIT, da USP e de onde mais você possa imaginar, acessíveis para qualquer um, em plataformas como Coursera, Udacity,edX, Veduca etc. Aliás, muitos deles gratuitos e  muitos em português. As barreiras estão acabando e quem quiser aprender, aprende.

Aí veio a tecnologia da hiperconectividade facilitando a tudo e que
apenas num curso você obtém conhecimento, quando existem inúmeros? Num universo hiperconectado, é cada vez mais fácil interagir e trocar conhecimentos com pessoas de todo o mundo.
Fora o papel óbvio das redes sociais, existem hoje diversas plataformas específicas para compartilhamento de conhecimento. Experimente perguntar qualquer coisa, sobre qualquer assunto, em plataformas como o Quora ou Stack Exchange. Em alguns minutos provavelmente você terá respostas de pessoas de diversos lugares do mundo. As melhores respostas são ranqueadas, claro, pelas próprias pessoas. As respostas podem ser de um PhD ou de um jovem de 17 anos, não importa. A hiperconectividade horizontaliza o conhecimento.

Vejam o que fala o pessoal do Quora:”A missão do Quora é compartilhar e crescer o conhecimento do mundo. Uma vasta quantidade de conhecimento que seria valioso para muitas pessoas atualmente está disponível apenas para alguns – ou travado na cabeça das pessoas, ou apenas acessível para grupos seletos. Queremos conectar as pessoas que têm conhecimento com as pessoas que dele necessitam, reunir pessoas com diferentes perspectivas para que possam entender melhor umas às outras, e empoderar todos a partilhar seus conhecimentos em benefício do resto do mundo.”
Não é um blockbuster (de arrasar quarteirão) ?

Como os novos conhecimentos estão surgindo cada vez mais rapidamente,
para Leandro Jesus, no Linkedin/Pulse “Vivemos em tempos exponenciais, num ritmo acelerado de geração de informações e conhecimento. O futurista Buckminster Fuller criou o conceito da “Curva de Duplicação do Conhecimento” para explicar esse fenômeno. Para ele, até 1900 o conhecimento humano dobrava a cada século. Ao final da 2ª guerra mundial, o conhecimento já dobrava a cada 25 anos. Hoje, o conhecimento dobra em média a cada 12 meses, e esse ritmo tende a acelerar com o advento de novas tecnologias.

Se você não acredita nesses números, pense apenas em como as tecnologias estão evoluindo rapidamente e no que está se tornando ultrapassado em sua área de atuação. Certamente todos nós temos exemplos na ponta da língua.

Agora, você acha que as ementas de cursos tradicionais, com todas as exigências do MEC, são capazes de acompanhar esse ritmo de mudanças? Segundo um relatório do governo americano, 65% dos estudantes de hoje estão sendo formados para trabalhos que sequer sabemos que existem, com conhecimento que ainda está sendo gerado.”
Boa parte do conhecimento atual está sendo automatizado e uma vez que há abundância de informação e conhecimento na rede, robôs podem interpretá-los para desempenhar atividades tão bem ou até melhor que humanos.

Um bom exemplo é o IBM Watson, que pretende colocar a inteligência artificial para interpretar padrões a partir de um histórico de bilhões de registros médicos e, assim, ajudar no diagnóstico e tratamento de doenças. Essa inteligência pode prevenir erros médicos e mesmo empoderar as pessoas para cuidar preventivamente de sua saúde

A inteligência artificial vai automatizar boa parte do conhecimento de médicos, advogados, engenheiros e muitos outros especialistas. Se vai eliminar ou não a necessidade desses profissionais, é outra questão.

Os argumentos acima, nos levam a concluir  que  precisamos nos reinventar e buscar novas formas de aprender o tempo todo. Em nosso próprio ritmo, da nossa própria maneira, conforme nossas experiências e descobertas prévias. Não precisamos conhecer tudo, pois seria impossível. Mas precisamos saber como acessar, filtrar e aplicar conhecimentos na prática, vivenciando dificuldades e buscando superá-las.

Essa inquietude na busca pelo aprendizado é o que se pode definir como atitude. Atitude é mais importante que o conhecimento prévio de qualquer profissional. Com o conhecimento se tornando obsoleto, somente quem tem atitude vai se manter bem posicionado nessa corrida incessante por aprender e se diferenciar. A regra geral é não parar nunca de aprender!

TCCs – Trabalho de Conclusão de Curso





O meu pai ensinou-me a trabalhar; não me ensinou a amar o trabalho.
Abraham Lincoln
O  trabalho de conclusão de curso(TCC), eventualmente chamado  tese de conclusão de curso, trabalho de graduação interdisciplinar, trabalho final de graduação, projeto de formatura, projeto experimental ou monografia de curso, com suas respectivas siglas, é um tipo de trabalho acadêmico  amplamente utilizado no ensino superior e técnico no Brasil, como forma de efetuar uma avaliação final dos estudantes, que contemple a diversidade dos aspectos de sua formação educacional.

As diversas finalidades do trabalho acadêmico podem se resumir em apresentar, demonstrar, difundir, recuperar ou contestar o conhecimento produzido, acumulado ou transmitido. Ao apresentar resultados, o texto acadêmico atende à necessidade de publicidade relativa ao processo de conhecimento.

A pesquisa realizada, a ideia concebida ou a dedução feita  perecem  se não vierem a público, razão maior da elaboração dos TCCs. A demonstração do conhecimento é necessidade na comunidade acadêmica, onde esse conhecimento é o critério de mérito e acesso. Entretanto, a bem da verdade, ao longo de muitos anos a universidade não tem sabido aplicar com rigor a exigência na confecção desses trabalhos, ao contrário, os despreza, por exemplo deixando de manter um exemplar na biblioteca da instituição, divulgando-os pelo site da faculdade, recomendando e apoiando uma publicação por editora. Não, vão todos para gavetas encontrando milhares de outros anteriores, E mais, embora muitas instituições tenham um regulamento sobre o assunto poucas ou nenhuma reprova aos membros que se apresentam com um trabalho medíocre, de nenhum aproveitamento.  

Assim, teremos perdido muito, expresso em tempo, papel, paciência, e demais condições que aviltam as inteligências e cultura. E os docentes são os principais culpados, tornando-se reféns, quando não, cúmplices dos alunos.
Ainda sobre o docente, falta-lhe a boa vontade na orientação, falta-lhe estímulo e paixão pelo magistério. Faltando-lhe o pagamento salarial com certeza não é o que acontece.

Parece haver uma clara e significativa cooptação das mentes dos estudantes em se negar a produção para o mundo capitalista, quando um TCC bem formulado pode muito bem ser a iniciativa de qualquer empreendedorismo, a fundação de alguma startup. A presença nos currículos de disciplinas como Business Plan poderiam muito bem ser um guia para percepção de novos mercados.

Assim, existem as provas, concursos e diversos outros processos de avaliação pelos quais se constata a construção ou transmissão do saber. Difundir o conhecimento às esferas externas à comunidade acadêmica é atividade cada vez mais presente nas instituições de ensino, pesquisa e extensão, e o texto correspondente a essa prática tem característica própria sem abandonar a maior parte dos critérios de cientificidade. Melhor dizendo, assim deveria ser.  A recuperação do conhecimento é outra finalidade do texto acadêmico. Com bastante frequência, parcelas significativas do conhecimento caem no esquecimento das comunidades e das pessoas; a recuperação e manutenção ativa da maior diversidade de saberes é finalidade importante de atividades científicas objeto da produção de texto.

Em muitas instituições, o TCC é encarado como critério final de avaliação do aluno: em caso de reprovação, o aluno estará impedido de obter o diploma e consequentemente exercer a respectiva profissão até que seja aprovado.

O escopo e o formato do TCC (assim como sua própria nomenclatura) variam entre os diversos cursos e entre diferentes instituições, mas na estrutura curricular brasileira ele possui papel de destaque no último semestre ou ano do curso.
 
A execução e conclusão  é uma apresentação de um projeto perante uma banca examinadora entre 3 e 5 professores (não necessariamente com Mestre /ou Doutor). Nesse particular, deixando de contar com docentes que tenham pós-graduação a banca fica a desejar quanto às cobranças que podem ou devem ser feitas. Afinal o evento tem uma finalidade formativa e não como se fora uma festinha de despedidas. Afinal o que falta é competência e habilidades para o docente conduzir uma orientação de TCC?

A banca examinadora formada para tal propósito não cria nenhuma expectativa de originalidade. Portanto, pode ser uma compilação (e não cópia) de outros ensaios com uma finalidade, um fio condutor, ou algo que forneça um roteiro, uma continuidade. Motivo: inabilidade e incompetência, desconhecimento e afastamento profissional dos mercados, o que a maioria dos docentes carrega.
Aliás, há uma indústria que avança forte produzindo sob encomenda TCC
sobre qualquer assunto.

Professores orientadores recomendam aos alunos, que o tema escolhido seja um assunto com o qual o aluno possua afinidade. Ele vai passar talvez um ano ou mais escrevendo sobre um determinado assunto. Se não for um assunto cativante, será muito mais difícil para o aluno conviver com ele todo esse tempo.

O tema deve ser procurado através de perguntas. Uma grande dúvida deve ser o início de um trabalho acadêmico. Algo que não foi respondido ainda. Alguma área do curso escolhido que ainda tenha algo escondido dos cientistas.
Ou seja, que tenha identidade temática, que seja de seu agrado.

Talvez nisso resida insuficiências que resultam em trabalhos totalmente descomprometidos com realidade sociais, de empregabilidade, cultural, de aplicabilidade e por aí vamos. E a propósito, o grupo de orientadores mantidos pela instituição deve somar teóricos mas também profissionais dos mercados, gente que conhece o chão da fábrica.

Lamentavelmente as próprias instituições de ensino não têm respostas à principal pergunta se consultadas sobre os TCCs dos últimos 30 anos , que deve somar mais de milhão, o aproveitamento real deles  seria de quanto. 10 / 1.000.000 ?
 
Qual teria sido o tempo despendido com tão mínimo ou nenhum retorno?
Milhares de horas de cérebros humanos desperdiçadas.

Em resumo, falta o caráter utilitarista nos TCCs, aliás, que em nada diferem de muitas dissertações de Mestrado ou teses de Doutoramento com muito dinheiro jogado fora. Como se pudéssemos (nos) permitir isso.