sábado, 25 de janeiro de 2014

A Gangorra Duvidosa (e a Formação)



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br

Observações do cotidiano geram constatações irrefutáveis, como o simples olhar de alguém mais atento num parque de diversões, onde lá estão dois irmãos, ele mais velho e ela mais nova, por conseguinte mais leve. A brincadeira mal começou e terminou porque alguns segundos de sobe e desce o garoto não saia do chão, embora quisesse estar no alto, e a irmã, entre choro, por medo da altura quisesse estar em baixo. Brincadeira encerrada. Naquele instante não dava pra criar peso na menina nem subtrair a do garoto.

A cena chama a atenção para outra observação, da atualidade educacional e formativa, quando alguém pretende uma graduação e outro quer a formação técnica/tecnológica. O cenário é similar embora carregando outras variáveis e considerações, mas a questão dos “pesos” dos atores é fundamental. E peso aqui tem muito a ver com possibilidades, aspirações, capacidades, vocações, etc.
A situação/condição pendular fica mesmo definida quando o interessado se dá conta do fator primordial que é a empregabilidade ou não só isso, preponderantemente isso ? !

Que outras forças atuam, por qual combustível se é impelido na busca de um diploma de técnico(articulado-integrado com o ensino médio), de graduação ou de tecnólogo(superior) na gangorra educacional ?
Por que a educação privada não põe um pouco mais de peso no lado da menina da gangorra pois não ignora que as formações técnicas e tecnológicas estão em ascensão e as carreiras mais tradicionais estão amargando ociosidades, tanto nas salas de aula como no mercado? Ensino superior/graduação é para  a elite social/econômica/intelectual. São a ponta do iceberg e abaixo da linha d’água está  um mundo imenso e ainda imerso.

Com certeza, no horizonte da empregabilidade os salários determinam futuros mas as nuvens estão cedendo e a temperatura vai esquentar muito brevemente, a continuarmos com a economia livre.  Sob tal condição o jornalista Rodrigo Constantino, ao avaliar a questão na ótica de ganhos e salários foi bem claro. Diz ele:
“Em uma economia livre, as empresas se esforçam para atender da melhor forma possível seus clientes, e com isso aumentar tanto lucros como salários. Mas para isso é necessário um aumento de produtividade das empresas. Por decreto estatal a coisa não funciona.
O salário de livre mercado é basicamente resultado da produtividade do trabalhador. É por isso que os trabalhadores alemães ganham tão mais que os brasileiros, e não porque seu governo é mais bondoso. O Brasil possui sindicatos extremamente fortes e um governo demasiadamente intervencionista. Mesmo com tantas conquistas legais, temos um salário médio baixo em relação aos países mais livres, além da enorme informalidade. Países como Finlândia, Noruega, Dinamarca, Suécia, Alemanha, Cingapura e Suíça nem salário mínimo têm!”


Estariam os mantenedores aguardando alguma ação do mercado, do Congresso, dos estudantes ou das famílias deles ? Quem sabe das forças sindicais para mudanças urgentes de cenários político-econômicos ?
Na Europa, em média, os salários estão nas seguintes faixas:
Nenhuma Qualificação: (lixeiro, auxiliar de cozinha, auxiliar de pedreiro, doméstica)
1000 euros mensais + 13º e às vezes 14º. É o salário mínimo italiano.
Qualificação mediana: (porteiro, motorista de ônibus, digitador, cobrador de trem)
1200 euros mensais + 13º e às vezes 14º.
Qualificação técnica: (técnico em informática, manutenção, mecânico, eletricista)
1400 mensais + 13º e às vezes 14º.
Qualificação - Ensino Superior: Varia de acordo com o cargo (responsabilidade, hierarquia)
Médico/Advogado/Engenheiro: 2000-5000 euros mensais.
Ganhos de um autônomo: Varia muito, mas de maneira geral, a mão de obra é muito mais valorizada quando o indivíduo tem a sua própria atividade.
Encanador/Eletricista/Marceneiro: 25 euros por hora + custo da visita (mínimo 20 euros)
Médico: 80-150 euros a consulta
Outros: (advogado, engenheiro, dentista, fisioterapeuta) a partir de 20 euros/hora
Para os horistas deve-se considerar o volume de atendimentos diários(?).

O volume de estudantes que fizeram o último ENEM é um absurdo e não menos espantosa a quantidade mínima de aproveitados, em razão da escolha de cursos/carreiras. O resto vai amargar o futuro com a espera do ambicionado lugar comum de alguma graduação, quando hoje são oferecidos centenas de cursos técnicos-profissionais e tecnológicos ? Urge alguma medida usando as TICs para despertar a juventude “acomodada” e ainda na casa dos pais.

O Brasil vive nos últimos anos um processo de desenvolvimento que se reflete em taxas ascendentes de crescimento econômico. Tal processo de crescimento tem sido acompanhado de programas e medidas de redistribuição de renda que o retroalimentam. Evidenciam-se, porém, novas demandas para a sustentação deste ciclo de desenvolvimento vigente no País. A educação, sem dúvida, está no centro da questão, com as formações educativas de técnicas e tecnologias.

Abaixo o bacharelismo pois não só as empresas reclamam da oferta e qualidade de mão de obra no país como os índices de produtividade do trabalhador não estão aumentando, a exemplo do que ocorreu na indústria de transformação na qual ocorreu só 1,1% de aumento da produtividade entre 2001 e 2012. Mas, o salário médio dos trabalhadores subiu 169% ( em dólares).  Então, como estamos, ou melhor, como ficamos ?

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