segunda-feira, 20 de junho de 2016

Herança Cultural e Estagnação Colidem com Inovação ( Parte II )



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com

Deixei aqui neste blog um artigo com o mesmo título deste.
Tratava de assunto sobre o qual me dedico atualmente com grande interesse:
inovação. Fui contemplado com a atenção de um comentário por missivista um tanto inconformado, daí hoje voltar ao tema.
Convém transcrevê-lo para oferecer sustentação pontual ao comentário:

“O artigo poderia ter explorado melhor a questão dos desafios que a inovação provoca e que precisam ser enfrentados de uma outra forma, onde a regulação não seja tão presente e a flexibilidade dentro das salas de aula seja maior, uma vez que hoje, as fronteiras do mundo em todos os seguimentos foram rompidas com o advento e a evolução constante da tecnologia.
Nossos ministros ainda estão vivendo o padrão do modelo francês, importado pela USP, que instalou e nele se fortaleceu.
A insistência da não aceitação do novo é mais forte dentro do poder público(que “amarra” os pesquisadores nos intramuros das universidades), do que talvez do próprio setor produtivo,(que prefere comprar o que está pronto, pois o investimento é menor)já que a pesquisa precisa ter consonância com o tempo e o mundo, e não pode ficar ad eternum para ser incorporada pelo mesmo. Esse é um dos motivos do não avanço tecnológico na produção.
Estamos anos luz longe dos que “vendem” tecnologia, pois demoramos muito para entender que somente o academicismo não gera produtividade.
Veja que o próprio agente de fomento inovador (o professor), está preso a modelos ultrapassados, que não levam o educando a ter uma formação mais adequada para o hoje e o amanhã. Ou seja, não há aceite do mundo do conhecimento sem fronteiras. Obrigado”

Sublinhei no texto  o que me pareceu relevante abordar agora, especialmente quanto à educação.

A inovação na educação provoca, suscita, a utilização de tecnologias de informação e comunicação(TICs) na prática docente, requer prover os alunos com computadores, exige laboratórios de informática, cobra a substituição de aulas expositivas por trabalhos em grupo e sobretudo um trabalho em EAD, uma vez que o conhecimento não tem mais quaisquer fronteiras.

É preciso estabelecer conceito de inovação na educação superior como um conjunto de alterações que afetam pontos-chave e eixos constituintes da organização do ensino, provocadas e resultantes de mudanças na sociedade e por profundas reflexões quanto à missão da educação. Sem um norte corre-se o risco de divagar, ficar à deriva com elucubrações.

Os objetivos educacionais devem ser explicitados num consistente projeto pedagógico de curso ou de instituição, considerando as novas exigências da sociedade, passando sempre por reorganização e flexibilização curricular e assim atender as novas exigências do projeto pedagógico, bem como de novas metas educacionais. Adicione-se a isso a necessidade de constantemente propor uma reconceituação da presença de disciplinas – componentes curriculares – escolhidas em função dos objetivos formativos pretendidos, atuantes, como integradoras nas atividades curriculares e evitando com isso o isolamento e a fragmentação do conhecimento.

Ainda falta acrescentar e dar primazia à substituição de metodologias tradicionais por aquelas que alcancem os objetivos educacionais, permitindo a participação do aluno em todo o processo de aprendizagem. É tarefa árdua.

Quanto à regulação, o setor está quase exaurido por confrontos com as autoridades que insistem em transformar o processo num cipoal de normas que tira o foco administrativo das instituições, que comprometidas com a finalidade a que vieram estão constantemente absorvidas com situações periféricas de
avaliações despropositadas, senão injustas e ilegais, ao desrespeito ao Sinaes.

Ainda há muita resistência à aceitação do novo, predominante no setor público,
que desconsidera alterações decorrentes das mudanças sociais, impondo ao sistema universitário nacional uma organização de modelo francês. Senão desatualizado, inoperante frente à era pós-industrial que visa explorar novas tecnologias com a informática, atividades fora do espaço da sala de aula.

Inaceitar e recusar a substituição do professor ministrador de aulas e transmissor de informações por aquele que deve exercer a mediação pedagógica numa relação de parceria, e corresponsabilidade com seus alunos,
com trabalho em equipe é mister da atualidade. Mas isso requer revisão de infraestrutura para apoio a projetos inovadores, sobre o que, parece, o governo não quer falar.

A partir do momento que se reconhece outra grande característica da inovação, como sendo o estabelecimento de parcerias com o desenvolvimento, de fortes vínculos entre as organizações (setor produtivo/produção ) e a universidade, com linhas de cooperação sem o individualismo desses dois atores, inovação deixará de ser apenas uma palavra para se colocar como fim em si mesma. Uma consequência de ações.

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