quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O FIES no Picadeiro


                                                                                                                                   Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br

Depois das medidas empreendidas pelo MEC, via Portarias, asfixiando os envolvidos com o Fies, a mídia deitou notícias sobre o assunto, algumas abordando “em passant”, outras um pouco críticas e umas tantas nem tanto com artigos redondos, como pêssego, inclusive aveludados demais. Ou seja, não foram ao âmago das questões: econômica e educacional. Passaram a mão na cabeça do louro sem ver os desastres, de parte a parte, que estão pela frente.

Quando veremos alguém batendo de mão aberta em autoridades empoleiradas que usufruem de todo o poder da investidura e assim, desrespeitosamente, não cumprem palavras e promessas ? E são de grosso calibre como a do novo ministro da Educação, Cid Gomes, em seu discurso de posse, proferido no dia 2 de janeiro de 2015, apresentando as principais propostas para o Ministério da Educação (MEC) e .sob a égide do lema do segundo governo da presidente Dilma Rousseff – “Brasil, Pátria Educadora”, “educação prioridade das prioridades”. Bravatas. Em São Paulo o prefeito Haddad descumpre meta de lotação de sala na pré-escola  Então, não existe mais compromisso no palavreado ?

Alguém terá de chutar a porta, qualquer hora ou dia desses porque apanhar sempre tem limites e conforme a surra deixar seqüelas. Alguma dúvida que é balela isso das partes, governo e instituições de ensino particulares, empregarem a mágica palavra, utilizada sem qualquer rigor filológico,  "parceiros", quando há antagonismos evidentes ?

O clima é beligerante e belicoso, sim. Resta esperar quem vai jogar a toalha porque a tolerância findou. É uma irresponsabilidade sem igual o que estão fazendo com os jovens, como se fossem ficar jovens para sempre e aguardar que caia a ficha. Já atravessamos uma quinzena de fevereiro e com escolas iniciando o semestre letivo sem que no horizonte se tenha um raio de luz. Ou seja, continua noite no setor educacional.
Um tanto radical mas a moçada está falando que fizeram palhaçada com eles,
que se sentem como salsicha de hot-dog, a que leva mostarda na cara ou como mexilhão, único que sofre com a briga do mar com o rochedo. E está mais parecido com isso porque tudo indica que há uma queda de braço do MEC com as instituições de ensino, em tudo dificultando para que elas continuem a  abrigar os “excluídos” do ensino público, os rejeitados por falta de vagas, ou por falta de empenho, ou por falta de investimentos/verbas. Ou melhor, por falta de tudo.

Mandar técnicos do MEC verificar o que está ocorrendo com o sistema informatizado que não está permitindo ao aluno acessar o site para obter informações e interagir com os departamentos competentes é conduta de passa-moleque. Não procede. O sistema está travado intencionalmente para os novos contratos, o que não ocorre para os velhos. E isso leva ao desespero de quem deseja(va) usufruir do Programa.

A ascensão quantitativa do Fies nos últimos anos pulou de 76,2 mi em 2010 para 731,3 mil em 2014, mais do que justificando o acerto da medida/sistema do Fies e para 2015 pode(ria) se robustecer mais ainda. De se perceber que os primeiros milhares de 2010, de certa forma, deixariam de existir nas contas por pressupor-se que esgotaram os cursos em 2014, concluindo-os.

Cecília Horta e  Sólon Hormidas Caldas,ambos da diretoria da ABMES-Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior - questionam o Ministro com “...qual é a saída?”
em artigo publicado no blog da entidade (WWW.abmeseduca.com)  no dia 11 de fevereiro. Minha resposta: não tem saída, lembrando que aquilo que não tem solução, solucionado está.

Essa turbulência gerada pelas Portarias( 21-22-23),  editadas em dezembro do ano passado, como de hábito, foram baixadas nos estertores do ano, agonizante, impensada e afoitamente. Deixou-se de fazer preciosas consultas a todos os atores operadores da educação até quando e quanto as medidas poderiam ser prejudiciais ao setor. E mais, deixou-se de avaliar o impacto de conseqüências junto ao Plano Nacional de Educação, recém publicado, para não dizer que o despreparo vai a tal ponto, por ignorarem um aspecto da maior importância quando se fala em elemento temporal. Ou seja, conforme lembra Elza Berquó   “Com o envelhecimento cada vez mais acelerado da população, o país não pode deixar de aproveitar a oportunidade única e histórica de educar melhor crianças e jovens para fazer frente aos desafios do futuro.

Mas para virar vantagem, é preciso qualificar e capacitar os jovens de hoje, pois se não o fizermos estaremos desperdiçando o bônus demográfico, último das próximas décadas.”
A nota pitoresca no cenário é que o próprio MEC, de quem é a obrigação de fazer cumprir/exigir os 100 dias letivos no semestre seja ignorada ao não trazer
definições e exatidões sobre o que vai ou não acontecer com os novos contratos Fies. Um absurdo.
Então, o que fazer, o que esperar, o que devolver ?


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