sábado, 2 de fevereiro de 2013

Isso é Uma Vergonha - II


Prof. Roney Signorini
Consultor e Assessor Educacional
roney.signorini@superig.com.br


O pessoal do andar de cima tá de brincadeira, num tá não?
Ou seja, não bastava a lista de dezembro de 2012 ainda nos chegam com a lista complementar de 2013?
Afinal, a primeira era um “rascunho”, um pro memoria, uma minuta do que poderia ser a agregada de 2013, quase num sentido de vendetta? A balbúrdia foi pouca? O peixe morto ficou na soleira da porta, embrulhado em papel de feira, como a dizer que vem mais aí, fique(m) esperto(s)!?

Diriam os “manos” da favela onde presto assistência social: tá de brincadeira? É sacaneio. O linguajar pode parecer irônico e até chulo, grosseiro, baixo e rude, mas tem outro jeito de tratar o assunto? Quanto ao assunto, não é possível lambuzar o rosto com pó de arroz.
Quantas vagas mais serão golpeadas impedindo vestibulares?
Ou seja, o MEC está pedindo, solicitando que saiamos novamente às ruas com a expressão muito ao gosto do PT: unissez-vous, universitaires, allons enfants, marchons.

A lista publicada na terça-feira (8 de janeiro) é au grand complet da insensatez, melhor terem ficado como cobra na muda: quietíssima, esperando o calor agir para a troca da pele.
Como disse em artigo anterior, as IES que estivessem no limbo, por décimos, “por justiça equânime” também sucumbiriam no tilintar dos aços das espadas. Muito ao gosto das hordas tiranas, que arremessam suas infantarias cruelmente sem medir consequências do desastre.
E não estou falando de resultados para as mantenças educacionais, não só, mas sobretudo para os ingressantes que são milhares nos cursos condenados, com as vagas sobrestadas e extintas no cenário universitário nacional.
Como justificar que um Centro Federal de Educação com quatro cursos, seis Centros Universitários privados com seis cursos, cinco Institutos Federais de Educação com 11 cursos, três unidades das PUCs com 11 cursos, uma universidade privada, três Fundações Universidades Federais com três cursos e uma Universidade Federal fossem atingidas? E não se está sequer questionando os resultados/consequências da avaliação. A pergunta que não cala é como se deixou que elas todas entrassem nesse espaço abissal? Desídia, incúria, negligência de quem? Não se impeçam os vestibulares/vagas, mas urgentemente destituam-se os Reitores e companhias belas. Capisci? Alguma outra sugestão, caro leitor?

Quanto aos cursos, o desterro nacional: engenharias de controle e automação, elétrica, de produção, eletrônica, mecânica, redes de computadores, arquitetura e urbanismo, saneamento ambiental, automação industrial, química, geografias, física, análise e desenvolvimento de sistemas, manutenção industrial, ciências biologias, sociais, etc. etc.
Não é de dar dó na rapaziada? É só lembrar o episódio da Escola Base em São Paulo, que fechou por absoluta impossibilidade de se reerguer, acrescentando-se que o problema não é só dos ingressantes, mas dos que estão em curso e levarão a mácula no diploma de serem egressos de um curso condenado. E não? Quem viver verá o final.
Meus pêsames, coveiros do infortúnio, mas a coisa não para por aí.
É o caso de brasileiros irem às ruas e praças, elas sem soutien e eles sem cuecas para demonstrar a absoluta falta de responsabilidade, incoerência,injustiça e quetais. O ProUni ofereceu para mais de 1 milhão de candidatos vagas em cursos reprovados pelo MEC em dezembro. Ou seja, os cursos foram impedidos de ofertarem vestibulares em 2013 mas constam da possibilidade operativa em 2013? Meus Deus, dai-me paciência.

E mais, 40% das 2.566 graduações com notas insatisfatórias nas avaliações integram a relação de cursos disponíveis aos alunos.
No total, são 1.044 graduações com menções baixas e algumas chegam a oferecer mais de 100 vagas. Opa, tem gato na tuba da banda marcial. O leitor está com a palavra.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Avaliação da Avaliação da Educação

Prof. Roney Signorini
Consultor e Assessor Educacional
roney.signorini@superig.com.br


Gabriel M. Rodrigues é bem conhecido e considerado por muitos méritos no setor educacional. Dentre tantos, foi o pioneiro na fundação de uma Faculdade de Turismo.
É um autêntico gentleman, um aristocrata, um príncipe, talvez austríaco, que tenha estudado na Inglaterra com a obrigação/responsabilidade de responder ao desafeto com uma luva de pelica. Como o homem é o estilo, frase atribuída a Georges-Louis Leclerc, Comte de Buffon, no seu Discours sur le style ("Le style c'est l'homme même"), é dar-lhe asas.

Não é o caso de muitos do setor que gostam bastante de limão, acidez e soda cáustica, também estes com razão..

O tema da avaliação vem sendo discutido, tratado, abordado de há muito, talvez iniciado na gestão de Paulo Renato, que contava com a eficiência de Maria Helena Guimarães.
Depois se seguiram outras pessoas no Ministério, que não eram/são do ramo.
Por incrível, aqui aparece o feitiço virou contra o feiticeiro, pois o professor tem duas ocupações sob uma maneira simplista de ver: lecionar e avaliar. Para o ser humano, existe avaliação desde o nascimento até a morte. Na formação educacional, do fundamental ao fim da universidade, é certo que tenha havido prováveis 100 avaliações, inclusa prova, 2ª. chamada, substitutiva, exame, etc. etc.

Agora, Gabriel Rodrigues desce a rampa do tobogã aquático analisando o cenário avaliativo universitário sem dar nenhum tiro, uma estilingada sequer contra ninguém.
A questão, como disse o prof. Gabriel, não é a avaliação em si, mas as regras, a regulação do setor, a necessária exclusão de técnicos e burocratas (que não são poucos atualmente no MEC), que cresceram além da conta, sentadinhos nos cantos, disfarçados de estatísticos, atuariais e matemáticos entendidos das teorias do grande Johann Carl Friedrich Gauss (1777 – 1855), matemático alemão e cientista físico que contribuiu com a teoria dos números, estatística, análise, geometria diferencial, geodésica, geofísica, astronomia e óptica. Outro príncipe, este da matemática.

Antes, essa gente precisa ser do ramo, gente do chão das salas de aula, de direção e de coordenação de cursos, para saber onde estão as melhores escolas: aquelas cujos egressos alcançam o mercado de trabalho. Ou seja, escolas dignas desse nome. As IES impossibilitadas que se autofechem porque a avaliação não é para qualquer uma. É a mesmíssima coisa que acontece na realidade dos campi: entrar é fácil, mas sair às vezes é impossível. Vale também para as IES autorizadas a funcionar.

A suavidade da mão de prof. Gabriel chega a ser inaceitável, pois desde Tarso Genro, Haddad até Mercadante as IES só têm levado tapa na cara, de mão aberta. Assim, é intolerável que, com tanta contribuição das IES à educação nacional, sejam expostas suas feridas internas, tratáveis com qualquer AAS, provocando podridão de peles e tecidos internos, porque o poder público veio para referendar Átila, cujos cavalos onde passassem nunca mais crescia grama.
Esse parece o propósito, quando 80% da oferta de cursos universitários está nas mãos das particulares. Simplesmente porque o poder público abandonou o barco de há muito?
Aliás, se contar lá fora ninguém acredita: o próprio governo reprovou várias instituições federais nos resultados do último ENADE, negando-lhes a realização de vestibulares. Ou seja, a incompetência é tanta que não arrumam nem a própria casa.