segunda-feira, 20 de junho de 2016

Criatividade ao seu dispor



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com

"É melhor três horas adiantado que um minuto atrasado".
Shakespeare

Avoluma-se a literatura sobre criatividade e a cada dia outros enfoques, novos enfoques colocando leitores da mídia diária ou de livros, temas multifacetados sobre o assunto.
Neste mesmo espaço já desfilaram excelentes contribuições mostrando alto grau de visitação aos artigos embora nem todos falassem especialmente de criatividade no mundo da educação.
Iniciativas isoladas pelo país são exercidas muita timidamente, sem um norte magnético a orientar os desejosos do conhecimento ou à prática nas suas searas, essa que se tornou o grande diferencial, a novidade pouco explorada por estas terras.
No mundo todo o tema domina as rodas populares até as mais intelectualizadas, e não é de hoje.

Estudos recentes examinaram a extensão em que diferentes aspectos relativos à criatividade têm sido estimulados no contexto universitário, bem como a percepção, por parte de universitários, do nível de sua criatividade, de  seus colegas e professores. Centenas de estudantes de universidades pública e particular  participaram de um estudo, respondendo a um inventário de incentivo à criatividade. Os resultados apontam o pouco  incentivo a distintos aspectos da criatividade por parte de professores universitários, observando-se também que os universitários julgaram-se e a seus colegas como significativamente mais criativos do que os seus professores. Por conseqüência tudo aponta para a necessidade de maior atenção à expressão da criatividade no contexto
universitário.

Uma análise das pesquisas sobre criatividade no contexto educacional indica que a grande
maioria dos estudos tem sido realizada com amostras de professores e alunos do primeiro grau e em  menor escala com alunos do segundo grau, existindo uma enorme carência de pesquisas nesta  área com amostras de estudantes/professores universitários. Os estudos no  contexto universitário têm se restringido sobretudo à investigação de métodos e técnicas voltados  para o desenvolvimento de habilidades criativas mas não saem disso:
(a) os efeitos de um programa semestral na estimulação deliberada da criatividade;
(b) os efeitos nas habilidades criativas de um curso programado, utilizado independentemente
      ou com instrutores;
(c) a efetividade de diferentes estratégias de resolução criativa de problemas.

Há ainda alguns poucos estudos apontando a necessidade de se cultivar as habilidades  criativas de universitários para chamar a  atenção para a relevância da criatividade no contexto universitário e apontar maneiras de cultivá-la.
Nesse particular, várias questões  são discutidas especialmente com relação ao conhecimento e desenvolvimento do potencial para o trabalho criativo e maneiras de se facilitar a expressão da energia criativa do universitário.

Pesquisas relativas à extensão em que as habilidades criativas de estudantes universitários têm sido estimuladas pelo sistema e a percepção que os estudantes universitários têm de suas próprias habilidades criativas, de seus colegas e professores não são encontradas em termos de aplicabilidade.

O que tem sido mais destacado na literatura é a responsabilidade da educação no desenvolvimento das habilidades criativas em todos os níveis de ensino, bem como a necessidade de um planejamento deliberado pelo sistema educacional para a aplicação de tais  habilidades. Mas, também não saímos de hipóteses e idéias sem uma realidade concreta de implantação. Ações, por assim dizer. Somos useiros em não ir pra frente. Por hábito e cultura aguardamos que alguém experimente antes. Depois copiamos, ou não.

 No Brasil, também ressalta o pouco incentivo à criatividade na universidade. É no terceiro grau onde menos ou nada se fala e pensa em criatividade. Excetuando-se as escolas e/ou departamentos de artes, parece que os demais professores têm muito mais o que fazer do que se preocupar com a imaginação, fantasia e criação, lembrando que é necessário que o professor universitário ultrapasse o papel de conservador e transmissor, para o de inovador, produtor, criador.  Difícil ou impossível dada a impermeabilidade do corporativismo com o qual se espera “sucesso” mundial(?).

Chama a atenção o fato de que, de modo  geral, os estudantes universitários consideram que há pouco incentivo a distintos aspectos da criatividade por parte de seus professores. Tais resultados também chamam a atenção para o baixo interesse pelo desenvolvimento  da criatividade por parte do corpo docente universitário. Novamente a negativa do avanço mas a permanência , a reação e oposição à zona de conforto.

Por outro lado, na universidade, a tendência é dar maior incentivo ao estudo independente, a exigir do aluno maior iniciativa, a se fazer uso de formas de avaliação que não aquelas que exigem apenas a reprodução do conteúdo dado em classe ou contido nos livros-textos, aspecto este mais evidente para os alunos dos primeiros semestres de sua formação universitária.

Não se pode esperar diferentes resultados à escala de incentivo à criatividade entre estudantes da área de Exatas e Humanas

Uma constatação é certa: se o indivíduo se percebe e se avalia como competente, capaz e criativo, ele tende a ter mais confiança em expressar idéias e em exibir comportamento criativo. Por outro lado, se o indivíduo se percebe como incapaz e não criativo, esta percepção irá refletir em suas ações, limitando as possibilidades de uma expressão mais plena de seu potencial e talento.

Na minha trajetória educacional, o fato que sempre observei e destaco é que os universitários percebem, de modo geral, os seus professores como pouco ou muito pouco criativos, é pouca a ênfase que se dá à criatividade por parte dos professores universitários. Estes estariam mais preocupados com o seu papel de transmissor de informação, a perseguir um conteúdo programático “pré” do que a fazer brotar sua criatividade pessoal. Assim, “allons enfant” com o cálcio e o gesso do encamisamento. Triste !

Consideramos de relevância maior, neste início de milênio, que o professor universitário
esteja mais atento ao desenvolvimento da capacidade do futuro profissional de pensar de forma criativa e inovadora, algo indispensável neste momento da História marcado pela mudança, pela incerteza, por um progresso sem precedentes, e por uma necessidade permanente do exercício da própria capacidade de pensar. Isto indubitavelmente está a exigir novas práticas de ensino, constituindo-se no desafio aos educadores de passarem a exercer o papel de catalisadores do potencial criativo de cada aluno. Esta nova postura certamente resultaria em um menor desperdício de talento e potencial humano, como vem ocorrendo em conseqüência das possibilidades limitadas oferecidas ao desenvolvimento e expressão da criatividade no ambiente universitário. Mas... de onde, como, quando? A pergunta que não tem resposta é quanto a universidade vem contribuindo para a solução da adoção de inovação e criatividade como uma saída para escapar da crise.

Todas essas considerações podem se perder no horizonte diário, habitual e costumeiro dos fazeres escolares, no recinto dedicado ao aprendizado se de ponta a ponta não se apropriar das necessidades urgenciais que nos batem à porta da planetização.

O brilhante publicitário Nizan Guanaes tem opinião própria sobre o dual “crise e criatividade:”
“A crise não diminui a criatividade das pessoas, aumenta. A dificuldade sempre foi a mãe da invenção.  As coisas estão sempre evoluindo. Mas agora evoluem mais rápido. A reinvenção empresarial e humana deve ser permanente. O que impulsiona a economia de mercado é a competição, e toda empresa precisa responder às mudanças do mercado para seguir viva e competitiva.” Digo eu, criativamente.
As vendas podem ter diminuído, o crédito pode ter sumido, o caixa pode estar estressado. Mas tem algo que segue disponível e até estimulado pelo ambiente: a criatividade humana. É hora de acessá-la. Sairá melhor da crise quem souber usar o tempo da crise para evoluir.

Ter ideias inovadoras em meio a um ambiente estressante pode ser complicado, mas com algumas dicas é possível superar os obstáculos.
Inovação é um termo cada vez mais valorizado no ambiente de trabalho, afinal diante de um mercado competitivo em que, apesar de extenso planejamento, aparecem imprevistos, é necessário pensar em soluções rápidas e criativas para restabelecer vantagens e conquistar resultados positivos.
Em momentos de estresse e pressão, é comum se encontrar dificuldades num processo de brainstorming  e ser inovador é exigência até mesmo nos momentos de crise.

Algumas sugestões podem driblar condições:
1 – Encarar os problemas como oportunidades
É claro que, durante períodos de inquietação e nervosismo, torna-se mais fácil identificar mais problemas do que saídas. Porém, vetar todas as ideias sugeridas só porque elas não se encaixam perfeitamente na atual conjuntura pode impossibilitar a resolução destas questões. Por isso, em vez de dizer “não” logo de cara, tente imaginar o que seria necessário fazer para que esse plano dê certo e, assim, refletir sobre a viabilidade de implantá-la. Encarando desta forma, o que antes era um empecilho pode se tornar uma oportunidade.
2 – Pensar sobre o que se tem à disposição
Não tente encontrar soluções apenas utilizando os bens que já lhe pertencem. Amplie o seu leque de possibilidades e considere outros artifícios que  podem ser acessados. Sejam programas, projetos ou até mesmo pessoas com as quais já se trabalhou, estes são os elementos que podem fazer a diferença tanto no momento de reflexão quanto na própria execução das ideias.
3 – Desafiar-se
A princípio, pode parecer uma má ideia, uma vez que você já está num contexto bastante enervante no trabalho. Porém, ao propor questões aparentemente impossíveis, você obriga sua mente a pensar fora dos padrões justamente porque eles mexem com suas ambições de crescimento e sucesso profissional, ou seja, você se vê motivado a atingir seus objetivos. Por isso, não hesite em se desafiar para resolver problemas corporativos.
 4 – Estabeleça limites
Às vezes, ter muito tempo e recursos prejudicam a qualidade do brainstorming nessas situações. Quando perceber que este é o caso, proponha prazos e outros limites que possam servir como motivação para si e seus colegas tomarem estas decisões e apresentarem resultados. Ao se sentir muito pressionado, pode-se estabelecer essas barreiras criando uma rotina, isto é, todo dia, durante alguns minutos, parar e pensar sobre o assunto. Estas medidas, embora pareçam, no primeiro momento, pouco eficientes, podem trazer progresso mais rapidamente.

A Importância da Criatividade na educação em todos os níveis



As pessoas têm medo das mudanças.
Eu tenho medo que as coisas nunca mudem.
Chico Buarque de Hollanda

Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com

Vivemos um momento sem igual na história da humanidade, com mudanças acontecendo em ritmo muito acelerado, com grande avanços tecnológicos.

A nova sociedade, deste século, a do conhecimento, é marcada especialmente por transformações estruturais que levaram a mudanças significativas das formas sociais, bem como ao surgimento de uma nova cultura. Dentre as principais mudanças requeridas pela atualidade estão aquelas referentes à maior produtividade, originada da inovação, e à competitividade.
Por essa razão, mais do que nunca, cultiva-se o interesse pelas capacidades inovadoras do homem, o que justifica o aumento das pesquisas sobre criatividade.

Desde então a criatividade passou a ser investigada por número crescente de pesquisadores e três deles se destacaram com seus modelos: a Teoria de Investimento em Criatividade de Sternberg, o Modelo Componencial de Criatividade de Amabile e a Perspectiva de Sistemas de Csikszentmihalyi.

De algum tempo para cá, a escola passou a ser considerada como um conjunto ativo que interfere no desenvolvimento da criatividade dos indivíduos. Isso motivou revisões  das práticas educacionais e propostos programas de treinamento e estimulação da criatividade. Assim, o docente é elemento chave para facilitar o desenvolvimento do potencial criador dos alunos. Mas  a escola precisa ser um espaço que cultive e valorize as ideias originais de seus educadores, oportunizando o desenvolvimento e o desabrochar de habilidades que muitas vezes esse profissional não sabe possuir.

O desenvolvimento da criatividade na educação passa necessariamente pelo nível da criatividade dos profissionais que nela se encontram. Para favorecer o desenvolvimento da criatividade dos alunos, é importante contar com professores motivados a utilizar práticas pedagógicas criativas; educadores assim motivados servirão de modelo e estímulo ao desenvolvimento do potencial criador de seus alunos. Só a escola pode influenciar no desenvolvimento da capacidade inovadora e criativa dos jovens.

No entanto, é imperativo observar a necessidade do cultivo de atitudes e habilidades criativas desde a educação infantil até a universidade, conscientizando-se o professor sobre a importância de incluir em seu planejamento objetivos que visem potencializar a criatividade de seus alunos.

Sobre a importância do desenvolvimento da criatividade no contexto escolar,  com as mais diferentes faixas etárias, fica claro como sendo o maior desafio para a escola o despertar dos professores para suas próprias dificuldades em desenvolver estratégias de ensino mais adequadas. Tais dificuldades estariam ligadas ao despreparo do professor, em virtude de falhas em sua formação e à existência de barreiras pessoais internas que o impedem de ousar e utilizar estratégias inovadoras em sua prática.

Dentre as barreiras à criatividade foram apresentadas algumas relacionadas à formação e atuação do professor, como, por exemplo, o ensino tradicional e conteudista que receberam em sua formação, o desconhecimento do tema criatividade, a ausência de atualização e o ensino excessivamente teórico praticado nos cursos de formação de professores.

As barreiras de ordem pessoal para o desenvolvimento da criatividade, tais como o medo de errar, de fracassar e da crítica, são as mais presentes
mais enfatizadas pelos profissionais. Já com relação a barreiras de ordem social, a falta de tempo apareceu como principal impedimento à expressão da criatividade dos educadores, além do excesso de conteúdo a ser ministrado e a falta de apoio por parte da direção da escola.
Ressalte-se que como facilitadores da expressão criativa docente foram evidenciadas a liberdade e a paixão pelo trabalho, e, como aspecto limitador, foi ressaltada a falta de habilidade dos professores no relacionamento com os alunos, inclusive  quanto ao número de alunos em sala e a dificuldade de aprendizagem dos mesmos.

Fica claro, também que a influência do ambiente sobre a criatividade, destaca a importância da família, da escola e do trabalho e deve-se atribuir grande importância a esses ambientes como de papel chave na expressão criativa dos indivíduos.

Adicionalmente, o educador deve dispor de diversas e diferenciadas estratégias de ensino. Ressalta-se que a efetiva participação dos alunos em sala depende de diferentes fatores, tais como: o tipo de conteúdo, a natureza da atividade e seu nível de complexidade, a possibilidade de optar por uma atividade ou fazer escolhas durante sua realização, os materiais de recurso ou apoio, as regras de funcionamento da aula e aspectos ligados à atuação do professor no desenvolvimento das aulas.

O desenvolvimento da prática educativa, que vise ao papel ativo do aluno ao longo de seu processo de aprendizagem, seguramente contribui para o desenvolvimento da criatividade. Dessa forma, criar um ambiente de aprendizagem estimulador da participação individual e coletiva proporciona momentos privilegiados de interação entre os sujeitos, com trocas de experiências e de soluções de problemas, capazes de favorecer o desenvolvimento do potencial criador.
Edileusa Borges Porto OLIVEIRA e Eunice Maria Lima Soriano de ALENCAR publicaram na Revista de Estudos de Psicologia (outubro – dezembro 2012)
Excelente trabalho sobre a Importância da criatividade na escola e no trabalho docente segundo coordenadores pedagógicos.
Dele extraímos o trecho abaixo:
“A criatividade é um elemento constantemente citado no discurso de instituições dos mais diferentes segmentos, principalmente na área educacional. Tanto isso é veiculado no dia a dia da mídia, dos ambientes sociais e de trabalho, que tal aspecto foi considerado como critério na escolha das escolas onde os coordenadores pedagógicos foram procurados e convidados a participar deste estudo. Por essa razão, considerou-se relevante investigar o grau de importância atribuído por esses profissionais ao desenvolvimento/expressão da criatividade no contexto escolar de maneira geral e também no trabalho docente.
Na percepção dos entrevistados, a criatividade deve estar presente no ambiente escolar, principalmente, por favorecer o trabalho pedagógico. No entanto, entendeu-se, a partir dos relatos dos coordenadores, que ela estaria condicionada a aspectos tais como acontecer de forma intencional, ou seja, estar no planejamento dos professores e com propósitos bem definidos, bem como haver recursos materiais e espaço para que ela possa ocorrer.”

Pesquisas recentes na área da criatividade realizadas com profissionais da educação (Godinho, 2008; Oliveira, 2007; Oliveira & Alencar, 2007; Silva, 2007) têm destacado que, quando a criatividade é trabalhada na escola, geralmente isso não ocorre de forma intencional, devido principalmente ao desconhecimento sobre esse fenômeno por parte de diretores, coordenadores, orientadores e professores. Assim sendo, é relevante destacar que, mesmo que esses profissionais tentem desenvolver no contexto escolar práticas que estimulem o pensamento criativo, enquanto não houver um investimento em sua formação (inicial e continuada) com relação à importância dos aspectos cognitivos, conativos e ambientais no desenvolvimento da criatividade (Lubart, 2007), a escola continuará não trabalhando as habilidades criativas ou o fará de forma intuitiva e despreparada, sem conseguir atender à crescente demanda da sociedade por indivíduos mais criativos e que saibam enfrentar os constantes desafios dos dias atuais.

Edileusa & Soriano continuam:
“Corroborando essas ideias, Martínez (2006b) acrescenta que os docentes em geral tendem a reproduzir no trabalho o que vivenciaram em sua vida escolar e, mais ainda, recebem em sua formação receitas, normalmente implícitas, sobre o que é ser professor e como ensinar, o que nada ou pouco tem a ver com a criatividade. Chama atenção também para o fato de conteúdos e atividades estimuladores da criatividade no trabalho pedagógico praticamente inexistirem nos currículos dos cursos de formação de professores.

Por outro lado, é válido levantar o seguinte questionamento: será que a disponibilidade de diversificados recursos tecnológicos e materiais pode garantir que eles serão utilizados de forma criativa? Na visão de Martínez (2006b), existe na escola uma tendência em introduzir coisas novas em sala de aula sem haver, no entanto, uma preocupação com os reais efeitos que elas podem produzir na aprendizagem e no desenvolvimento dos alunos. Essa autora assinala que de nada adianta uma diversidade de dinâmicas e jogos utilizados em sala de aula se eles possuem objetivos em si mesmos, não são integrados a outros elementos do trabalho pedagógico e não se apresentam acompanhados de interesses reais voltados ao incremento dos níveis de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.”

O presente artigo que deixamos neste blog se justifica pela Importância da criatividade no trabalho docente quando constata-se que todos os coordenadores consideraram importante a criatividade no trabalho docente. Para justificar a resposta, eles apresentaram motivos associados ao aluno (64,3%), argumentando que a atuação criativa do professor faz com que os alunos fiquem mais interessados e os ajuda a dar mais significado ao conhecimento, facilitando a aprendizagem; que os professores precisam ser criativos, pois os alunos de hoje não aceitam um ensino repetitivo; e que o professor precisa saber lidar com as mudanças e atender às necessidades dos alunos. A criatividade no trabalho docente também foi relacionada ao desenvolvimento do próprio professor (35,7%), sendo destacados aspectos como flexibilidade, disponibilidade para aprender e fazer, atenção às mudanças e percepção de formas diferenciadas de ensinar e aprender.

De todo o exposto, lamentável mesmo é o fato de o poder público não incentivar, sugerir e até mesmo impor a obrigatoriedade da aplicação de normas obrigando a oferta de preocupações criativas, seja com carga horária específica, seja em qual período do percurso escolar para todos os operadores da educação, de ponta a ponta, sobretudo nas licenciaturas e pedagogia.
Está aí um “gap” preocupante na educação nacional cuja proposta e solução estão mais do que atrasadas.

Assim, de secretário em secretário, municipal ou estadual da educação vamos nos arrastando sem o novo. Quanto ao MEC, então, nada a dizer, só preocupado com regulação e condenações, ignorando os reclamos que se arrastam pedindo justiça. Do inconformismo se chega à revolta.

Embora estejamos de acordo quanto à importância da criatividade no contexto escolar e em especial no trabalho docente, são vários os desafios enfrentados no processo de fazer com que a criatividade esteja de fato presente no ambiente da escola. Um desses desafios é a própria formação tanto do coordenador quanto dos professores: ambos, de modo geral, pouco conhecem a respeito de ambientes de aprendizagem, ensino e
avaliação que contribuam para que os alunos tomem consciência de seu potencial para criar, ou onde desenvolvam e expressem sua criatividade.

Edileusa & Soriano concluem com uma assertiva lapidar:
“Embora o fomento da criatividade usualmente esteja presente no projeto pedagógico da escola, é raro uma cultura institucional que a valorize
de fato e possibilite sua expressão. De modo geral, não tem sido uma prática do coordenador pedagógico encorajar os professores a experimentarem novas práticas pedagógicas, oferecer-lhes amplas oportunidades de compartilhar experiências de ensino criativo bem sucedidas, facilitar-lhes o acesso a informações sobre como promover a criatividade na vida pessoal e profissional.”






Atraso e Estagnação Colidem com Inovação



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com

Nada é mais pertencente, como conteúdo e continente, do que inovação em educação, sem a qual o conhecimento perece e fenece.

Enquanto muitos anseios não passam de ilusões travestidas de perspectivas, é imperativo saber que o ponto terminal das ilusões será sempre a decepção. Para os crédulos, dominados por esperanças,  mas não para os céticos, a inovação decorre de discursos,  mas não de efetivas iniciativas da conversão de pesquisa em resultados, precípuos.
Buscando um socorro em Houaiss:
Inovador : tornar novo; renovar, restaurar, que ou o que inova; novador.
Inovar : introduzir novidade; fazer algo como não era feito antes.
Inovação : ação ou efeito de inovar; aquilo que é novo, coisa nova, novidade;
qualquer elemento ou construção que surge numa língua, e que não havia numa fase mais antiga ou na língua-mãe ( o neologismo )

Assim, a provocação léxica ou semântica é perturbadora a identificar-se o que de novo realmente existe na progressão histórica nas ações educativas dos séculos.
Em seu discurso de posse como ministro da Educação, que ora está deixando a pasta, disse: "Devemos nos contentar com programas incrementais ou devemos ousar, inovar e dar salto de qualidade? Temos de dar o salto. A hora é agora".
Dois anos depois, de fato, restaram programas incrementais e melhoria na execução de projetos, porém herdados. Não houve ações estruturantes que atacassem os grandes gargalos, como a baixa qualidade do ensino médio ou a baixa atratividade do magistério. Foi um “copia e cola” em muitas das ações dos antecessores.

Conforme Rogério Cerqueira Leite, “A partir do surgimento, talvez em Bolonha (Itália), a instituição que hoje chamamos de universidade teve uma missão monolítica: gerar e difundir conhecimento. Embora ainda haja equívocos quanto à sua missão, um grande progresso foi alcançado quanto à compreensão da sua importância para a civilização.
Após anos de proselitismo, parece que algumas verdades finalmente se tornaram autoevidentes. Hoje todos reconhecem que sem capacitação tecnológica não há desenvolvimento econômico e que sem atividade de pesquisa em ciência não há inovação. Por conclusão, sem universidades de qualidade não há desenvolvimento econômico e social. “


Se inovação é o mote do dia, busquemos mais com as colocações a seguir.
O que precisamos fazer para sair do imobilismo ?
Imobilismo é medo. Medo dos desafios pois acostumou-se às zonas de conforto nas décadas de 80-90 e até 2000. Senão também, incapacitados de pensar em caminhos diferentes, criar alternativas, ter ideias que inovem e gerem resultados. Com tais bloqueios perde-se grandes oportunidades.

Conforme Marcos Cintra, “no Brasil não temos a cultura de desinibir a capacidade criativa pois as regras sociais são restritivas, como o medo de errar, que destacam a concordância e a acomodação, em vez da ousadia e da descoberta pelo novo.”

Ultimamente, a mídia resolveu adotar a pauta da inovação tecnológica estabelecendo um colar de tags,  preponderando as palavras investimento, tecnologia e empreendedorismo, consagrando a esse tripé a condição de sustentação da evolução, da inovação e de forças capazes de alavancar o futuro nacional.

É preciso pensar diferente:  inovação é sobretudo criar ideias que geram resultados. Refletir sobre a capacidade inovadora, potencial inerente a todo ser humano,  é oportunidade para destacar a criatividade que precisa somente ser provocada para se manifestar. Estas são, dentre outras, as condições para um processo criativo desenvolvido no CPSI_Creative Problem Solving Institute, fundação ligada à universidade de Bufallo.  Ali, por mais de 30 anos, aplica-se no mundo corporativo uma metodologia permissionária de incontáveis soluções criativas e a identificação de oportunidades de negócios. É a busca pela inovação como diferencial competitivo.

O mundo é movido pelas ideias, consequência da capacidade criativa das pessoas que podem ou não gerar inovação. Ideias, criatividade e inovação mudam o mundo.
Onde e quando nasce uma (nova)ideia ?
Quem vende e quem compra a (nova)ideia ?
Quanto custa uma (nova)ideia ?

Empresas desconhecem que a pesquisa em universidade é alternativa para agregarem tecnologia  em produtos e processos, daí a ausência de investimentos na área educacional.
Como tudo que é grande começa pequeno, à escola urge empregar muitas forças para o estímulo da pesquisa, a partir das tradicionais Semana de Ciências, Iniciação Científica, Projetos Experimentais, etc. etc., com grande possibilidade de desaguar nas pós-graduações que hoje, embora com números expressivos, ainda não atende a inovação tecnológica diante da timidez de nossas empresas, para as quais, parece, é mais barato comprar pronto.
Temos uma produção científica apreciável, perto de 10 mil por ano, de mestres e doutores, permitindo a 12a. posição mundial, mas, a maioria continua nas universidades e não na indústria, onde poderiam servir de alavanca desenvolvimentista.

Pesquisa  & Desenvolvimento(P & D).
Apenas 8 empresas nacionais(Vale, Petrobras, Embraer, Totvs, CPFL Energia, WEG, Brasken e Itautec)  estão no seleto grupo de 2 mil de capital aberto que mais investiram em P&D no ano de 2012. Destaque-se, entretanto, que atuam muito pela “inovação aberta”, ou seja, concorrentes querendo desenvolver algum tipo de tecnologia mais básica, em conjunto, compartilhando resultados.
Quanto à “inovação de ruptura”, a que quebra paradigmas estabelecidos, está relacionada à criação de produtos e processos, voltadas para o futuro,  quando a empresa pode mais facilmente criar algo de fato novo no campo de atuação.
A grande realidade, porém, é que para boa parte das empresas nacionais
falta um olhar para fora e com isso dar sustentação aos investimentos em P&D e assim enxergar as condições competitivas. O ruim é que só inovam quando estão perdendo mercado ou porque têm custo de produção mais alto.