segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Quem Vai Pagar a Conta?

Prof. Roney Signorini
Consultor Educacional
roneysignorini@ig.com.br


Na sexta-feira, 21, acordamos com o noticiário educacional informando sobre o aumento da carga horária diária na educação básica (fundamental e médio), que pode passar de quatro para cinco horas.

Desnecessário dizer que alguém terá de pagar essa conta, nas públicas e nas privadas. Na área educacional há modalidades diferenciadas de relações trabalhistas: o mensalista, o aulista, o horista, etc.

Assim, subir a carga de 800 horas em 200 dias letivos para 1.000 horas, ou seja, um acréscimo de 25% poderá encarecer essa prestação de serviço diretamente ao Estado e no bolso dos pais.

Tal aditivo de uma hora nas atividades escolares levará as administrações escolares a injetar meia hora antes do horário regular e a outra meia hora após o horário que vinha terminando, ou a hora cheia será anexada antes, por exemplo, a partir das sete horas? Quem sabe colocada após as 12, assim chegando o expediente até às 13 horas?

Pela frente vislumbram-se convulsões, revoluções, embates, discussões que estarão antes e após as salas de aulas.

Nas capitais, com trânsito já assoberbado e sobrando pelo ladrão, a coisa vai ficar pior.
Os custos administrativos das escolas vão subir de tal forma que o repasse é mais do que lógico, restando saber a que proporção. Do servente ao faxineiro, dos operadores das secretarias ao pessoal da segurança e, é claro, a massa docente.

Os cantineiros vão soltar rojões, pois qual criança fica sem comer por cinco horas?
As merendas nas públicas precisarão ser reforçadas, e como.
No tocante aos conteúdos das disciplinas, vão sobrar tapas e bofetões nas nem sempre pacíficas reuniões pedagógicas, agora estimuladas por vai tirar de onde, vai colocar onde, ou melhor, vai agregar o quê?

Mexer com conteúdos é mister muito delicado, pois é possível manter os tradicionais, só alongando a proposta, lembrando o exemplo do pé pequeno em sapato grande ou vice-versa. Ou seja, um conteúdo que exige(ia) 4 horas de aulas pode com mais folga ser colocado em 8 ou mais horas, mais devagar com o andor. Como se vê, não se tratará de agregar novos e mais conhecimentos, novamente caindo na vala do jeitinho brasileiro.

As lições, exercícios, tarefas e deveres de casa, para otimização do horário, poderão muito bem passar a ser feitos nas salas, para justificar o adicional de uma hora. É o ideal?
A discussão foi lançada mês passado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, dias depois de os resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) mostrarem que diminuiu a proporção de escolas públicas entre as tops do país. É o que afirma o jornalista Fábio Takahashi, da Folha de S.Paulo.

O que fica um tanto difícil de entender é que a educação básica, digamos, a partir da década de 50 e até recentemente, tinha onze anos (4 de primário, mais 4 de ginásio (ou 8 de ensino fundamental) e mais 3 de colegial (ou ensino médio)). Resolveu-se, então, adicionar mais um ano ao fundamental e nem assim encontrou-se solução. A expansão de cargas horárias é a saída ou também passa por melhores e maiores competências docentes nas salas de aulas, de modo, aí sim, a avaliar o desempenho do alunado com efetiva avaliação desses docentes?

Um jogo de futebol nos permite uma análise de carga horária, pois a contenda ocorre em regulamentares 90 minutos. Eventual prorrogação busca completar o tempo em decorrência de paralisações. Entre pernas-de-pau nem com quatro horas de jogo vai ocorrer gol.


Se aconteceram gols ou não, a história é outra e assim devemos voltar os olhares para as competências dos jogadores. O que é que o relógio/tempo tem a ver com isso?

A disciplina e sua carga horária
Fixada para ter 40 horas/aulas-semestrais e abrigar os conteúdos previamente estabelecidos, a oferta de uma disciplina de curso, à razão de 2 horas/aula-semana transcorre durante 20 semanas (ou 100 dias letivos). Divirta-se fazendo outros cálculos, com 4horas/aula e 40 semanas (200 dias letivos).

Considerando os números abaixo, na hipótese de o início da aula acontecer com 5-10-15 ou 20 minutos de atraso, bem como se finalizada com iguais 5 ou mais minutos antes do término regulamentar, tem-se resultados desastrosos.

Na Tabela, usando o indicador mais radical, suprimindo-se 20 minutos de cada aula/encontro que deve ter 100 minutos, ao longo de 20 semanas, na disciplina programada para carga de 40 hs/aulas/semestrais, restarão 32 hs/aula porque os atrasos representam 400 minutos (que é igual a 8 hs/aula).

Ao considerar também alguns acidentes de percurso como feriado, falta de energia, greve de transportes, enchentes ou questões de saúde, etc., adicionem-se outros tantos encontros perdidos, chegando facilmente a umas otimistas 24 a 28 horas daquelas que deveriam ser 40 hs/aula.

O exemplo adotou uma única disciplina semestral, mas o aluno tem em média 5 a 6 disciplinas nesse período, totalizando 40 a 48 disciplinas durante um curso de 8 semestres (4 anos). É realmente fatal para a educação e inteligência nacionais a incidência dessa perda, que pode subtrair até 800 horas de um currículo. Tomando como exemplo um curso programado para uma carga total de 3.200 horas, significa 25% de aula/conhecimento não dado e não aprendido.

Se a pontualidade de horário fosse cumprida plenamente, nossos jovens, com certeza, estariam se formando com mais competências.



quinta-feira, 7 de julho de 2011

A culpada é a Geni

Prof. Roney Signorini
Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br

Mas, quem, afinal, é a Geni no tocante aos resultados dos últimos exames propostos pela OAB, em nível nacional? São as faculdades, a própria OAB e as dificuldades nos testes, o MEC, o Inep e suas avaliações, o CNE e suas aprovações de cursos?

Um momento. Nove entre dez são reprovados? Aí tem gato na tuba e miando num diapasão irreconhecível: Rá diminuto. Dá pra entender? Claro que não! Não existe isso. Ou seja, continuam buscando o vilão onde ele não está e nunca esteve: no curso superior. É a história do “mais embaixo”: no fundamental e médio. Claríssimo.

Alguma dúvida que todos os cursos de Direito propugnam por manter os melhores docentes / profissionais, operadores do Direito na ativa ou fora dela, mas atuantes em qualquer esfera jurisdicional?

E ainda há quem queira suprimir o exame da OAB. Peraí, mano? Qual é? Tá prevalecendo a cartilha do “Nóis vende os peixe”. Alguma dúvida de que o cidadão não vai entender muito bem a leitura dos códigos (Civil – Comercial – Tributário – Penal – Eleitoral – Trabalhista, etc. etc.)?

Ler até que é possível, mas interpretar, a sintaxe, ops! Tem uma distância abissal entre as duas paredes.

Partindo da premissa de que o advogado é fundamentalmente um grande comunicador, escrevendo, falando ou usando gestos, o leitor tem a informação de algum curso de Direto no país cujo currículo contemple linguística, semiologia e semiótica, para não dizer os princípios normativos da gramática? A pergunta é óbvia diante de tudo que temos lido sobre cartilhas, ensino público, etc., etc.

Ora, vamos organizar o galinheiro: galinhas para cá e galos para lá, porque quem conhece o ambiente, digamos assim, promíscuo, dos galináceos, vai logo entender a mixórdia que é o entretelas.

Pois bem, de nada adianta ler e/ou interpretar dispositivos normativos legais sem poder levá-los à discussão, à luz da argumentação e/ou persuasão.

Talvez haja uma saída. Vale a pena tentar com uma turma. A relação custo-benefício é muito pequena. Aposto na proposta de incluir uma disciplina de 4h semanais/anuais.

Anos atrás coloquei os meus argumentos para coordenador de curso que os levou para mantenedor. Não foi aceita. O motivo : custo.

Aqui vai: se o advogado é fundamentalmente um comunicador, por que ele não sabe nada sobre isso – a COMUNICAÇÃO –, em todas as suas dimensões, oral, escrita, gestual, ou seja, verbal e não verbal?
O que a nova geração de advogados sabe sobre linguística, semiologia e semiótica ? Qual teoria de comunicação conhece esse novo advogado ? Os veteranos correram atrás num autodidatismo.

A maioria dos advogados, promotores e juízes já adotou, ou melhor, descartou as linguagens rançosas e passou a usar textos que, embora menos formais, perseguem a clareza informacional, respondendo às perguntas básicas de qualquer texto jornalístico: O QUÊ, QUEM, QUANDO, COMO, POR QUE, ONDE?

De que vale o conhecimento das leis contidas nos códigos se os operadores do direito não têm a mínima condição argumentativa/persuasiva, dependente de um discurso bem estruturado? E, por força das condições, gramaticalmente correto.

Para completar, não desacredito na competência de corpo docente assim como não subestimo a inteligência dos alunos. A iniciativa não tem nada a ver com SANTOS & MILAGRES, é só uma questão de vontade mesmo, de visão, para instrumentalizar.

Tem Juiz, Promotor e Desembargador, todos aposentados, com extremada dedicação
à vida jurídica, passando vergonha nas lides educacionais porque não contam com o mínimo de discernimento dos mantenedores apoiando-os no suporte da expressão da língua, da gramática para dar apoio aos entendimentos, pareceres e julgados à luz dos Pessoas ou Camões, Ruys e demais.

Se in vino veritas, in verba et verbo veritas, ou seja, terá muito valor aplicar recursos numa disciplina, acrescentada ao currículo, que dê um norte linguístico às petições e recursos. E está aberta a “porta da esperança”, para todos.

Numa analogia simples, nossos futuros causídicos estão sentados numa Mitsubishi último tipo, parados na estrada, sem combustível. Pode ?

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Gramática Corrupta (também?)!

Prof. Roney Signorini
Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br


Desde o último dia 13 instalou-se uma farra bovina da gramática quando dezenas de vozes se levantaram quanto ao uso de livro didático do MEC que defende o emprego de linguagem popular. Valha-me Deus!

Espocaram manifestações radicais, pontas de icebergs, como a de Clóvis Rossi, pela Folha, que suscitou dezenas de pedradas iranianas, bem como o moderado Pasquale Cipro Neto. Salomão Schvartzman esteve no palco da Band NewsFM, Thais Arbex (IG São Paulo). Pela Folha Dirigida botaram a boca no trombone Terezinha Machado da Silva, Alessandra Bizoni, Antonio Luiz Mendes de Almeida e Terezinha Saraiva. Pelo jornal O Globo surgiu Marcos Bagno e muitos outros. A Academia Brasileira de Letras também se manifestou por nota oficial discordando da posição do MEC querendo justificar a desnecessidade de observação das normas cultas do idioma nos livros de Língua Portuguesa. “Vamo nóis”. Bom, não é mesmo?.

Paulada e cacetada pra todo lado, pernada, rabo de arraia, mordida e beliscão em todo mundo, todo lugar, o que estiver pela frente. Por pouco não se xingaram as genitoras. Minha Santa. Pode?

Independentemente de alçadas nos tribunais, de quem tem ou não razão, se Machado, Camões, Ruy ou Fernando Pessoa, com certeza eles estão com coceiras nos túmulos.

Cá pra nós, como é que fica a avaliação das redações nos exames vestibulares se a norma for derrubada em prol de “nós pega os pexe”? Como fica isso?
Não só quanto aos seletivos que já estão ocorrendo, os que virão, mas, sobretudo, aos que já aconteceram e exatamente por negarem as normas aprovaram milhares de candidatos. Ooppss! Nem estou falando do Enem!

As manifestações de prós e contras confrontam a língua falada com a escrita e não me consta vestibular na modalidade oral. O leitor conhece algum?

Justamente numa sexta-feira, 13, “pintou” na internet a primeira consideração sobre o assunto em críticas ao livro Por uma Vida Melhor, com 485 mil exemplares, da coleção VIVER APRENDER, a um custo de R$ 5 milhões. Ignoro se os R$700 mil atribuídos à autora já estão incluídos no custo total. O MEC não perdeu tempo e saiu logo defendendo o uso de livro didático com linguagem popular. Isso é comunização ou tem outro nome?

Que saudades da velha cartilha Caminho Suave, obra didática de alfabetização, concebida pela educadora brasileira Branca Alves de Lima (1911-2001), pela qual gerações aprenderam as primeiras letras, e eu por volta de 1952 no Grupo Escolar Cardeal Leme. Não fosse a paciência ou benevolência da professora D. Olga teria experimentado minha primeira reprovação na escola. Redigindo uma “narração”, tasquei o que a meninada falava no pátio: bater faião (aquele que falta às aulas, tem falta – linguagem coloquial, regional, gíria ou ignorância mesmo?). O impropério registrado numa provinha era tão grave que fui conhecer a Diretora. Acompanhou-me um coleguinha que se utilizou da palavra mertegue para indicar manteiga. Pode?

Voltando ao assunto, dias depois, o gramático Evanildo Bechara, da ABL e autor da Moderna Gramática da Língua Portuguesa, cuspiu fogo: “O aluno não vai para a escola para viver na mesmice e continuar falando a língua familiar, a língua do contexto doméstico ‘nós pega os pexe’”. Ou seja, quis dizer que o aluno vai para a escola aprender a norma culta. O cientista, no entanto, se apresentou condescendente com a lava vulcânica gramatical capaz de destruir dezenas de Pompeias, como refém ou cúmplice da discussão ora implantada. Pelo texto publicado, ele não absolveu nem condenou a autora da famigerada obra.

Afinal, para que a existência de cursos de Letras nas licenciaturas? O curso existe para que e por quê? Para o ensino e aprendizagem da língua familiar? Dos “mano” da Cracolândia?
Se o propósito é/era liberar geral, pra que todo o esforço aplicado no encaminhamento do aprendizado da norma culta ao longo desses séculos?
O testemunho da incapacidade de ofertar curso de aprendizagem da língua que una a nação em um de seus pilares de sustentação está falindo.

A grande realidade é uma só: andaram bebericando muito chá das cinco e comendo muitos brioches nas academias brasileiras, mantendo muita conversa de periquito australiano nos sofás das comodidades. Permitiram-se a fragilidade e a corrupção da língua, como de resto todas as outras atividades legisferantes nacionais, ajoelhadas ao poder de grupos, das falcatruas, subornos e corrupções possíveis. Quem me dera, meu Deus! Por que me esmerei no aprendizado do latim, sem o que quase me reprovava no ginásio ou colegial?

Nessa fase, quase outra reprovação quando o professor Ricieri Berti queria ver o diabo, mas não a mim. Depois de cobrar que lhe expusesse oralmente a 1ª. declinação, chegava a pedir a algum aluno que trouxesse um gato morto pra me bater até o gato miar. Pode?

Alô ,alô, senhores avaliadores das redações nos próximos vestibulares da Fuvest e assemelhados: cuidado para não serem reprovados numa eventual demanda judicial que os leve às barras da justiça porque não aprovaram o candidato que se expressou com um solene “nós pega os pexe”.

Em tempo: que tal se a imprensa viesse operando os sabores familiares da língua, em desrespeito ao código gramatical? Teríamos chegado até aqui com uma unidade social/nacional?
Que tal o emprego dos ditos familiares nos fóruns judiciais nacionais?

Perdoem os iconoclastas da língua. Estão sem o que fazer. Comecem, então, a construir palavras cruzadas e vender à Ediouro, pioneira no setor.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ogeriza aos números

Prof. Roney Signorini – Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br

Nunca tive muita intimidade com os números e quando percebo alguém com grande domínio sobre eles, na matemática ou aritmética, me sinto um tanto pequeno. Pra falar a verdade, bem amedrontado e até tentei tirar tal “paura” lendo algumas obras de Malba Tahan. Ineficazes.

Vez por outra lemos em jornais e revistas, ou mesmo pela TV, a citação equivocada/imprecisa de cifras. Para quem escreveu o texto parece não significar muito a diferença entre milhões e até bilhões, falando, por exemplo, sobre a dívida interna/externa.

Chegam a informar que em algum cataclismo o número de mortes foi de perto de 500 pessoas quando em verdade foram 300 ou 700. E por aí vai. Pouco importando se cem a mais ou cem a menos. Às vezes, milhares como o recente tsunami no Japão.

No mundo da educação, os números são estratosféricos, de uma prodigalidade sem igual, configurando uma bonança, pobreza ou gastança incomum.

Nos últimos dias o noticiário dava que 3 milhões de crianças e adolescentes estão fora da escola e que só metade dos brasileiros entre 15 e 17 anos está no ensino médio.

Explicações necessárias à parte, a mídia precisa situar o universo com exatidão pois metade de 200 milhões de pessoas é uma coisa. Mas, metade dos habitantes com aquela faixa etária ( ? ) é outra coisa. Ou seja, temos 6 milhões de jovens entre 15 e 17 anos ? Aqui começa o “imbroglio” que a mídia tanta gosta: deixar o leitor abobalhado com números.

São números muito robustos para quem gosta deles em condição superlativa.

Como sempre, mais estarrecedores do que os números, são os fatos ligados a eles. A informação de que 14 milhões de jovens com 15 anos de idade não sabem ler nem escrever derruba qualquer colosso grego. É numero supino. Dio Santo.

Vejamos essa cifra apontada no noticiário nacional : temporários chegam a 46% dos professores em São Paulo. Pra quem está discutindo o novo PNE que já deveria estar em vigor ( 2011-2020 ) é mamão com mel. Pode ?

E esta outra : Cresce número de jovens sem escola e emprego e o problema é maior entre as mulheres; ensino médio não prepara para mercado nem para faculdade.

Pra quem gosta de números fatídicos é um deleite: De cada 100 jovens brasileiros, 24 nem estudam nem trabalham. No total, são cerca de 2,4 milhões de pessoas que não conseguem se inserir no mercado ou continuar os estudos. E, apesar da queda geral da taxa de desemprego, esse número vem crescendo.

E a notícia numérica a seguir, não é o máximo ?
Mundo terá mais de 2 bilhões de internautas neste ano, diz UIT
O número de internautas no mundo praticamente vem dobrando desde 2005 e deve ultrapassar a marca de 2 bilhões antes do fim do ano e atingir os 30% da população mundial, segundo levantamento feito pela União Internacional das Telecomunicações (UIT). Deste total, 1,2 bilhão, ou 67%, estarão em países emergentes.

Outra notícia alvissareira, muito auspiciosa, é a de que o número de “professores leigos” no Brasil – que só concluíram o ensino fundamental ou o ensino médio regular – aumentou em todas as etapas da educação básica. Dados do Censo Escolar 2009 mostram que 152.454 profissionais dão aulas sem a formação adequada para alunos matriculados em creches, pré-escolas, ensino fundamental e até ensino médio nas cinco regiões do País. Eles representam apenas 7,7% dos docentes que atuam hoje nas escolas brasileiras. O total é de 1.977.978.
Bom, querer estar entre os dez melhores no PISA, com esse time, é muita pretensão, não é mesmo ?

E esta outra informação, com excelentes “boas novas” ? Segundo o último Censo Escolar, em 2008 foram reprovadas 74 mil crianças de 6 anos, que estavam aprendendo a ler e escrever.
Existem mais de 152 mil escolas públicas e privadas de ensino fundamental no País, com 31 milhões de alunos.

Posso não ter boas intimidades com os números mas que eles gostam de ser confrontados, não tenham dúvidas. O clima é perverso : Um livro, um aluno. O Censo Escolar de 2009 mostra que, especialmente na rede pública do ensino fundamental, a situação requer atenção especial e investimentos urgentes. Nesse nível de ensino, das 152.251 escolas públicas e privadas em funcionamento no país, pouco mais de um terço (34,3%) têm bibliotecas. A situação é pior na rede pública, já que a maioria (75%) das 20,3 mil escolas particulares têm acervo de livros,

Saindo do território do Fundamental e Médio, entrando pelo superior, vem o espetacular feito quantitativo do Brasil que alcançou em 2008 a 13ª posição na classificação mundial em produção científica, ultrapassando a Rússia (15ª) e a Holanda (14ª). De 19.436 artigos em 2007, essa produção subiu para 30.451 publicações em 2008. Estados Unidos, China, Alemanha, Japão e Inglaterra são os cinco primeiros colocados, seguidos da França, Canadá, Itália, Espanha, Índia, Austrália e Coréia do Sul. Com esse aumento na produção científica, o Brasil passa a contribuir com 2,12% dos artigos de todos os 183 países.
Quanto à qualidade das contribuições brasileiras nada se falou. Em São Paulo, a rua 25 de Março contribui com alguns bilhões do PIB nacional “vendendo” produtos chineses. Dá pra entender, né mesmo ? Quem sabe, perguntando, o Ministro da Educação responde.

Dá pra acreditar nesses números a seguir, um tanto fantasmagóricos ?
Quase 7 milhões de brasileiros estudam via internet
Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que 11% dos internautas brasileiros já fizeram cursos online.
O leitor conhece algum deles ?
De acordo com a pesquisa, dos 63 milhões de usuários de internet que existem no Brasil, conforme mostrou o censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2009, aproximadamente 6,9 milhões estudam ou já estudaram à distância pela web.

Para arrematar, Gersem Baniwa, indígena de uma tribo do Amazonas, coordenador geral da educação escolar indígena do MEC, informa que existem 2.836 unidades de ensino e 200 mil estudantes da educação básica, atendidas, conforme o Censo de 2010, aprendendo o português em detrimento da própria língua materna. Que bom ! Índios, “unissez vous” porque a cobra tá fumando cachimbo e a onça chegou pra beber água.

Valha me Deus, me absolvendo.
Meu inferno é o mundo dos números.