segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A Persistência é Amiga da Conquista



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br

Como nada é mais certo do que as mudanças, 2014 não fugiu à exceção e ficaram, assim, o velho ainda patente, o novo ameaçando ocupar o lugar, intenções equivocadas, mas outras certificadas, enfim, quando tudo mudar, quando tudo se transformar, uma realidade permanecerá: a escola, a instrução, o conhecimento, os saberes e os domínios que engatinham em direção à plenitude. Chico Buarque já dizia que “as pessoas têm medo das mudanças mas eu tenho medo que as coisas nunca mudem.”

As escolas se esforçaram para melhorar, o governo, em dado instante, perfilou-se com a realidade, os mantenedores perfilaram-se diante da inexorabilidade dos cursos e suas vocações para atender à brasilidade e no rumo das empregabilidades.

Os professores puderam saber mais, estudar mais, propor mais, avaliar melhor, atualizar-se muito mais em razão das inúmeras propostas de cursos de educação continuada, embora pouco, muito pouco diante da montanha escarpada de tecnologias.

Assim, caminhou a educação, entre espantos e sustos, entre serenidades e calmarias, reflexões consistentes em evitar precipitações nos juízos, descartando a imprudência e a impulsividade de condutas, mas assoberbando a concentração de espírito sobre si próprio, suas representações, ideias e sentimentos. Eis o propósito da docência, o escopo de educar e ensinar.

O governo editando normas e os subordinados discutindo-as, às vezes apelando para mais parcimonialidade. Citá-las e enumerá-las aqui poderia soar como destempero, e revanchismo, pois as autoridades sabem muito bem onde acertaram e erraram. Sobretudo quando deixaram de ouvir as vozes só experientes, não oportunistas, que recomendavam(ram) outros caminhos.
Durante o ano que se encerra, lemos e ouvimos de tudo, o que já ouvíramos em 2013 e anteriores, a mesmice de sempre quanto à inovação/renovação, o desafio de atender ao mercado de trabalho, a exata compreensão dos cursos presenciais e os EaD (virtuais) alongando-se aos bacharelados e aos tecnológicos. Como dizem: as conversas foram fundo. Algo mudou, nada mudou, tudo mudou? É questão de ótica, ilusão de ótica.
Muitos arco-íris se formaram, mas nem todos têm o tesouro desejado porque antes há de se desvendar segredos do(no) setor.

A angústia das pequenas e médias instituições de ensino superior –(PMIES),  as tantas considerações dos articulistas que se expuseram em dezenas de oportunidades/sites, que tanto contribuíram para o engrandecimento não só dos locais em que deixaram suas contribuições mas da educação nacional como um todo.

As dezenas de simpósios, congressos, encontros, reuniões, fóruns, seminários, etc. ocorridos em todo o país demonstram unicamente a preocupação de acertar, pois ninguém tem compromisso com o erro, senão com o acerto.
Dezenas de artigos publicados, com certeza, engrandeceram o fazer educacional, servindo e prestando-se ao contributo de experiências que puderam ser sorvidas nas leituras. Despretensiosas, mas eficazes porque resultam(ram) de larga experiência no setor como operação da educação.
Paulo Brossard dizia que “o imprevisto é um Deus avulso que às vezes tem voto decisivo na assembléia dos acontecimentos”, talvez referindo-se aos atos e fatos da educação porque inegável a imprevisibilidade de quem “manda” na educação nacional a desferir golpes e traulitadas não só na legislação vigente, como a reboque nas próprias instituições educacionais; o que não está na Lei
não está, não existe. Mas há quem insista.
Sabemos todos que os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas pois os livros só mudam as pessoas.

Se a passagem do tempo deve ser uma conquista, e não uma perda, os velhos professores devem ser enaltecidos e não diminuídos.
A educação é a Senhora do Tempo e ninguém pode desafiá-la, pois, síncrona ou não, é ela que detém o valor dos conteúdos, ao seu tempo, ao seu modo, ao seu ritmo. É quando o instante se torna eternidade no mundo do saber.

Hoje, nada é suficientemente absurdo para parecer improvável, mas continuamos, embora seja preciso melhorar muito para ficar ao menos ruim, porque não basta ver, é preciso enxergar o propósito da educação, seja pública, seja privada. Quanto às privadas, é preciso colaborar para que elas acertem. Quanto às públicas, é preciso pressionar o governo na busca dos mesmos acertos e objetivos. Afinal, qual a diferença entre uma e outra, para a satisfação e a realização profissional via empregabilidade? Alguém está a discutir uma ou outra origem de formação se o profissional se apresenta com qualificações para qualquer atividade? Há de se compor em qualquer instância as desejáveis habilidades e competências, sem as quais o egresso “fica a ver navios no porto”, sem destino, sem ocupação, embora sejam milhares.

Enquanto somos livres para fazermos escolhas, somos prisioneiros das consequências, já disse alguém, daí que somos criativos em excluir mas inábeis em incluir. De toda sorte, como dizia John F. Kennedy, o conformismo é carcereiro da liberdade e inimigo do crescimento.
 
É como nos deparamos frente ao fazer educacional quando autoridades de governo não comungam com as ideias e pensares privados, como se só as ideias e propostas deles interessassem e tivessem proveito num cenário nacional: a ótica federal “inumando” a ótica privada. Aqui, sem provocação, cabe reflexão sobre a representatividade do ensino privado na atualidade.
Quanto aos veículos de divulgação/informação, ao meu critério, ficaram tímidos demais, sem exorbitar nos erros e nos acertos, o que teria contribuído e muito para não ir mais passos adiante.

Os diversos testes, exames e provas submetidos ao ensino básico não são animadores, ao contrário, preocupantes demais a ensejar um revolução nesse ciclo estudantil porque os egressos dele, de hoje, poderão ser os universitários de amanhã, mas nessa última etapa mal existe tempo para desenvolver os conteúdos que lhe são próprios.