segunda-feira, 20 de junho de 2016

Inovação sem Embromação



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional

Acho que está faltando coragem para a sociedade/escola assumir um papel de destaque em pesquisas, inovações e tecnologias, elegendo caminho que  é/será mais propício ao/no futuro nacional e do mundo.

Podemos até admirar mas será impossível copiar (matéria da revista Exame).  Como o combustível da pesquisa é $$$, mesmo pequenas alocações próprias podem/devem gerar resultados na educação.
Criatividade e inovação podem se constituir em corolário[1].
Conforme Marcos Cintra, “no Brasil não temos a cultura de desinibir a capacidade criativa pois as regras sociais são restritivas, como o medo de errar que destacam a concordância e a acomodação”, em vez da ousadia e da descoberta pelo novo.
Padecemos de um histórico processo de vitimização e coitadice, creio, sem igual no planeta. Observe o semblante dos que o rodeiam, na rua, no metrô, na igreja e até na escola. Antropologicamente, estão sempre com o pires na mão, não só na porta das igrejas.  É muita maldade, preconceito ou presunção de minha parte ?

Comecemos por uma pergunta:
O que precisamos fazer para sair do imobilismo ?
Imobilismo é medo. Medo dos desafios pois somos/fomos acostumados às  zonas de conforto nas décadas de 80-90 e até 2000. Senão também, incapacitados de pensar em caminhos diferentes, criar alternativas, ter ideias que inovem e gerem resultados. Com tais bloqueios perde-se grandes oportunidades.
Para transitar em uma miríade, na universidade particular, não temos nada: experiência, produtos acabados, preço, atendimento a todo tipo de demandas, incentivo, orientação pragmática, desconhecemos os pisos das fábricas, não criamos nem mantemos Empresas Juniores, departamentos de estágios à altura das necessidades sociais, estímulos de todas ordens, ausência de laboratórios.

1
Ultimamente a mídia resolveu adotar a pauta da inovação tecnológica estabelecendo um colar de tags,  preponderando as palavras investimento, tecnologia e empreendedorismo, consagrando a esse tripé a condição de sustentação da evolução, da inovação e de forças capazes de alavancar o futuro nacional.

2
Criatividade e Inovação (?) A Arezzo criou( ou inovou ?) mais de 10 mil modelos de sapatos sem nunca ter deixado de utilizar o que todo sapato tem: base-plataforma –sola  e o  salto.
Mais de 300 pessoas trabalham no centro de inovação da empresa e de suas pranchetas saem 1 mil novos modelos de sapatos femininos todo mês, dos quais a triagem seleciona 170 para o varejo. E ditam moda num mercado econômico astronômico. Qual a resposta para o sucesso?

3
Pensar Diferente:  inovação é sobretudo criar ideias que geram resultados. Refletir sobre a capacidade inovadora, potencial inerente a todo ser humano,  é oportunidade para destacar a criatividade que precisa somente ser estimulada para se manifestar. Estas são, dentre outras, as condições para um processo criativo desenvolvido no CPSI_Creative Problem Solving Institute, fundação ligada à universidade de Bufallo.  Ali, por mais de 30 anos, aplica-se no mundo corporativo uma metodologia permissionária de incontáveis soluções criativas e a identificação de oportunidades de negócios. É a busca pela inovação como diferencial competitivo.
Não temos no país nada parecido salvo algumas experiências na ESPM e  também na FAAP. De resto desconheço

4
 Não temos um vale do silício, um MIT nem uma universidade como a de Stanford, duas das principais fábricas de startups do mundo,  que lideram nos EUA, quem sabe no planeta, os maiores avanços em tecnologia. Mas temos uma gigante, a Embrapa. Assim como os laboratórios da Cooperçucar a quem devemos grande parte do sucesso de nosso etanol, de cana, vitorioso no mundo. A Fapesp, no Estado, contribui ao seu modo. Se abandonarmos a proposta de atenção ao campo, à agricultura e pecuária, estaremos perdidos.
É possível afirmar que temos  vocação para a indústria/tecnologias ou para as comoditties?
Isso de promover mais incentivos à Zona Franca de Manaus é uma mentira pois insistir num modelo que em meio século não conseguiu criar uma economia sustentável na região é uma falácia. O que por lá foi criado e cumprido em metas de investimento em tecnologia e inovação?

5
Por obrigação, responsabilidade ou voluntariedade nossas universidades têm os planos de carreira docente, seja em regime de dedicação parcial, integral ou exclusiva mas ainda não estão sabendo usufruir delas. E com grandes prejuízos se computadas em termos de hora-aula. Se não há quem mande ou não saiba o que mandar não há obrigação de trabalho.
Não se espere proatividade docente. Aqui faz falta um Coordenador experiente e de poucos amigos.

6
Cria-se e inova-se mas os resultados não chegam à mídia que só divulga aquilo que parecer ter chegado às redações via assessorias de imprensa.  Assim elas ficam circunscritas aos grupos e redutos de interesse mais próximo e imediato. Nada como uma boa assessoria de comunicação para chegar às revistas opinativas e lograr sucesso num empréstimo junto ao BNDES. A universidade particular não tem nenhuma vitrine, salvo quando o assunto é bolsa, ações, incorporações mas nada sobre o desenvolvimento de alguma pesquisa que esta ou aquela realiza.


7
Investidores Públicos versus Particulares.
Por mais promissora que aparente ser, na área de ciência e tecnologia no Estado de São Paulo, com um bom sistema de ensino superior, além de institutos de pesquisa e da Fapesp, os custos beiram 10% do orçamento estadual, com indicadores de desempenho apenas razoáveis. Como resultado enfrenta-se um problema fundamental pois a ciência e a tecnologia resultantes não se refletem em inovação no setor produtivo. Seria um motivo da retração privada ?

8
O mundo é movido pelas ideias, consequência da capacidade criativa das pessoas que podem ou não gerar inovação. Ideias, criatividade e inovação mudam o mundo.
Onde e quando nasce uma (nova)ideia ?
Quem vende e quem compra a (nova)ideia ?
Quanto custa uma (nova)ideia ?

9
A gigante alemã de software, SAP, consolidada como líder do mercado de sistemas de gestão empresarial, teve que virar o jogo elegendo três novas frentes prioritárias: mobilidade, tecnologias de computação em nuvem e sistemas de análise de grandes volumes de dados, o big data. Tudo para se adaptar às demandas da geração Y, que começou a chegar às empresas trazendo uma familiaridade com a tecnologia antes concentrada nas áreas de TI.
Na esteira dos fatos, a SAP aposta que o cenário de TI vai mudar muito e o maior avanço será na forma como a tecnologia vai melhorar a relação das companhias e de seus consumidores e ocorrerá quando as empresas puderem prever o comportamento de seus clientes. Antes mesmo de lançar seus produtos(?).

10
Empresas desconhecem que a pesquisa em universidade é alternativa para agregarem tecnologia  em produtos e processos daí a ausência de investimentos na área educacional.
A primeira patente da Unicamp foi conseguida em 1984 e de lá para cá a quantia franciscana de 73 delas., 63 contratos de licenciamentos vigentes  e 29 programas de computador registrados. Com um aporte da Fapesp, Ismael Pereira Chagas desenvolveu um fotômetro analisador de combustível que é um sucesso mas até agosto do ano passado só conseguiu vender 50 unidades frente a um mercado de quase 40 mil postos de combustível. Ninguém saiu para vender ? O aparelho é resultado de um doutoramento na Unicamp.

11
Como tudo que é grande começa pequeno, à escola urge empregar muitas forças para o estímulo da pesquisa, a partir das tradicionais Semana de Ciências, Iniciação Científica, Projetos Experimentais, etc. etc., com grande possibilidade de desaguar nas pós-graduações que hoje, embora com números expressivos, ainda não atende a inovação tecnológica diante da timidez de nossas empresas, para as quais, parece, é mais barato comprar pronto.
Temos uma produção científica apreciável, perto de 10 mil por ano, de mestres e doutores, permitindo a 12a. posição mundial, mas, a maioria continua nas universidades e não na indústria, onde poderiam servir de alavanca desenvolvimentista. Se não empurrar não vai.

12
Pesquisa  & Desenvolvimento(P & D). Apenas 8 empresas nacionais(Vale, Petrobras, Embraer, Totvs, CPFL Energia, WEG, Brasken e Itautec)  estão no seleto grupo de 2 mil de capital aberto que mais investiram em P&D no ano de 2012. Destaque-se, entretanto, que atuam muito pela “inovação aberta”, ou seja, concorrentes querem desenvolver algum tipo de tecnologia mais básica, em conjunto, compartilhando resultados. Quanto à “inovação de ruptura”, a que quebra paradigmas estabelecidos, está relacionada à criação de produtos e processos, voltadas para o futuro,  quando a empresa pode mais facilmente criar algo de fato novo no campo de atuação.
A grande realidade, porém, é que para boa parte das empresas nacionais
falta um olhar para fora e com isso dar sustentação aos investimentos em P&D e assim enxergar as condições competitivas. O ruim é que só inovam quando estão perdendo mercado ou porque têm custo de produção mais alto.

[1]corolário:
verdade que decorre de outra, que é sua consequência necessária ou continuação natural; prosseguimento de argumentação, reflexão ou afirmação.

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