As
pessoas têm medo das mudanças.
Eu tenho medo que as coisas nunca mudem.
Chico Buarque de Hollanda
Eu tenho medo que as coisas nunca mudem.
Chico Buarque de Hollanda
Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com
Vivemos
um momento sem igual na história da humanidade, com mudanças acontecendo em
ritmo muito acelerado, com grande avanços tecnológicos.
A nova
sociedade, deste século, a do conhecimento, é marcada especialmente por
transformações estruturais que levaram a mudanças significativas das formas
sociais, bem como ao surgimento de uma nova cultura. Dentre as principais
mudanças requeridas pela atualidade estão aquelas referentes à maior
produtividade, originada da inovação, e à competitividade.
Por essa
razão, mais do que nunca, cultiva-se o interesse pelas capacidades inovadoras
do homem, o que justifica o aumento das pesquisas sobre criatividade.
Desde
então a criatividade passou a ser investigada por número crescente de
pesquisadores e três deles se destacaram com seus modelos: a Teoria de
Investimento em Criatividade de Sternberg, o Modelo Componencial de
Criatividade de Amabile e a Perspectiva de Sistemas de Csikszentmihalyi.
De algum
tempo para cá, a escola passou a ser considerada como um conjunto ativo que
interfere no desenvolvimento da criatividade dos indivíduos. Isso motivou revisões das práticas educacionais e propostos programas
de treinamento e estimulação da criatividade. Assim, o docente é elemento chave
para facilitar o desenvolvimento do potencial criador dos alunos. Mas a escola precisa ser um espaço que cultive e
valorize as ideias originais de seus educadores, oportunizando o
desenvolvimento e o desabrochar de habilidades que muitas vezes esse
profissional não sabe possuir.
O
desenvolvimento da criatividade na educação passa necessariamente pelo nível da
criatividade dos profissionais que nela se encontram. Para favorecer o
desenvolvimento da criatividade dos alunos, é importante contar com professores
motivados a utilizar práticas pedagógicas criativas; educadores assim motivados
servirão de modelo e estímulo ao desenvolvimento do potencial criador de seus
alunos. Só a escola pode influenciar no desenvolvimento da capacidade inovadora
e criativa dos jovens.
No
entanto, é imperativo observar a necessidade do cultivo de atitudes e
habilidades criativas desde a educação infantil até a universidade,
conscientizando-se o professor sobre a importância de incluir em seu
planejamento objetivos que visem potencializar a criatividade de seus alunos.
Sobre a
importância do desenvolvimento da criatividade no contexto escolar, com as mais diferentes faixas etárias, fica
claro como sendo o maior desafio para a escola o despertar dos professores para
suas próprias dificuldades em desenvolver estratégias de ensino mais adequadas.
Tais dificuldades estariam ligadas ao despreparo do professor, em virtude de
falhas em sua formação e à existência de barreiras pessoais internas que o
impedem de ousar e utilizar estratégias inovadoras em sua prática.
Dentre as barreiras à criatividade foram apresentadas algumas relacionadas à formação e atuação do professor, como, por exemplo, o ensino tradicional e conteudista que receberam em sua formação, o desconhecimento do tema criatividade, a ausência de atualização e o ensino excessivamente teórico praticado nos cursos de formação de professores.
Dentre as barreiras à criatividade foram apresentadas algumas relacionadas à formação e atuação do professor, como, por exemplo, o ensino tradicional e conteudista que receberam em sua formação, o desconhecimento do tema criatividade, a ausência de atualização e o ensino excessivamente teórico praticado nos cursos de formação de professores.
As
barreiras de ordem pessoal para o desenvolvimento da criatividade, tais como o
medo de errar, de fracassar e da crítica, são as mais presentes
mais
enfatizadas pelos profissionais. Já com relação a barreiras de ordem social, a falta
de tempo apareceu como principal impedimento à expressão da criatividade dos
educadores, além do excesso de conteúdo a ser ministrado e a falta de apoio por
parte da direção da escola.
Ressalte-se que como facilitadores da expressão criativa docente foram evidenciadas a liberdade e a paixão pelo trabalho, e, como aspecto limitador, foi ressaltada a falta de habilidade dos professores no relacionamento com os alunos, inclusive quanto ao número de alunos em sala e a dificuldade de aprendizagem dos mesmos.
Ressalte-se que como facilitadores da expressão criativa docente foram evidenciadas a liberdade e a paixão pelo trabalho, e, como aspecto limitador, foi ressaltada a falta de habilidade dos professores no relacionamento com os alunos, inclusive quanto ao número de alunos em sala e a dificuldade de aprendizagem dos mesmos.
Fica
claro, também que a influência do ambiente sobre a criatividade, destaca a
importância da família, da escola e do trabalho e deve-se atribuir grande
importância a esses ambientes como de papel chave na expressão criativa dos
indivíduos.
Adicionalmente,
o educador deve dispor de diversas e diferenciadas estratégias de ensino.
Ressalta-se que a efetiva participação dos alunos em sala depende de diferentes
fatores, tais como: o tipo de conteúdo, a natureza da atividade e seu nível de
complexidade, a possibilidade de optar por uma atividade ou fazer escolhas
durante sua realização, os materiais de recurso ou apoio, as regras de
funcionamento da aula e aspectos ligados à atuação do professor no
desenvolvimento das aulas.
O
desenvolvimento da prática educativa, que vise ao papel ativo do aluno ao longo
de seu processo de aprendizagem, seguramente contribui para o desenvolvimento
da criatividade. Dessa forma, criar um ambiente de aprendizagem estimulador da
participação individual e coletiva proporciona momentos privilegiados de
interação entre os sujeitos, com trocas de experiências e de soluções de
problemas, capazes de favorecer o desenvolvimento do potencial criador.
Edileusa
Borges Porto OLIVEIRA e Eunice Maria Lima Soriano de ALENCAR publicaram na
Revista de Estudos de Psicologia (outubro – dezembro 2012)
Excelente
trabalho sobre a Importância da
criatividade na escola e no trabalho docente segundo coordenadores pedagógicos.
Dele
extraímos o trecho abaixo:
“A
criatividade é um elemento constantemente citado no discurso de instituições
dos mais diferentes segmentos, principalmente na área educacional. Tanto isso é
veiculado no dia a dia da mídia, dos ambientes sociais e de trabalho, que tal
aspecto foi considerado como critério na escolha das escolas onde os
coordenadores pedagógicos foram procurados e convidados a participar deste
estudo. Por essa razão, considerou-se relevante investigar o grau de
importância atribuído por esses profissionais ao desenvolvimento/expressão da
criatividade no contexto escolar de maneira geral e também no trabalho docente.
Na percepção dos entrevistados, a criatividade deve estar presente no ambiente escolar, principalmente, por favorecer o trabalho pedagógico. No entanto, entendeu-se, a partir dos relatos dos coordenadores, que ela estaria condicionada a aspectos tais como acontecer de forma intencional, ou seja, estar no planejamento dos professores e com propósitos bem definidos, bem como haver recursos materiais e espaço para que ela possa ocorrer.”
Na percepção dos entrevistados, a criatividade deve estar presente no ambiente escolar, principalmente, por favorecer o trabalho pedagógico. No entanto, entendeu-se, a partir dos relatos dos coordenadores, que ela estaria condicionada a aspectos tais como acontecer de forma intencional, ou seja, estar no planejamento dos professores e com propósitos bem definidos, bem como haver recursos materiais e espaço para que ela possa ocorrer.”
Pesquisas
recentes na área da criatividade realizadas com profissionais da educação
(Godinho, 2008; Oliveira, 2007; Oliveira & Alencar, 2007; Silva, 2007) têm
destacado que, quando a criatividade é trabalhada na escola, geralmente isso
não ocorre de forma intencional, devido principalmente ao desconhecimento sobre
esse fenômeno por parte de diretores, coordenadores, orientadores e
professores. Assim sendo, é relevante destacar que, mesmo que esses
profissionais tentem desenvolver no contexto escolar práticas que estimulem o
pensamento criativo, enquanto não houver um investimento em sua formação
(inicial e continuada) com relação à importância dos aspectos cognitivos,
conativos e ambientais no desenvolvimento da criatividade (Lubart, 2007), a
escola continuará não trabalhando as habilidades criativas ou o fará de forma
intuitiva e despreparada, sem conseguir atender à crescente demanda da
sociedade por indivíduos mais criativos e que saibam enfrentar os constantes
desafios dos dias atuais.
Edileusa
& Soriano continuam:
“Corroborando
essas ideias, Martínez (2006b) acrescenta que os docentes em geral tendem a
reproduzir no trabalho o que vivenciaram em sua vida escolar e, mais ainda,
recebem em sua formação receitas, normalmente implícitas, sobre o que é ser
professor e como ensinar, o que nada ou pouco tem a ver com a criatividade.
Chama atenção também para o fato de conteúdos e atividades estimuladores da
criatividade no trabalho pedagógico praticamente inexistirem nos currículos dos
cursos de formação de professores.
Por outro lado, é válido levantar o seguinte questionamento: será que a disponibilidade de diversificados recursos tecnológicos e materiais pode garantir que eles serão utilizados de forma criativa? Na visão de Martínez (2006b), existe na escola uma tendência em introduzir coisas novas em sala de aula sem haver, no entanto, uma preocupação com os reais efeitos que elas podem produzir na aprendizagem e no desenvolvimento dos alunos. Essa autora assinala que de nada adianta uma diversidade de dinâmicas e jogos utilizados em sala de aula se eles possuem objetivos em si mesmos, não são integrados a outros elementos do trabalho pedagógico e não se apresentam acompanhados de interesses reais voltados ao incremento dos níveis de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.”
O
presente artigo que deixamos neste blog se justifica pela Importância da
criatividade no trabalho docente quando constata-se que todos os coordenadores
consideraram importante a criatividade no trabalho docente. Para justificar a
resposta, eles apresentaram motivos associados ao aluno (64,3%), argumentando que
a atuação criativa do professor faz com que os alunos fiquem mais interessados
e os ajuda a dar mais significado ao conhecimento, facilitando a aprendizagem;
que os professores precisam ser criativos, pois os alunos de hoje não aceitam
um ensino repetitivo; e que o professor precisa saber lidar com as mudanças e atender
às necessidades dos alunos. A criatividade no trabalho docente também foi
relacionada ao desenvolvimento do próprio professor (35,7%), sendo destacados
aspectos como flexibilidade, disponibilidade para aprender e fazer, atenção às
mudanças e percepção de formas diferenciadas de ensinar e aprender.
De todo o exposto, lamentável mesmo é o fato de o poder público não incentivar, sugerir e até mesmo impor a obrigatoriedade da aplicação de normas obrigando a oferta de preocupações criativas, seja com carga horária específica, seja em qual período do percurso escolar para todos os operadores da educação, de ponta a ponta, sobretudo nas licenciaturas e pedagogia.
Está aí
um “gap” preocupante na educação nacional cuja proposta e solução estão mais do
que atrasadas.
Assim, de
secretário em secretário, municipal ou estadual da educação vamos nos
arrastando sem o novo. Quanto ao MEC, então, nada a dizer, só preocupado com
regulação e condenações, ignorando os reclamos que se arrastam pedindo justiça.
Do inconformismo se chega à revolta.
Embora
estejamos de acordo quanto à importância da criatividade no contexto escolar e
em especial no trabalho docente, são vários os desafios enfrentados no processo
de fazer com que a criatividade esteja de fato presente no ambiente da escola.
Um desses desafios é a própria formação tanto do coordenador quanto dos
professores: ambos, de modo geral, pouco conhecem a respeito de ambientes de
aprendizagem, ensino e
avaliação
que contribuam para que os alunos tomem consciência de seu potencial para
criar, ou onde desenvolvam e expressem sua criatividade.
Edileusa
& Soriano concluem com uma assertiva lapidar:
“Embora o
fomento da criatividade usualmente esteja presente no projeto pedagógico da
escola, é raro uma cultura institucional que a valorize
de fato e
possibilite sua expressão. De modo geral, não tem sido uma prática do
coordenador pedagógico encorajar os professores a experimentarem novas práticas
pedagógicas, oferecer-lhes amplas oportunidades de compartilhar experiências de
ensino criativo bem sucedidas, facilitar-lhes o acesso a informações sobre como
promover a criatividade na vida pessoal e profissional.”
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