Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Como nada é mais certo do que as mudanças, 2014 não fugiu à
exceção e ficaram, assim, o velho ainda patente, o novo ameaçando ocupar o
lugar, intenções equivocadas, mas outras certificadas, enfim, quando tudo
mudar, quando tudo se transformar, uma realidade permanecerá: a escola, a
instrução, o conhecimento, os saberes e os domínios que engatinham em direção à
plenitude. Chico Buarque já dizia que “as pessoas têm medo das mudanças mas eu
tenho medo que as coisas nunca mudem.”
As escolas se esforçaram para melhorar, o governo, em dado
instante, perfilou-se com a realidade, os mantenedores perfilaram-se diante da
inexorabilidade dos cursos e suas vocações para atender à brasilidade e no rumo
das empregabilidades.
Os professores puderam saber mais, estudar mais, propor
mais, avaliar melhor, atualizar-se muito mais em razão das inúmeras propostas
de cursos de educação continuada, embora pouco, muito pouco diante da montanha
escarpada de tecnologias.
Assim, caminhou a educação, entre espantos e sustos, entre
serenidades e calmarias, reflexões consistentes em evitar precipitações nos
juízos, descartando a imprudência e a impulsividade de condutas, mas
assoberbando a concentração de espírito sobre si próprio, suas representações,
ideias e sentimentos. Eis o propósito da docência, o escopo de educar e ensinar.
O governo editando normas e os subordinados discutindo-as,
às vezes apelando para mais parcimonialidade. Citá-las e enumerá-las aqui
poderia soar como destempero, e revanchismo, pois as autoridades sabem muito
bem onde acertaram e erraram. Sobretudo quando deixaram de ouvir as vozes só
experientes, não oportunistas, que recomendavam(ram) outros caminhos.
Durante o ano que se encerra, lemos e ouvimos de tudo, o que
já ouvíramos em 2013 e anteriores, a mesmice de sempre quanto à
inovação/renovação, o desafio de atender ao mercado de trabalho, a exata
compreensão dos cursos presenciais e os EaD (virtuais) alongando-se aos
bacharelados e aos tecnológicos. Como dizem: as conversas foram fundo. Algo
mudou, nada mudou, tudo mudou? É questão de ótica, ilusão de ótica.
Muitos arco-íris se formaram, mas nem todos têm o tesouro
desejado porque antes há de se desvendar segredos do(no) setor.
A angústia das pequenas e médias instituições de ensino
superior –(PMIES), as tantas
considerações dos articulistas que se expuseram em dezenas de
oportunidades/sites, que tanto contribuíram para o engrandecimento não só dos
locais em que deixaram suas contribuições mas da educação nacional como um todo.
As dezenas de simpósios, congressos, encontros, reuniões, fóruns,
seminários, etc. ocorridos em todo o país demonstram unicamente a preocupação
de acertar, pois ninguém tem compromisso com o erro, senão com o acerto.
Dezenas de artigos publicados, com certeza, engrandeceram o
fazer educacional, servindo e prestando-se ao contributo de experiências que
puderam ser sorvidas nas leituras. Despretensiosas, mas eficazes porque
resultam(ram) de larga experiência no setor como operação da educação.
Paulo Brossard dizia que “o imprevisto é um Deus avulso que
às vezes tem voto decisivo na assembléia dos acontecimentos”, talvez
referindo-se aos atos e fatos da educação porque inegável a imprevisibilidade
de quem “manda” na educação nacional a desferir golpes e traulitadas não só na
legislação vigente, como a reboque nas próprias instituições educacionais; o
que não está na Lei
não está, não existe. Mas há quem insista.
não está, não existe. Mas há quem insista.
Sabemos todos que os livros não mudam o mundo, quem muda o
mundo são as pessoas pois os livros só mudam as pessoas.
Se a passagem do tempo deve ser uma conquista, e não uma
perda, os velhos professores devem ser enaltecidos e não diminuídos.
A educação é a Senhora do Tempo e ninguém pode desafiá-la,
pois, síncrona ou não, é ela que detém o valor dos conteúdos, ao seu tempo, ao
seu modo, ao seu ritmo. É quando o instante se torna eternidade no mundo do
saber.
Hoje, nada é suficientemente absurdo para parecer improvável,
mas continuamos, embora seja preciso melhorar muito para ficar ao menos ruim, porque não basta ver, é preciso enxergar o propósito da educação, seja pública,
seja privada. Quanto às privadas, é preciso colaborar para que elas acertem.
Quanto às públicas, é preciso pressionar o governo na busca dos mesmos acertos
e objetivos. Afinal, qual a diferença entre uma e outra, para a satisfação e a realização
profissional via empregabilidade? Alguém está a discutir uma ou outra origem de
formação se o profissional se apresenta com qualificações para qualquer
atividade? Há de se compor em qualquer instância as desejáveis habilidades e
competências, sem as quais o egresso “fica a ver navios no porto”, sem destino,
sem ocupação, embora sejam milhares.
Enquanto somos livres para fazermos escolhas, somos
prisioneiros das consequências, já disse alguém, daí que somos criativos em
excluir mas inábeis em incluir. De toda sorte, como dizia John F. Kennedy, o
conformismo é carcereiro da liberdade e inimigo do crescimento.
É como nos deparamos frente ao fazer educacional quando autoridades de governo
não comungam com as ideias e pensares privados, como se só as ideias e propostas
deles interessassem e tivessem proveito num cenário nacional: a ótica federal “inumando” a ótica privada. Aqui, sem provocação,
cabe reflexão sobre a representatividade do ensino privado na atualidade.
Quanto aos veículos de divulgação/informação, ao meu
critério, ficaram tímidos demais, sem exorbitar nos erros e nos acertos, o que teria contribuído e muito para não ir mais passos adiante.
Os diversos testes, exames e provas submetidos ao ensino
básico não são animadores, ao contrário, preocupantes demais a ensejar um
revolução nesse ciclo estudantil porque os egressos dele, de hoje, poderão ser
os universitários de amanhã, mas nessa última etapa mal existe tempo para
desenvolver os conteúdos que lhe são próprios.