Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
O Conselheiro Francisco Aparecido Cordão, com um caminhão de atuações e uma carreira que vem desde há muito no CNE, sem parar, não é de andar armado dia e noite. Mas quando atira, é pra valer. Sua performance deixa um rastro de sucessos em Pareceres, de provocar inveja com tantos acertos e dedicação. É abnegado pela causa. E se apresenta com currículo de Especialista.
Dedicou dezoito anos ao Cons. Estadual de Educação de São Paulo e agora, como Conselheiro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação. É o primo canto em decisões. Esbanjou sabedoria na Res.04 de 6/06/2012 propondo nova versão do Catálogo de Cursos Técnicos ao enunciar todos os eixos com dezenas de cursos, apoiada no Parecer 11/2008, de sua lavra, aprovada por unanimidade em sessão de 12/06/2008 tendo como presidente Cesar Callegari e o vice Mozart Neves Ramos, nosso assunto de hoje.
A princípio, um tanto indecisos e até temerosos, os mantenedores privados de cursos superiores se perguntam(vam) quanto ao futuro de cursos técnicos/tecnológicos em suas searas, vendo com microscópios o sucesso deles no Senai, Senac, Senar e Senat. Equívoco instrumental quando era preciso usar um binóculos pois que surgiram para ficar, com total destaque nas formações. Chegou a hora de minimizar acessos aos sempre mais procurados cursos formando “doutores” ?
Ao amargarem ociosidades de vagas nos cursos tradicionais, cujas áreas de trabalho/empregabilidade ganham(vam) saturação de mercados, a realidade esbofeteia as reais necessidades de técnicos/tecnólogos.
A questão que ora se apresenta, para regular o setor, é saber como e de que forma construir currículos e conteúdos suficientes para enfrentamento aos que já navegam há anos nesses mares: Senai-Senac-Senar-Setecs. Como também, qual o arsenal necessário para a montagem de laboratórios e instrumentos que possam dar similaridades aos daqueles organismos. Sem se falar no indispensável corpo docente que pode gerar alguns problemas pois é minoria os com pós graduação. Desafios à frente, as portas e janelas estão abertas. Mas, vale saber, também, qual a contemplação que o SINAES fará com relação ao IGC e CPC.
O professor Cordão está de plantão com sua larga experiência, ajudado por instrumentos apoiadores como a Res. 30, de 6/07/2013, com a grife de José H. Paim Fernandes, ao estabelecer procedimentos para o pagamento da Bolsa-Formação Estudante às mantenedoras superiores e de forma subsequente no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego ( Pronatec ).
Não se trata tanto de valer-se dos estímulos econômicos que a Resolução propicia, mas a oportunidade cidadã de compartilhar empregabilidades em dezenas de nichos carentes de profissionais para o alavancamento de participações globais, destino sem volta na atualidade,
Para ajudar na montagem do cenário, a revista VEJA de 17/07/2013 traz matéria sob o título “As Carreiras Mais Promissoras...” encontrada no link http://www.cartaconsulta.com.br/clipping/clipping.asp?id=355
Apropriamos aqui alguns poucos dados contidos sob a opinião de experts, da FGV, da USP, do IPEA e de empresas de recrutamento e seleção reunidos para responder quais carreiras terão o melhor desempenho no futuro. Para eles as profissões mais promissoras nos próximos dez anos integram quatro grandes áreas da economia: saúde, educação, tecnologia da informação & comunicação(TIC) além de engenharia.
Para as duas últimas áreas é apontada a crescente demanda por tecnologia em todos os setores da economia – de indústrias a hospitais, de escolas ao comércio. Particularmente para engenharia a alavanca se dará em razão de investimentos em setores como o petrolífero e a logística. Colocações um tanto vagas e difusas para a mantença de escolas privadas, que deverão exercer meticuloso estudo sobre a criação de cursos voltados para a área, quando o setor público já tem bases sólidas sobre eles.
Não se trata de analisar vantagens e desvantagens sobre empreendimentos educacionais, fugindo assim da ótica calculista/fria dos números de jovens que procurarão por tais cursos. Ademais, as escolas técnicas de governos estão muito bem preparadas para as demandas atuais e num passe de mágica podem muito bem dobrar as ofertas de vagas e mantenedores a ficar hipnotizados com o canto da sereia como sendo bom nicho para investimentos.
Os especialistas convidados pela revista, que analisaram o cenário, além de fazerem diagnósticos também fizeram prognósticos (conjetura sobre o desenvolvimento de um negócio, de uma situação), sem bola de cristal sobre as mesas. Até porque, o setor privado não tem (ainda ?) vocação para os tecnólogos. Quem viver verá. Em se tratando de oportunidades fica inerente o risco, que o poder público não corre porque é o contribuinte o principal ator dessa peça.
Com absoluta segurança, o setor privado pode contar com algumas variáveis, bastando suporte financeiro, mas quando se falar em corpo docente a conversa muda de lugar. E é o fulcro da questão. Insisto, não com o pretoriano Sinaes de hoje, que não poupará nas avaliações, também insistindo em tratar como iguais os desiguais.
Se o pequeno e médio mantenedor pensa que pode dar um salto de expansão poderá se arrepender de não ter investido mais no que ele já tem/tinha. Mas, aos grandes, a conta fica no mix anual. E nada de abrir para fechar porque arranha irreparavelmente a imagem da IES.
Contudo, ainda vale sopesar com muita seriedade algum(uns) curso(s) dentre as dezenas propostos que sejam factíveis de oferta. Oportuno acessar o link http://pronatec.mec.gov.br/cnct/eixos_tecnologicos.php
De resto, alia jacta est.
A SEGUIR OS 220 CURSOS INDICADOS/ESTRUTURADOS
EIXOS TECNOLÓGICOS CURSOS
• Eixo Tecnológico: Ambiente e Saúde (29)
• Eixo Tecnológico: Controle e Processos Industriais (25)
• Eixo Tecnológico: Desenvolvimento Educacional e Social (10)
• Eixo Tecnológico: Gestão e Negócios (17)
• Eixo Tecnológico: Informação e Comunicação (9)
• Eixo Tecnológico: Infraestrutura (17)
• Eixo Tecnológico: Militar (34)
• Eixo Tecnológico: Produção Alimentícia (8)
• Eixo Tecnológico: Produção Cultural e Design (29)
• Eixo Tecnológico: Produção Industrial (18)
• Eixo Tecnológico: Recursos Naturais (15)
• Eixo Tecnológico: Segurança (2)
• Eixo Tecnológico: Turismo, Hospitalidade e Lazer (7)
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Enade revisitado
Prof. Roney Signorini
Consultor & Assessor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
O Enade fincou estacas para inscrições no último dia 9, que irão até 16 de agosto. A responsabilidade das IES é realizá-las conforme orientação legal.
Vale lembrar que antecederam ao atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante (cuja gestão iniciou-se em 2012), Paulo Renato Souza (1995-2002), Cristovam Buarque (2003), Tarso Genro (2004-2005) e Fernando Haddad (2005-2011). Gente do melhor quilate intelectual e de inteligenzzia. Salvo Paulo Renato, os demais não são/eram do ramo sem que nada mudasse quanto fazer constar a avaliação (nota) do aluno no diploma e histórico escolar. É discussão de anos.
Cabe aqui um pequeno retrospecto de como e quando surgiu a avaliação dos estudantes de nível superior, proposta pelo então ministro Paulo Renato, tendo à frente a brilhante capitã do INEP, Maria Helena Guimarães, em cuja gestão foi criado o ENC (Exame Nacional de Cursos), o famigerado Provão, que o próprio MEC e a mídia trataram com o aumentativo descomunal (esdrúxulo?). A essa prova se submeteriam os universitários do país para avaliação de conhecimentos, competências e habilidades necessárias para o exercício de atividades no seio da sociedade, findo o ciclo de aprendizagens superiores.
Seguiram-se algumas modificações nos critérios com categorias e modalidades que foram merecendo novos paradigmas classificatórios. Qual era o objetivo do Provão, por que mudou, conseguiu o que queria?
Mantido o objetivo, os alunos egressantes de cursos universitários deveriam provar suficiência em conteúdos e programas para uma situação mínima de empregabilidade e sustentação de formação em suas áreas de conclusão. E claro, conforme as exigências de parâmetros – Diretrizes Curriculares –, sem as quais o processo seria inválido.
De outra parte, as IES, sempre subservientes, pouco ou nada contribuíram para a formulação de tais diretrizes e provas elaboradas na linha do magister dixit (MEC). Engoliram goela abaixo as verificações in loco e o famigerado Provão, mas restaram indagações supinas como:
a) e se o aluno não comparecer?;
b) comparecendo, e se ele só assinar a folha de presença e se retirar?;
c) e se, respondendo às partes discursivas e de múltipla escolha, decidir por “zerar” as respostas?;
d) qual seu grau de comprometimento com a sociedade, com a realidade, com a
instituição de ensino, com a classe/categoria profissional?;
e) e com os demais colegas de turma quando alguns/muitos se esmerariam na
performance porque pensavam diferente?;
f) qual a consequência e o resultado para um quadro docente que lhe propiciou a formação ?
Outras tantas indagações podem ser acrescentadas para aqueles alunos que participaram intencionalmente com o objetivo de prejudicar a avaliação, sobretudo das IES, pois inconsequentes, desidiosos, negligentes, relapsos, e por que não?, dolosos, se furtaram - visando sacrificar gregos e troianos num tribunal convalescente de boas intenções - a um momento de expressiva importância no cenário avaliativo dos fazeres educacionais, propósito ingênuo do MEC (ou não?).
Em realidade, faltou e ainda falta coragem ao MEC para adotar uma única medida saneadora, purgadora, contra os mal-intencionados, resolvendo a injustiça da classificação do aluno que prestou a prova: consignar sua avaliação em algum documento, por exemplo, no histórico escolar ou diploma.
Inúmeras sugestões têm aparecido no Congresso, algumas absurdas e outras precárias demais para inocentar as IES nas avaliações do IGCs e CPCs. Não seria mais simples oferecer ao aluno um resultado de SATISFATÓRIO/ INSATISFATÓRIO? Ao primeiro, quando os cálculos apontassem uma média final de 5 a 10 e ao segundo quando indicassem de 0 a 4.
A indicação de insatisfatório, no entanto, não constaria em nenhum documento, mas também não permitiria a expedição de histórico e diploma até que o interessado se submetesse novamente à prova, por quantas ocasiões necessárias. Afinal, expedir um diploma ou histórico com INSATISFATÓRIO é medida do nada, não leva a nada.
No legislativo federal congressistas estão se arriscando com propostas que arranham individualidades e privacidades, submetendo projetos que defendem o lançamento das notas do participante no Enade tanto no diploma quanto no histórico., Aí está, porém, um equívoco de fundamentos. A nota do desempenho é constitucionalmente privativa, como um extrato bancário ou informe de rendimentos. Basta segurar os dois documentos nas secretarias das IES até que o interessado se desobrigue com a avaliação obtendo um SATISFATÓRIO, quando bem entender, puder ou conseguir.
O INSATISFATÓRIO não está apto, minimamente, para ele mesmo e para a sociedade, sendo absolutamente desnecessário saber se a nota final foi de zero a 4,99. Até porque o intérprete da avaliação (sociedade geral) não tem a mínima condição de julgar a que tipo de prova e grau de dificuldade o candidato se submeteu. Se ao crivo do MEC ele não satisfez o desejável, em termos de desincumbência às diretrizes curriculares, balizadoras dos conhecimentos cobrados para qualquer âmbito profissional, restariam adequações de novos/outros cálculos para se chegar ao IGC/CPC. É tarefa simples para o pessoal que criou os parâmetros do IGC/CPC.
Quanto à sugestão, o leitor está com a palavra para opinar, acrescentar ou suprimir pontos.
Caberia, neste particular, às IES, resolverem o que até então não foi bem resolvido, ou seja, propor o retorno desse aluno para a adequada formação que lhe faltou, por reciprocidade de interesses, tanto a ele como à própria escola.
Seria momento saudável de profunda reflexão sobre currículos e conteúdos, propostas pedagógicas, ofertas bibliográficas e laboratoriais entremeadas com competências docentes. Inadmissível é fazer um e outro refém ou cúmplice da situação.
Por derradeiro, ficam perguntas intrigantes dos escopos avaliativos do INEP no momento ENADE. A avaliação do aluno visa o quê? Destruir por consequência a reputação das IES, anular vários anos de estudos dos alunos, inibir mercados de trabalho, pactuar com cartórios profissionais, cobrar resultados formativos que independem da proposta superior quando sabidamente os alunos carregam péssima formação do fundamental ao médio? E mesmo assim ainda foram lhes dadas oportunidades/chances de acesso ao superior ?
É evidente que nenhuma das alternativas anteriores é intenção do MEC, cujo objetivo é melhorar, através do índice de desempenho dos alunos, a própria realidade das IES, responsáveis pela quase totalidade da população universitária brasileira.
Consultor & Assessor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
O Enade fincou estacas para inscrições no último dia 9, que irão até 16 de agosto. A responsabilidade das IES é realizá-las conforme orientação legal.
Vale lembrar que antecederam ao atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante (cuja gestão iniciou-se em 2012), Paulo Renato Souza (1995-2002), Cristovam Buarque (2003), Tarso Genro (2004-2005) e Fernando Haddad (2005-2011). Gente do melhor quilate intelectual e de inteligenzzia. Salvo Paulo Renato, os demais não são/eram do ramo sem que nada mudasse quanto fazer constar a avaliação (nota) do aluno no diploma e histórico escolar. É discussão de anos.
Cabe aqui um pequeno retrospecto de como e quando surgiu a avaliação dos estudantes de nível superior, proposta pelo então ministro Paulo Renato, tendo à frente a brilhante capitã do INEP, Maria Helena Guimarães, em cuja gestão foi criado o ENC (Exame Nacional de Cursos), o famigerado Provão, que o próprio MEC e a mídia trataram com o aumentativo descomunal (esdrúxulo?). A essa prova se submeteriam os universitários do país para avaliação de conhecimentos, competências e habilidades necessárias para o exercício de atividades no seio da sociedade, findo o ciclo de aprendizagens superiores.
Seguiram-se algumas modificações nos critérios com categorias e modalidades que foram merecendo novos paradigmas classificatórios. Qual era o objetivo do Provão, por que mudou, conseguiu o que queria?
Mantido o objetivo, os alunos egressantes de cursos universitários deveriam provar suficiência em conteúdos e programas para uma situação mínima de empregabilidade e sustentação de formação em suas áreas de conclusão. E claro, conforme as exigências de parâmetros – Diretrizes Curriculares –, sem as quais o processo seria inválido.
De outra parte, as IES, sempre subservientes, pouco ou nada contribuíram para a formulação de tais diretrizes e provas elaboradas na linha do magister dixit (MEC). Engoliram goela abaixo as verificações in loco e o famigerado Provão, mas restaram indagações supinas como:
a) e se o aluno não comparecer?;
b) comparecendo, e se ele só assinar a folha de presença e se retirar?;
c) e se, respondendo às partes discursivas e de múltipla escolha, decidir por “zerar” as respostas?;
d) qual seu grau de comprometimento com a sociedade, com a realidade, com a
instituição de ensino, com a classe/categoria profissional?;
e) e com os demais colegas de turma quando alguns/muitos se esmerariam na
performance porque pensavam diferente?;
f) qual a consequência e o resultado para um quadro docente que lhe propiciou a formação ?
Outras tantas indagações podem ser acrescentadas para aqueles alunos que participaram intencionalmente com o objetivo de prejudicar a avaliação, sobretudo das IES, pois inconsequentes, desidiosos, negligentes, relapsos, e por que não?, dolosos, se furtaram - visando sacrificar gregos e troianos num tribunal convalescente de boas intenções - a um momento de expressiva importância no cenário avaliativo dos fazeres educacionais, propósito ingênuo do MEC (ou não?).
Em realidade, faltou e ainda falta coragem ao MEC para adotar uma única medida saneadora, purgadora, contra os mal-intencionados, resolvendo a injustiça da classificação do aluno que prestou a prova: consignar sua avaliação em algum documento, por exemplo, no histórico escolar ou diploma.
Inúmeras sugestões têm aparecido no Congresso, algumas absurdas e outras precárias demais para inocentar as IES nas avaliações do IGCs e CPCs. Não seria mais simples oferecer ao aluno um resultado de SATISFATÓRIO/ INSATISFATÓRIO? Ao primeiro, quando os cálculos apontassem uma média final de 5 a 10 e ao segundo quando indicassem de 0 a 4.
A indicação de insatisfatório, no entanto, não constaria em nenhum documento, mas também não permitiria a expedição de histórico e diploma até que o interessado se submetesse novamente à prova, por quantas ocasiões necessárias. Afinal, expedir um diploma ou histórico com INSATISFATÓRIO é medida do nada, não leva a nada.
No legislativo federal congressistas estão se arriscando com propostas que arranham individualidades e privacidades, submetendo projetos que defendem o lançamento das notas do participante no Enade tanto no diploma quanto no histórico., Aí está, porém, um equívoco de fundamentos. A nota do desempenho é constitucionalmente privativa, como um extrato bancário ou informe de rendimentos. Basta segurar os dois documentos nas secretarias das IES até que o interessado se desobrigue com a avaliação obtendo um SATISFATÓRIO, quando bem entender, puder ou conseguir.
O INSATISFATÓRIO não está apto, minimamente, para ele mesmo e para a sociedade, sendo absolutamente desnecessário saber se a nota final foi de zero a 4,99. Até porque o intérprete da avaliação (sociedade geral) não tem a mínima condição de julgar a que tipo de prova e grau de dificuldade o candidato se submeteu. Se ao crivo do MEC ele não satisfez o desejável, em termos de desincumbência às diretrizes curriculares, balizadoras dos conhecimentos cobrados para qualquer âmbito profissional, restariam adequações de novos/outros cálculos para se chegar ao IGC/CPC. É tarefa simples para o pessoal que criou os parâmetros do IGC/CPC.
Quanto à sugestão, o leitor está com a palavra para opinar, acrescentar ou suprimir pontos.
Caberia, neste particular, às IES, resolverem o que até então não foi bem resolvido, ou seja, propor o retorno desse aluno para a adequada formação que lhe faltou, por reciprocidade de interesses, tanto a ele como à própria escola.
Seria momento saudável de profunda reflexão sobre currículos e conteúdos, propostas pedagógicas, ofertas bibliográficas e laboratoriais entremeadas com competências docentes. Inadmissível é fazer um e outro refém ou cúmplice da situação.
Por derradeiro, ficam perguntas intrigantes dos escopos avaliativos do INEP no momento ENADE. A avaliação do aluno visa o quê? Destruir por consequência a reputação das IES, anular vários anos de estudos dos alunos, inibir mercados de trabalho, pactuar com cartórios profissionais, cobrar resultados formativos que independem da proposta superior quando sabidamente os alunos carregam péssima formação do fundamental ao médio? E mesmo assim ainda foram lhes dadas oportunidades/chances de acesso ao superior ?
É evidente que nenhuma das alternativas anteriores é intenção do MEC, cujo objetivo é melhorar, através do índice de desempenho dos alunos, a própria realidade das IES, responsáveis pela quase totalidade da população universitária brasileira.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
A Verdade da Mentira (educacional)
Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Semanas atrás escrevi a um amigo, operador da educação, que o ensino está(va) vivendo momento perigoso de construir-se em cima de alicerces frágeis demais, sobre areia movediça.
Daí, o prédio estar inclinando como Pisa (não confundir com pizza, que é outra receita/realidade). E mais, na troca de mensagens, ele com muita razão, sugeria abordagem de pontos transversais, que de alguma maneira poderiam imbricar-se. Porém, tais temas cobrariam alongamentos bem examinados, significando extensa análise para um só artigo. Pela relevância, serão enfocados, um a um, oportunamente. São eles:
1- educação antigamente só era preocupação das Classes A e B e das famílias de imigrantes que tinham esta percepção;
2- os diversos governos viam a educação mais como uma ação a cumprir e não como uma necessidade de desenvolvimento;
3- o país nunca teve um plano de formação de recursos humanos para o desenvolvimento.
Já me perguntei muitas vezes de onde vem o horror extremado que o povo norte-americano tem a mentiras. Está na literatura, nos filmes, nos colóquios, etc. etc.Ou melhor, no DNA, na cultura e, por que não?, na inteligência do povo ?
No setor da educação, com exceções, é claro, há uma dominância do “me engane que eu gosto”, “você mente que ensina e eu minto que aprendo”, “me dê nota e frequência aqui dentro, porque vou assaltar lá fora, sem esquecer que estou pagando pra você, professor, ter o seu salário”, prevalecendo a Lei de Gerson, o de “levar vantagem em tudo” (cujo protagonista na propaganda, coitado, foi estigmatizado infortunadamente, quando o publicitário, autor da criação da mensagem, foi inocentado/ignorado/absolvido), tudo sob o manto da impunidade ou da miopia.
Qual escola diz ter, mesmo, “X” livros na biblioteca – e não os tem –; sobre currículos e conteúdos, qual pode afirmar categoricamente que são cumpridos à risca; qual IES recebe pelos seletivos tão somente as vagas autorizadas sem exceder 10, 20 e até 50% delas, com o pretexto de que vão terminar o ciclo exatamente conforme a autorização de funcionamento? E o que é um desaforo dos grandes, um acinte/afronta, têm seletivo/vestibular continuado durante semanas ou meses. Por acaso, quem é do setor, alguém já viu alguma comissão de avaliação adentrar alguma biblioteca e sair contando os volumes, questionar a alteração curricular e a efetiva proposta dos seus respectivos conteúdos, além de pedir a relação dos ingressantes para conferência de vagas?
Na mesma oportunidade, fui questionado sobre afirmação que lhe dera sobre a falácia do ensino fundamental e médio no país quando afirmei que a qualidade dos ingressantes perpassa qualquer compromisso com os estudos e muito menos com a IES.
Razão por que o ENADE é uma mentira, distante das propostas programáticas contidas nas chamadas NDCs-Novas Diretrizes Curriculares (algumas já fazendo dez aniversários) senão também o ENEM, quando inexiste currículos e conteúdos uniformes, com padrões no território nacional. Como de resto, qualquer avaliação fundada em IGCs,CPCs, etc. etc., impondo isonomia aos diferentes é quase crime. E nisso os réus são, sem dúvida, o MEC – completamente desestruturado – , o INEP, sem qualquer possibilidade de realizar concretamente a avaliação desejável, para o expurgo dos oportunistas, diante de milhares de IES que naufragam (ainda que cobertas de boas intenções mas sem as mínimas condições operativas locais ou regionais). Vide a Instrução Normativa Nº 4, de 31 de maio 2013, testemunho vivo da inoperância do órgão, furtando-se de uma responsabilidade imperativa.
A verdade, verdadeira, axiomática, é que tais IES foram demais audaciosas, impetuosas e oportunistas num cenário que pecou(va) pela inexatidão das propostas no pedido de autorização de funcionamento, pois que sabidamente não encontrariam abrigo na formação de seus quadros docentes, capacidade gerencial e financeira, só imperando a ambição. Hoje muitas delas navegam na sopa da ociosidade de alunado.
Até aqui os leitores habituais estão dizendo que volto com meu caminhãozinho de limões ou tonéis de soda cáustica, o que não é bem assim, mas tomo a liberdade de lembrar um quadro humorístico do passado quando em cena um dos comediantes dizia uma patacoada dos infernos e o outro pegava do telefone limitando-se a pronunciar “Alô ilusão, quem tá falando, tem alguém aí?”
Ora, estamos como Sísifo (o que foi condenado a rolar uma pedra diariamente até o topo de um monte e toda manhã lá estava ela novamente ao rés do chão porque mentira, pretendendo enganar a Morte), senão também o astuto e presunçoso Prometeu (condenado a ter o fígado diariamente comido por abutres, por pretensão além do autorizado por Zeus) que tinha o órgão reconstituído todo dia. São dois clássicos da mitologia grega, quase parecidos com o folclore nacional. Diferentes, no entanto, porque os atores aqui são muitos, a começar pela falência da proposta de cursos de licenciatura nas IES, onde habita o professor dos professores que às vezes mal sabe onde está pisando; a inexistência concreta de Estágios suficientes para licenciandos se adestrarem; sem falar na pobreza dos currículos; da Prática profissionalizante; das Atividades Complementares. Dado o avanço do ensino na modalidade EAD, qual licenciatura no país já tem uma disciplina que verse sobre Capacitação Docente para EAD ? Tudo minguado, escasso, raro, insuficiente, pra não dizer insustentável e débil.
Gerações já se afundaram num mar de oportunidades por simples motivos de carências de habilidades, mas sobretudo de competências diante de um mercado de trabalho ansioso, de parte a parte, porém exigente. Se as escolas garantissem por compromisso algum grau de empregabilidade aos formandos, por certo estariam amargando muitas indenizações, tipo garantia ou pós-venda.
Somem-se a isso as inverdades publicadas pela mídia de que tudo vai bem, somos o primeiro país em tudo, do carnaval/alegria (ambiente putrefato de máfias do jogo, do tráfico, da prostituição, da corrupção e da impunidade); do futebol com tudo que se vê sobre a construção de estádios suntuosos, como se não tivéssemos 40% de analfabetos (incluindo os funcionais) e as escolas caindo aos pedaços, fora os salários degradantes dos docentes.
Continuaremos abordando a pujança da Petrobras no último ano, da Vale, da Bolsa, dos salários, das aposentadorias, da saúde, da segurança e da classe política como os mensaleiros ?
Que outras cores acrescentar a tal pintura, carregando senão no roxo e no preto para destacar a escuridão que paira no setor educacional, por analogias, contaminações e extensões?
A garotada das últimas passeatas, os bons de intenção e índole, conhece as verdades sem se expor aos encantadores de serpentes com flautas mágicas, subordinando cobras que não têm audição?
É a chamada geração Y que está nas ruas enxugando gelo?
Se esta abordagem enveredasse pela avaliação do tão esperado PNE (Plano Nacional de Educação), que ainda está no papel, no Congresso, passados quase três anos de gestação extemporânea porque deveria ter vigor em janeiro de 2013, só resta clamar por “Deus nos acuda”.
Em tempo, sobre as chamadas NDCs (Novas Diretrizes Curriculares), algumas já nem tanto assim, registram edição de quase 10 anos ou mais. Cá pra nós, não são nada novas, como se o mundo não tivesse dado nesse tempo milhares de rotações tecnológicas abandonando o passado.
Afinal, agenda de trabalho como a dos políticos – terça, quarta e quinta – não é pra todo mundo que rala de sol a sol, de segunda a segunda. Acesse o link abaixo pra desandar em choro, no mínimo: https://www.youtube.com/watch?v=EyejpPmZXn0
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Semanas atrás escrevi a um amigo, operador da educação, que o ensino está(va) vivendo momento perigoso de construir-se em cima de alicerces frágeis demais, sobre areia movediça.
Daí, o prédio estar inclinando como Pisa (não confundir com pizza, que é outra receita/realidade). E mais, na troca de mensagens, ele com muita razão, sugeria abordagem de pontos transversais, que de alguma maneira poderiam imbricar-se. Porém, tais temas cobrariam alongamentos bem examinados, significando extensa análise para um só artigo. Pela relevância, serão enfocados, um a um, oportunamente. São eles:
1- educação antigamente só era preocupação das Classes A e B e das famílias de imigrantes que tinham esta percepção;
2- os diversos governos viam a educação mais como uma ação a cumprir e não como uma necessidade de desenvolvimento;
3- o país nunca teve um plano de formação de recursos humanos para o desenvolvimento.
Já me perguntei muitas vezes de onde vem o horror extremado que o povo norte-americano tem a mentiras. Está na literatura, nos filmes, nos colóquios, etc. etc.Ou melhor, no DNA, na cultura e, por que não?, na inteligência do povo ?
No setor da educação, com exceções, é claro, há uma dominância do “me engane que eu gosto”, “você mente que ensina e eu minto que aprendo”, “me dê nota e frequência aqui dentro, porque vou assaltar lá fora, sem esquecer que estou pagando pra você, professor, ter o seu salário”, prevalecendo a Lei de Gerson, o de “levar vantagem em tudo” (cujo protagonista na propaganda, coitado, foi estigmatizado infortunadamente, quando o publicitário, autor da criação da mensagem, foi inocentado/ignorado/absolvido), tudo sob o manto da impunidade ou da miopia.
Qual escola diz ter, mesmo, “X” livros na biblioteca – e não os tem –; sobre currículos e conteúdos, qual pode afirmar categoricamente que são cumpridos à risca; qual IES recebe pelos seletivos tão somente as vagas autorizadas sem exceder 10, 20 e até 50% delas, com o pretexto de que vão terminar o ciclo exatamente conforme a autorização de funcionamento? E o que é um desaforo dos grandes, um acinte/afronta, têm seletivo/vestibular continuado durante semanas ou meses. Por acaso, quem é do setor, alguém já viu alguma comissão de avaliação adentrar alguma biblioteca e sair contando os volumes, questionar a alteração curricular e a efetiva proposta dos seus respectivos conteúdos, além de pedir a relação dos ingressantes para conferência de vagas?
Na mesma oportunidade, fui questionado sobre afirmação que lhe dera sobre a falácia do ensino fundamental e médio no país quando afirmei que a qualidade dos ingressantes perpassa qualquer compromisso com os estudos e muito menos com a IES.
Razão por que o ENADE é uma mentira, distante das propostas programáticas contidas nas chamadas NDCs-Novas Diretrizes Curriculares (algumas já fazendo dez aniversários) senão também o ENEM, quando inexiste currículos e conteúdos uniformes, com padrões no território nacional. Como de resto, qualquer avaliação fundada em IGCs,CPCs, etc. etc., impondo isonomia aos diferentes é quase crime. E nisso os réus são, sem dúvida, o MEC – completamente desestruturado – , o INEP, sem qualquer possibilidade de realizar concretamente a avaliação desejável, para o expurgo dos oportunistas, diante de milhares de IES que naufragam (ainda que cobertas de boas intenções mas sem as mínimas condições operativas locais ou regionais). Vide a Instrução Normativa Nº 4, de 31 de maio 2013, testemunho vivo da inoperância do órgão, furtando-se de uma responsabilidade imperativa.
A verdade, verdadeira, axiomática, é que tais IES foram demais audaciosas, impetuosas e oportunistas num cenário que pecou(va) pela inexatidão das propostas no pedido de autorização de funcionamento, pois que sabidamente não encontrariam abrigo na formação de seus quadros docentes, capacidade gerencial e financeira, só imperando a ambição. Hoje muitas delas navegam na sopa da ociosidade de alunado.
Até aqui os leitores habituais estão dizendo que volto com meu caminhãozinho de limões ou tonéis de soda cáustica, o que não é bem assim, mas tomo a liberdade de lembrar um quadro humorístico do passado quando em cena um dos comediantes dizia uma patacoada dos infernos e o outro pegava do telefone limitando-se a pronunciar “Alô ilusão, quem tá falando, tem alguém aí?”
Ora, estamos como Sísifo (o que foi condenado a rolar uma pedra diariamente até o topo de um monte e toda manhã lá estava ela novamente ao rés do chão porque mentira, pretendendo enganar a Morte), senão também o astuto e presunçoso Prometeu (condenado a ter o fígado diariamente comido por abutres, por pretensão além do autorizado por Zeus) que tinha o órgão reconstituído todo dia. São dois clássicos da mitologia grega, quase parecidos com o folclore nacional. Diferentes, no entanto, porque os atores aqui são muitos, a começar pela falência da proposta de cursos de licenciatura nas IES, onde habita o professor dos professores que às vezes mal sabe onde está pisando; a inexistência concreta de Estágios suficientes para licenciandos se adestrarem; sem falar na pobreza dos currículos; da Prática profissionalizante; das Atividades Complementares. Dado o avanço do ensino na modalidade EAD, qual licenciatura no país já tem uma disciplina que verse sobre Capacitação Docente para EAD ? Tudo minguado, escasso, raro, insuficiente, pra não dizer insustentável e débil.
Gerações já se afundaram num mar de oportunidades por simples motivos de carências de habilidades, mas sobretudo de competências diante de um mercado de trabalho ansioso, de parte a parte, porém exigente. Se as escolas garantissem por compromisso algum grau de empregabilidade aos formandos, por certo estariam amargando muitas indenizações, tipo garantia ou pós-venda.
Somem-se a isso as inverdades publicadas pela mídia de que tudo vai bem, somos o primeiro país em tudo, do carnaval/alegria (ambiente putrefato de máfias do jogo, do tráfico, da prostituição, da corrupção e da impunidade); do futebol com tudo que se vê sobre a construção de estádios suntuosos, como se não tivéssemos 40% de analfabetos (incluindo os funcionais) e as escolas caindo aos pedaços, fora os salários degradantes dos docentes.
Continuaremos abordando a pujança da Petrobras no último ano, da Vale, da Bolsa, dos salários, das aposentadorias, da saúde, da segurança e da classe política como os mensaleiros ?
Que outras cores acrescentar a tal pintura, carregando senão no roxo e no preto para destacar a escuridão que paira no setor educacional, por analogias, contaminações e extensões?
A garotada das últimas passeatas, os bons de intenção e índole, conhece as verdades sem se expor aos encantadores de serpentes com flautas mágicas, subordinando cobras que não têm audição?
É a chamada geração Y que está nas ruas enxugando gelo?
Se esta abordagem enveredasse pela avaliação do tão esperado PNE (Plano Nacional de Educação), que ainda está no papel, no Congresso, passados quase três anos de gestação extemporânea porque deveria ter vigor em janeiro de 2013, só resta clamar por “Deus nos acuda”.
Em tempo, sobre as chamadas NDCs (Novas Diretrizes Curriculares), algumas já nem tanto assim, registram edição de quase 10 anos ou mais. Cá pra nós, não são nada novas, como se o mundo não tivesse dado nesse tempo milhares de rotações tecnológicas abandonando o passado.
Afinal, agenda de trabalho como a dos políticos – terça, quarta e quinta – não é pra todo mundo que rala de sol a sol, de segunda a segunda. Acesse o link abaixo pra desandar em choro, no mínimo: https://www.youtube.com/watch?v=EyejpPmZXn0
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Do Lado Direito, não do avesso
Prof. Roney Signorini
Consultor e Assessor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Há poucos dias, neste junho de 2013, chegou-nos às mãos outra edição da excelente revista (nº 177) do IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor -– trazendo ótima entrevista concedida pela profa. Lisete Arelaro, diretora da Faculdade de Educação da USP, na qual ela deita críticas contra a expansão de empresas privadas no ensino superior sob o título Democratização às Avessas na Educação.
Do lide da matéria, para efeito de economia, alguns trechos com aspas, “... Lisete expressa preocupação com a baixa qualidade na formação em faculdades particulares, critica a falta de política de formação de pesquisadores, cobra rigor na fiscalização do MEC, alerta para o perigo da disseminação dos cursos na modalidade EAD e comenta o impacto da contratação de sistemas de ensino nas escolas públicas”.
Para uma análise isenta sobre dita entrevista, é forçoso perguntar se as afirmações foram feitas com base em apreciação dos IGCs e CPCs das IES, principalmente nas licenciaturas e bacharelados dos cursos de formação. Embora tendo alguma intimidade com as estatísticas do INEP, não consigo localizar todos esses cursos. Ou seja, quantos são, em quais habilitações, número de ingressantes e concluintes, grau de evasão/desistência, repetências e retenções, retomadas, transferências, etc. etc. E, sobretudo das origens do público que procura pelas carreiras de magistério, do fundamental ao médio. Sabe-se que a quase totalidade saiu do ensino público, o que quer dizer, mal e sofridamente concluído. Portanto, tal pecha decorre da incúria governamental – municipal, estadual ou federal – subtraindo-se do cenário a responsabilidade da iniciativa privada.
Tal premissa, por si só, inocenta a iniciativa privada, que não criou a aprovação automática(promoção continuada), o PROUNI, o SISU e o ENEM. Muito menos as cotas no plexo educacional, absurdo no qual não prevalece a meritocracia.
Nesta incursão apreciativa, ficam de lado os demais cursos e áreas pois exigiria alongamentos que só podem merecer atenção por especificidades, o que é tarefa hercúlea para o momento.
Vale aqui, por lembrança, episódio que pode bem retratar o quadro, a justificar alguma deficiência em propostas educativas no setor privado, quando ouvi de um diretor de TV sobre o baixo índice da programação do canal. Dizia ele que é impossível elevar os índices no IBOPE pela simples razão de que falta boa programação pela inexistência de anunciantes. E faltam anunciantes pela péssima programação. Como resolver senão tirar o programa do ar, fechar o núcleo de produção, despedir os contatos (gente que aproxima a estação da agência de publicidade)?
De fato podem faltar algumas condições à iniciativa privada para a mantença de alguns cursos de Formação, diferentemente daquelas que o poder público municia como os listados pela professora Lisete: “... jornada e condições de trabalho para os professores, equipamentos, atualização de conhecimento, sendo pagos para melhorar o conhecimento, podendo ir ao exterior, tendo bolsas de estudo permanente, enfim, condições de trabalho bastante razoáveis.”
Dentre as milhares de IES, muitas centenas se aplicam a fazer de suas escolas casas dignas desse nome, envidando esforços gigantescos para a continuidade da tradição, do nome, da qualidade e sobretudo pela consequência natural de seus propósitos, que é a possibilidade de empregabilidade. Ninguém menospreza clientela. Seria o fim da linha.
Quanto ao gigantismo que alguns grupos educacionais estão alcançando no cenário brasileiro/mundial eu ressaltaria duas opiniões: ainda bem, pois sem a eficácia administrativa deles o que seria das instituições que beiravam a pobreza podendo culminar em fechamento com consequências desastrosas para o setor, para as famílias e aos próprios estudantes; por segundo, se tudo que é grande começou pequeno, se tudo que está errado tem de ir ao acerto, pois só com ele existe compromisso , é de se esperar que o pão venha depois da farinha. Ninguém em sã consciência deseja transitar por loucuras, desplantes e demências educacionais. Tudo a seu tempo e a cada passo, melhor, sobretudo se o clima for cooperativo entre públicas e privadas, sem o que algumas etapas poderão ser mais difíceis, morosas e custosas. São fundamentais parcerias e reciprocidades no único escopo do educador que precisa ver o conjunto como bem nacional. E nada de trazer paralelismos com outros povos/nações porque nesse tocante cada um é cada um com seus projetos de todas as ordens, inclusive o político. Não é preciso buscar isonomia com a China, EUA ou Chile onde há histórias, culturas, genes e DNAs totalmente diferentes. Assim evitamos a esparrela de tratar diferentes como iguais.
Se a iniciativa foi governamental na criação do PROUNI, por certo razões e motivos existiam, quem sabe os de que, embora “custando” aos cofres públicos, isso represente, com algum acerto, que as mesmas vagas aplicadas no setor público fossem seis vezes mais caras ao erário. Embora, adiante-se, os alunos contemplados com o beneficio sejam atendidos com expressivíssimo volume de Mestres e Doutores, com regimes de dedicação, e minimamente por simples graduados, conforme o INEP, aprendendo em laboratórios com investimentos quase cinco vezes superiores ao que os governos fazem em suas escolas, majorando acervos bibliotecários sem igual na história. Particularmente, não sou adepto às quantidades, daí porque inclinar-me somente à qualidade bibliográfica, descartando dissertações e teses transformadas em obras de consulta regressivas/digressivas. E cá pra nós, como tem.
Tratar sobre EAD em pequeno espaço editorial é correr riscos, a iniciar porque engatinha no país, tem sérios problemas sobretudo de capacitação docente para os AVAs – ambiente virtual de aprendizagem -(quantas licenciaturas no país estão dedicando ao menos uma disciplina curricular para isso ?) , inadequação de aplicação da modalidade a todo e qualquer curso/área, momentos de presencialidade, bibliografias ao dispor (sérios problemas autorais), equipamento e instrumental informatizado necessário, imersão no conceito da auto responsabilidade e compromisso pessoal, boa formação anterior dos vários atores envolvidos, conhecimento prévio de currículos e conteúdos a desenvolver. E por aí vai. Mas que é uma realidade mundial não tenhamos dúvida.
Embora não tendo procuração de governo(s), sempre respeitosamente às colocações da professora Lisete, como até aqui dedicado , é preciso expor discordância a dois pontos de sua entrevista:
1-) os sistemas privados de ensino que estão adentrando nas redes públicas do país têm razões que podem ser justificadas pela própria desídia de governos, que nunca conseguiu formular em nível nacional os conteúdos programáticos, até mesmo caminhando à deriva na postulação deles. O jornalista Fábio Takashi, pela Folha, em 7/12/09 informava que por levantamento feito no Estado de São Paulo 37% das redes municipais de ensino não possuíam currículo para suas escolas. De onde adotar/comprar o projeto pronto, construído, acredito, em total sintonia para com o público a que se destina. Afinal, as centenas de docentes, pedagogos e operadores da educação que estão a formular tais sistemas são gente de nomeada, dotados de muitas habilidades e competências, que talvez tenham migrado do setor público ao privado levando suas inteligências, à procura de melhores salários, reconhecimento e respeito.
2-) quanto ao PNE 2001-2010 há pouco por dizer dada a sua falência de não implementação sequer em 50% do que foi estruturado. Ou seja, jogaram uma pá de cal. Quanto ao de 2011-2020, é uma caixa preta, ou de Pandora. Já decorreram seis meses e ainda desfila em passarelas de orgulhos e vaidades, com muitos holofotes, reiterando a síndrome do spotlight político..
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