Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Com o título intrigante de Medicina Tumultuada, o Estadão colocou na segunda página de terça-feira, 20, o artigo escrito pelos médicos Adib Jatene e José da Silva Guedes , ambos membros da Comissão de Especialistas do Ensino Médico do MEC.
Pelo visto, os dois saíram como candidatos a opinion makers do programa Mais Médicos deixando claro, entre outras afirmações, que não consideraram dois fatos para efeito de análise: que falam da altura de suas dezenas de anos de experiência profissional e que o médico formado hoje é muitas vezes melhor do que quando a dupla se formou. Não há nisso nenhuma provocação para ressaltar a neoformação de médicos, mas os doutos me permitam lembrar que a contemporaneidade se faz dia a dia.
Jatene & Guedes não trouxeram nada de novo em suas falas, deixando ao leitor, entretanto, algumas sinalizações da filosofia de trabalho que podem dominar a vetusta Comissão que integram.
Baixam críticas de que “desde 1996, o número de escolas médicas vem crescendo de maneira excessiva, pois naquele ano havia 82 cursos, 60% dos quais públicos e 40% privados”. E que a maioria dos “particulares não tinham tradição no setor de saúde e, por isso, não possuíam complexo médico-hospitalar e ambulatorial permitindo o ensino na fase clínica”. Como solução, referindo-se às particulares, dizem que “valeram-se do SUS para ministrar o curso, com evidente prejuízo para o ensino”. Em outras palavras e também nas entrelinhas, desejam Jatene & Guedes que as escolas invistam num plexo médico completo, sem um nem outro se valerem do SUS, pois destacam que “serviços eminentemente assistenciais não são adequados ao ensino”. Assim, nesse diapasão, os articulistas não estão concordando com a MP 621.
Acrescentam que a partir de 1996 mais 120 novos cursos foram criados, dos quais 70% pela iniciativa privada, de onde se perguntar: por que tal aumento não se deu no mundo público? E que de nove mil passaram a graduar-se 18 mil médicos por ano, sem precisar, com exatidão, se a partir de 1996 ou de 2004, findo o ciclo formativo de 6+2.
Ao dizerem que a distribuição de médicos é desigual poderiam ter acrescentado que a expressiva maioria egressa de cursos públicos domina as principais avenidas paulistas, cariocas, paranaenses, baianas, mineiras, etc., com belos consultórios, negando-se a aceitar pacientes de convênios, cobrando o que bem entendem e recusando a periferia.
Acontece que é assim mesmo que a vida corre, como na máxima de Ortega y Gasset, cuja teoria centrou a discussão no conceito de vida experimentado na primeira pessoa. Com o “eu sou eu e minhas circunstâncias (minhas conveniências), se não salvo a ela (circunstância) não salvo a mim“ particulariza os problemas de cada homem. O filósofo indica que o homem pode mudar a sua vida transformando a realidade em que vive. Se não fizer, afunda-se na circunstância e não dá sentido à própria vida. Daí que a escolha é democrática, pois há quem não queira ir trabalhar em Xapuri, porque é solteiro, noivo ou casado, tem ou não prole.
Aliás, a presidente Dilma, irônica, fez comentário sobre a escolha preferida pelos médicos que maciçamente desejam atender no litoral. E não?
As contas não fecham diante dos números que indicam que mais da metade da população vive em apenas 3% dos 5.564 municípios brasileiros, e 3.511 deles estão a demandar 15.460 vagas para o Mais Médicos e só 1.618 profissionais confirmaram participação, dos quais 354 são estrangeiros. Pelo número 18 mil indicado acima, uma única “fornada”, de 2004 para cá, resolveria o problema! Até porque, de lá para cá estamos quase em 10 anos alcançando a “bagatela” de 180 mil médicos. Alô, alô, prezados e imprescindíveis do avental branco, por onde andam vocês? Aqui tem gato miando na tuba. E vai acontecer uma “2ª época” para os hesitantes, pois as inscrições foram reabertas no dia 19 e irão até 30 de agosto. Arrisco dizer que esse expediente vai se replicar até a satisfação das demandas. É esperar para ver.
Afirmar que “não foi possível(?) dotar as cidades de todos os determinantes sociais de saúde, como saneamento básico, transporte, segurança, educação e também o equipo de saúde” é simplismo, pois não avalia as condutas administrativas e políticas, digamos, dos últimos 10 anos, de absoluta incúria, desídia e negligência, sem prognósticos nem planejamentos de futuro. É falácia dizer que não há/havia verba, pois nos últimos tempos estivemos perdoando dívidas como nunca pelo mundo fora, sem se falar no evento Copa do Mundo, absurdo maior. Por óbvio, as IES particulares não têm nada com isso, ao contrário, têm formado não só bons médicos, como também todo o entorno – fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, farmacêuticos, veterinários, dentistas, técnicos diversos e demais.
Há algum mal, algum erro em conduzir estudantes do ensino privado à realização de residências, sob convênios, como ocorre em São Paulo, por exemplo, junto ao Hospital Beneficência Portuguesa ou Pérola Byington, mesmo que debaixo de enormes somas contratuais para a instituição de ensino?
Argumentar que o médico formado atualmente não está sendo preparado para atender à população é certo exagero, talvez equívoco semântico. Dizem os articulistas que não estamos formando generalistas, mas especialistas e assim aqueles não têm para quem encaminhar o cliente do SUS. A proceder a afirmação, os autores estão cobertos de razão ao sugerir aos pequenos (e por que não também aos médios?) municípios a organização de consórcios intermunicipais, com uma sede-polo, embora afrontada pela atual MP 621.
No mais, fica o apelo de urgência para que o governo reveja suas propostas e acione mecanismos realmente estruturantes e duradouros, fundamentados na real necessidade de toda a população, como querem Jatene & Guedes.
Saiu no Fórum dos Leitores do Estadão
ERRO MÉDICO
Uma vez que a reação contrária à importação de médicos estrangeiros, considerada pelos menos avisados como corporativismo, não foi aceita e os médicos de fora estão chegando, cabe uma pergunta: o governo se responsabilizará pelos erros que esses contratados certamente cometerão? Sem falar a língua e, sem recursos de apoio, muitos erros certamente ocorrerão. Mais provável ainda por serem admitidos médicos sem a menor avaliação de seus conhecimentos. Fica apenas uma certeza: Fidel agradece.
Geraldo Siffert Junior, médico geraldo.siffert@ig.com.br - Rio de Janeiro
MÉDICOS DE FORA
Como é possível que Conselhos Regionais de Medicina e Associações Médicas aceitem essa barbaridade que é a contratação de 6 mil médicos cubanos, que vão "assumir suas funções" depois de três semanas de capacitação!? Onde estão as lideranças, as cabeças pensantes, os professores e diretores das faculdades de Medicina, que não usam sua influência para coibir enquanto é tempo esse plano macabro que vai pôr em risco não só a saúde do povo, como, principalmente, nossa segurança nacional, pois se trata de infiltração cubana dentro do nosso território? É o Cavalo de Troia atualizado.
Diva Rodrigues Pedrosa diva.rodrigues@terra.com.br
SEM DÚVIDA
Primeiro foi o Mais Médicos. Agora vem o programa Mais e Melhores Engenheiros. Não é o momento exato de o governo federal criar o programa Melhores Políticos ou Políticos Honestos? Esse, sim, seria um programa para resolver todos os problemas brasileiros. Não tenho dúvidas quanto a esse programa.
Fábio Pellegrini fabiopell@terra.com.br - Rio Claro
REGIONALISMO
Dilma ironiza a escolha dos médicos no programa Mais Médicos, a grande maioria tendo optado pelo litoral. Esquece-se de que ela própria, ao decidir-se pela luta armada como forma de combater o regime e implantar a ditadura comunista no Brasil, optou pela guerrilha no Centro-Sul, com incursões à Bahia, que ninguém é de ferro. Uns poucos, menos espertos ou mais loucos, internaram-se na selva na utópica aventura do Araguaia. Cada um deveria saber o telhado que tem!
Roberto Viana Santos rovisa681@gmail.com – Salvador
terça-feira, 27 de agosto de 2013
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Temos Pressa, Muita Pressa
Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Recentemente, no blog da Abmes, o prof. Antonio Veronezi ( UnG) deixou considerações sobre o assunto Conglomerados Educacionais: prós e contras, tema quer não raro é tocado com delicadeza e pudores por economistas, mercadólogos, financistas e gente de muita expertise no setor, como ele. E o título contém dois destaques-avisos.
Para aditar a opinião do prof. Veronezi, modestamente e com muito respeito, alguns dados históricos ajudam a ampliar cenários de análises e o primeiro deles é o rol de Ministros da Educação que tivemos partindo do marco Jarbas Passarinho, como quis o articulista:
Aloizio Mercadante, 24/01/2012,
Fernando Haddad, 29/07/2005 a 24/01/2012,
Tarso Genro, 27/01/2004 a 29/07/2005,
Cristovam Buarque, 01/01/2003 a 27/01/2004
Paulo Renato Souza, 01/01/95 a 01/01/2003
Murílio de Avellar Hingel, 01/10/92 a 01/01/95
Eraldo Tinoco Melo, 04/08/92 a 01/10/92
José Goldemberg, 02/08/91 a 04/08/92
Carlos Alberto Chiarelli, 15/03/90 a 21/08/91
Carlos Corrêa de Menezes Sant’anna, 16/01/89 a 14/03/90
Hugo Napoleão do Rego Neto, 03/11/87 a 16/01/89
Jorge Konder Bornhausen, 14/02/86 a 05/10/87
Marco Antônio de Oliveira Maciel, 15/03/85 a 14/02/86
Esther de Figueiredo Ferraz, 24/08/82 a 15/03/85
Rubem Carlo Ludwig, 27/11/80 a 24/08/82
Eduardo Mattos Portella, 15/03/79 a 26/11/80
Euro Brandão, 30/05/78 a 14/03/79
Ney Aminthas de Barros Braga, 15/03/74 a 30/05/78
Jarbas Gonçalves Passarinho, 03/11/69 a 15/03/74
Considerando a data de saída do Ministro Passarinho, lá se vão quase 40 anos, cadeira ocupada por quase vinte pessoas. É admissível estabelecer a média de um a cada dois anos ? Nada, nenhum empreendimento aguenta esse turn-over na cabeceira da mesa.
Nesse período, qual mantenedor não se expôs às intempéries, amores e rancores do poder público educacional pindorama?
Para tangenciar o assunto, o prof. Veronezi destaca a condição jurídica atual de que as IES são sociedades civis com fins lucrativos, contrariamente ao passado nas décadas 60,70 e 80. Forçoso admitir que nem por isso as mantenças privadas deixaram de auferir vantagens, com toda a justiça, pela relevância do trabalho social. Não se fala aqui das confessionais, fundacionais, filantrópicas, etc., assunto à parte.
Infelizmente, tanto o MEC como a sustentação pelo Código Civil, criou-se a figura esdrúxula da mantença dicotomizada com os cursos. Mas, bem ou mal, foi um início de muitas agruras, sim. Ou seja, o MEC não “admitia” a presença do setor privado por inteiro mas muitos foram os corajosos que empreenderam, mesmo com as restrições.
E deixaram extraordinários legados com muitos valores agregados. Uns souberam aproveitar o cavalo encilhado que passava, outros desconsideraram sem reaplicações no próprio negócio, para quem o futuro não seria nada colorido (? $).
O prof. Veronezi vai em frente relatando as dificuldades de aprovação e criação de cursos quando de fato preponderavam outros índices, um dos quais o fornecido pelo IBGE que ditava autoritariamente os locais/regiões onde se pudesse instalar um curso superior. Olhar míope que os integrantes do extinto CFE balizavam seus Pareceres. A rigor, na época, dada a inexistência de um quadro pós-graduado no mercado tal exigência era para inglês ver pois até Notório Saber admitia participação. E era um sucesso na linha da fazeção. Já preencheu vaga até em Federal.
Para os saudosistas de São Paulo, era muito mais fácil, rápido e barato ir até a Delegacia do MEC, nas proximidades da Rua Apa, nos Campos Elísios. Sem a presença perniciosa de atravessadores que se prestavam a “montar processos” como em linha de produção, trazendo mais problemas do que soluções para a autorização ou reconhecimento de cursos. Então, os mantenedores levavam seus processos em baixo do braço a despachar com o Delegado.
Aqui se inicia a era da concorrência predatória na qual aventureiros de todos os jaezes fizeram seus pleitos por autorizações de funcionamento, sem a menor possibilidade de dar consecução à educação de qualidade. Quem falhou, as entidades de classe ou o MEC ?
Aproximava-se o momento da massificação do ensino que permitiria em sala não 50 mas 100 alunos diminuindo pela metade(?) os custos, em abandono das reais propostas educacionais de qualidade. Acrescente-se também que o aluno egresso das escolas de 2º grau não chegavam tão ruins como os de hoje. Mais este elemento de perda da qualidade no momento atual.
Afrouxamento das regras ou não, as IES deveriam ter mantido seus comprometimentos por bem formar. Não é porque liberou geral que se mergulha no descaso e na desídia quando está em jogo não o presente mas o futuro. Para a educação nunca prevalece o presente que deverá ter sido discutido no passado para assumir o hoje. Na atualidade, devemos discutir o futuro porque existe uma região abissal do ingresso do estudante até a sua formação, 4 anos mais tarde. Os conhecimentos, hoje, de hoje, estão defasados 72 horas. Imaginemos 2-3-ou 4 anos.
Dizer que muitas IES se renderam a grupos de investidores criando os conglomerados é não considerar que o risco de qualquer empreendimento é inerente ao negócio mal administrado, que não conseguiu antever mudanças, o novo.
Por que os conglomerados se valem de experts na interpretação de negócios ?
Por que tais profissionais não estavam nos quadros das IES que se entregaram ?
Não há nada de errado em fusões, incorporações, fazer parte de conglomerados. Vide uma grande variedade de setores/atividades trilhando o objetivo como no ramo de farmácias, planos de saúde, laboratórios, postos de gasolina, bancos, etc. etc. Ótimo.
Na avaliação do articulista, muitas IES “se instalaram no entusiasmo e sem planejamento” como as que não optaram pela “profissionalização interna se renderam.”.
Plenamente de acordo quanto à falta de entusiasmo e de planejamento, predicados sem os quais a educação não avança. Foram afoitas, sem escrúpulos no desenho de suas IES e acabaram por murchar. Mas, num mundo globalizado não implementar profissionalização é descuido sem absolvição.
Melhor para a educação nacional que grupos/conglomerados, nacionais ou não, exerçam seu mister com proficiência e eficácia à luz das realidades que nos esbofeteiam.
Melhor com eles do que com aqueles, exceções feitas, pois temos pressa, muita pressa.
E é melhor que somemos experiências globais o mais rápido possível antes de ficar bradando tacapes, ibirapemas e bordunas tupiniquins.
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Recentemente, no blog da Abmes, o prof. Antonio Veronezi ( UnG) deixou considerações sobre o assunto Conglomerados Educacionais: prós e contras, tema quer não raro é tocado com delicadeza e pudores por economistas, mercadólogos, financistas e gente de muita expertise no setor, como ele. E o título contém dois destaques-avisos.
Para aditar a opinião do prof. Veronezi, modestamente e com muito respeito, alguns dados históricos ajudam a ampliar cenários de análises e o primeiro deles é o rol de Ministros da Educação que tivemos partindo do marco Jarbas Passarinho, como quis o articulista:
Aloizio Mercadante, 24/01/2012,
Fernando Haddad, 29/07/2005 a 24/01/2012,
Tarso Genro, 27/01/2004 a 29/07/2005,
Cristovam Buarque, 01/01/2003 a 27/01/2004
Paulo Renato Souza, 01/01/95 a 01/01/2003
Murílio de Avellar Hingel, 01/10/92 a 01/01/95
Eraldo Tinoco Melo, 04/08/92 a 01/10/92
José Goldemberg, 02/08/91 a 04/08/92
Carlos Alberto Chiarelli, 15/03/90 a 21/08/91
Carlos Corrêa de Menezes Sant’anna, 16/01/89 a 14/03/90
Hugo Napoleão do Rego Neto, 03/11/87 a 16/01/89
Jorge Konder Bornhausen, 14/02/86 a 05/10/87
Marco Antônio de Oliveira Maciel, 15/03/85 a 14/02/86
Esther de Figueiredo Ferraz, 24/08/82 a 15/03/85
Rubem Carlo Ludwig, 27/11/80 a 24/08/82
Eduardo Mattos Portella, 15/03/79 a 26/11/80
Euro Brandão, 30/05/78 a 14/03/79
Ney Aminthas de Barros Braga, 15/03/74 a 30/05/78
Jarbas Gonçalves Passarinho, 03/11/69 a 15/03/74
Considerando a data de saída do Ministro Passarinho, lá se vão quase 40 anos, cadeira ocupada por quase vinte pessoas. É admissível estabelecer a média de um a cada dois anos ? Nada, nenhum empreendimento aguenta esse turn-over na cabeceira da mesa.
Nesse período, qual mantenedor não se expôs às intempéries, amores e rancores do poder público educacional pindorama?
Para tangenciar o assunto, o prof. Veronezi destaca a condição jurídica atual de que as IES são sociedades civis com fins lucrativos, contrariamente ao passado nas décadas 60,70 e 80. Forçoso admitir que nem por isso as mantenças privadas deixaram de auferir vantagens, com toda a justiça, pela relevância do trabalho social. Não se fala aqui das confessionais, fundacionais, filantrópicas, etc., assunto à parte.
Infelizmente, tanto o MEC como a sustentação pelo Código Civil, criou-se a figura esdrúxula da mantença dicotomizada com os cursos. Mas, bem ou mal, foi um início de muitas agruras, sim. Ou seja, o MEC não “admitia” a presença do setor privado por inteiro mas muitos foram os corajosos que empreenderam, mesmo com as restrições.
E deixaram extraordinários legados com muitos valores agregados. Uns souberam aproveitar o cavalo encilhado que passava, outros desconsideraram sem reaplicações no próprio negócio, para quem o futuro não seria nada colorido (? $).
O prof. Veronezi vai em frente relatando as dificuldades de aprovação e criação de cursos quando de fato preponderavam outros índices, um dos quais o fornecido pelo IBGE que ditava autoritariamente os locais/regiões onde se pudesse instalar um curso superior. Olhar míope que os integrantes do extinto CFE balizavam seus Pareceres. A rigor, na época, dada a inexistência de um quadro pós-graduado no mercado tal exigência era para inglês ver pois até Notório Saber admitia participação. E era um sucesso na linha da fazeção. Já preencheu vaga até em Federal.
Para os saudosistas de São Paulo, era muito mais fácil, rápido e barato ir até a Delegacia do MEC, nas proximidades da Rua Apa, nos Campos Elísios. Sem a presença perniciosa de atravessadores que se prestavam a “montar processos” como em linha de produção, trazendo mais problemas do que soluções para a autorização ou reconhecimento de cursos. Então, os mantenedores levavam seus processos em baixo do braço a despachar com o Delegado.
Aqui se inicia a era da concorrência predatória na qual aventureiros de todos os jaezes fizeram seus pleitos por autorizações de funcionamento, sem a menor possibilidade de dar consecução à educação de qualidade. Quem falhou, as entidades de classe ou o MEC ?
Aproximava-se o momento da massificação do ensino que permitiria em sala não 50 mas 100 alunos diminuindo pela metade(?) os custos, em abandono das reais propostas educacionais de qualidade. Acrescente-se também que o aluno egresso das escolas de 2º grau não chegavam tão ruins como os de hoje. Mais este elemento de perda da qualidade no momento atual.
Afrouxamento das regras ou não, as IES deveriam ter mantido seus comprometimentos por bem formar. Não é porque liberou geral que se mergulha no descaso e na desídia quando está em jogo não o presente mas o futuro. Para a educação nunca prevalece o presente que deverá ter sido discutido no passado para assumir o hoje. Na atualidade, devemos discutir o futuro porque existe uma região abissal do ingresso do estudante até a sua formação, 4 anos mais tarde. Os conhecimentos, hoje, de hoje, estão defasados 72 horas. Imaginemos 2-3-ou 4 anos.
Dizer que muitas IES se renderam a grupos de investidores criando os conglomerados é não considerar que o risco de qualquer empreendimento é inerente ao negócio mal administrado, que não conseguiu antever mudanças, o novo.
Por que os conglomerados se valem de experts na interpretação de negócios ?
Por que tais profissionais não estavam nos quadros das IES que se entregaram ?
Não há nada de errado em fusões, incorporações, fazer parte de conglomerados. Vide uma grande variedade de setores/atividades trilhando o objetivo como no ramo de farmácias, planos de saúde, laboratórios, postos de gasolina, bancos, etc. etc. Ótimo.
Na avaliação do articulista, muitas IES “se instalaram no entusiasmo e sem planejamento” como as que não optaram pela “profissionalização interna se renderam.”.
Plenamente de acordo quanto à falta de entusiasmo e de planejamento, predicados sem os quais a educação não avança. Foram afoitas, sem escrúpulos no desenho de suas IES e acabaram por murchar. Mas, num mundo globalizado não implementar profissionalização é descuido sem absolvição.
Melhor para a educação nacional que grupos/conglomerados, nacionais ou não, exerçam seu mister com proficiência e eficácia à luz das realidades que nos esbofeteiam.
Melhor com eles do que com aqueles, exceções feitas, pois temos pressa, muita pressa.
E é melhor que somemos experiências globais o mais rápido possível antes de ficar bradando tacapes, ibirapemas e bordunas tupiniquins.
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