Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Primeiro Esopo, depois La Fontaine
e por último Monteiro Lobato.
A fábula revista.
e por último Monteiro Lobato.
A fábula revista.
O Ministro da Educação, Henrique Paim, esteve em São Paulo
na quinta-feira (11) participando do 8º Prêmio Professores do Brasil, ocasião
em que se pronunciou com a enfadonha afirmação de que “os resultados das ações
de melhoria na educação vêm a médio e longo prazo e não têm efeito imediato”.
A propósito, parece um tanto despropositado afirmar isso
diante de uma plateia reunida para a cerimônia de entrega de um prêmio que tem
como objetivo valorizar as iniciativas de professores nas escolas públicas, ao
qual concorreram 6.808 projetos com 39 vencedores, cada um abocanhando R$ 6
mil.
Ou seja, justamente aqueles que desejam(vam) ouvir notícias
promissoras, mais auspiciosas sobre o que vem aí no novo mandato de Dilma,
tiveram de se contentar com a colocação nada oportuna, pelo contrário,
inaceitável, de ouvir de um ministro que estamos em marcha lenta, quase parando
porque nada entusiasma, a partir dos certames nacionais e internacionais de que
temos participado. Em todos eles, ´”lanterninha da miúda”, fim da fila.
Com aquela afirmativa, o ministro se referia aos resultados
da Prova Brasil 2013, cujo índice de alunos das escolas públicas quanto ao
aprendizado de matemática foi de 11,2%, inferior ao de 2011, que foi de 12%. Ou
seja, pioramos na coroa, mas melhoramos na cara umas migalhas quanto ao
português, com ênfase em leitura, da ordem de 23,6% contra 22,2 no resultado
anterior. Leia-se o
editorial da Folha no dia 12/12, no link http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/12/1561250-editorial-a-lingua-condenada.shtml.
Em aparente flagrante paradoxal, o ministro se quedou contraditório, ou melhor,
quis cantar o Samba de Uma Nota Só, embora no plural, ao dizer que “nós estamos vivendo um momento
no Brasil que a cada vez mais a sociedade cobra mais educação”. É de perguntar,
dá pra ser diferente?
A
notícia divulgada pela Veja em 11/12/2014:
40% dos alunos concluem o ensino
fundamental sem saber interpretar textos
“Mesmo depois de passar nove anos na escola, 40% dos estudantes
brasileiros não conseguem sequer identificar o assunto principal de um texto
após sua leitura. E 37% deles também não são capazes de assimilar a ideia
de porcentagem em um problema de matemática. É o que revelam os dados
preliminares da Prova Brasil 2013, tabulados pelo Instituto Ayrton Senna e
divulgados nesta quinta-feira.
"Os resultados da avaliação mostram que o problema da educação é
cumulativo: o aluno começa no ensino fundamental com o baixo desempenho e
segue nesse nível para o ensino médio. Se ele não consegue interpretar um texto
simples quando chega ao 9º ano, não saberá resolver um problema de física ou
compreender uma questão de filosofia quando estiver no ensino médio,
perpetuando um ciclo de baixa aprendizagem", explica
Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna.”
E ele continuou: “Essa cobrança permanente da sociedade
exige que o poder público seja mais presente, com efetiva atuação dos
servidores e chefes das três esferas de governo”. Isto dito é alguma coisa como
dizer que “não coloco defeito em ninguém. Foi Deus que colocou e eu só
comento.”
Talvez a intenção fosse de mostrar convicções, que
sabidamente são inimigas da verdade, mais perigosas que as mentiras, conforme
Nietzsche.
O fato é que não convenceu com a sua falta de pressa, de
açodamento necessário, porque não temos tempo, não temos mais tempo para nada, porém
insistiu que nos últimos anos a agenda das políticas públicas de educação mudou
em razão de questões estruturais que foram consolidadas. Parabéns.
Pela informação, dois avanços foram significativos: a criação do Fundeb e do sistema de estatísticas e avaliações, com outra contrariedade no discurso, dizendo que hoje se consegue saber qual a situação de cada estudante de cada escola. Ou seja, sistema exitoso, mas mesmo assim “os resultados das ações de melhoria na educação vêm a médio e longo prazo e não têm efeito imediato”. Estaria o MEC desfalcado em pessoal, técnicos e demais, quantitativa e qualitativamente? Quem sabe a lebre de Esopo ?
Pela informação, dois avanços foram significativos: a criação do Fundeb e do sistema de estatísticas e avaliações, com outra contrariedade no discurso, dizendo que hoje se consegue saber qual a situação de cada estudante de cada escola. Ou seja, sistema exitoso, mas mesmo assim “os resultados das ações de melhoria na educação vêm a médio e longo prazo e não têm efeito imediato”. Estaria o MEC desfalcado em pessoal, técnicos e demais, quantitativa e qualitativamente? Quem sabe a lebre de Esopo ?
Certa vez deixei um aparelho eletrônico para consertar em
oficina de renome
e ao preencher a ficha de entrada – a ordem de serviço –, o funcionário atendente foi logo me dizendo que dada a circunstância era proibido fazer duas perguntas: quando iria ficar pronto e quanto custaria o serviço. Saí calado do recinto, ali só voltando depois de 49 dias para retirar.
e ao preencher a ficha de entrada – a ordem de serviço –, o funcionário atendente foi logo me dizendo que dada a circunstância era proibido fazer duas perguntas: quando iria ficar pronto e quanto custaria o serviço. Saí calado do recinto, ali só voltando depois de 49 dias para retirar.
O ministro não poderia “ajudar” um pouco, sem tergiversar,
satisfazendo a curiosidade que se arrasta
há séculos na sua pasta? Afinal, médio e longo prazo é pra quando?
Vale lembrar
Esopo da Grécia antiga, fábula metafórica que o Ministro encarnaria: Um dia uma tartaruga começou a contar vantagem dizendo que corria muito depressa, que a lebre era muito mole, e enquanto falava, a tartaruga ria e ria da lebre. Mas a lebre ficou mesmo impressionada foi quando a tartaruga resolveu apostar uma corrida com ela.
"Deve ser só de brincadeira!", pensou a lebre.
A raposa era o juiz e recebia as apostas. A corrida começou, e na mesma hora, claro, a lebre passou à frente da tartaruga. O dia estava quente, por isso lá pelo meio do caminho a lebre teve a idéia de brincar um pouco. Depois de brincar, resolveu tirar uma soneca à sombra fresquinha de uma árvore.
"Se por acaso a tartaruga me passar, é só correr um pouco e fico na frente de novo", pensou.
A lebre achava que não ia perder aquela corrida de jeito nenhum. Enquanto isso, lá vinha a tartaruga com seu jeitão, arrastando os pés, sempre na mesma velocidade, sem descansar nem uma vez, só pensando na chegada. Ora, a lebre dormiu tanto que esqueceu de prestar atenção na tartaruga. Quando ela acordou, cadê a tartaruga? Bem que a lebre se levantou e saiu zunindo, mas nem adiantava! De longe ela viu a tartaruga esperando por ela na linha de chegada.
O Jabuti e a Lebre” é a história de uma lebre arrogante que, mesmo sendo o animal mais rápido da mata, perde uma importante corrida para o jabuti. A perseverança e a persistência vencem a arrogância e o falta de caráter.
Moral: Quem segue devagar e com constância sempre chega na frente. Vai que...
Então o senhor Ministro assumiu a tartaruga em tempos tão hodiernos em que nações estão queimando combustível de primeira para a vanguarda educacional. Significa dizer, assumir a frente na competitividade global, não deixando pra jabuti nenhum chegar com panca de veloz?
Marquês de Pombal quando deu um “chega pra lá” nos jesuítas, nos primórdios em terrae brasilis, também não estava com nenhuma pressa. Deu no que deu.
A doença é brasileira: esperar nas filas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário