sábado, 3 de dezembro de 2016

Revoluções na Educação: Ecos de um Fórum



Na atualidade, os promotores de eventos voltados para congressos e fóruns, com lastro em conferências e palestras, precisam preocupar-se menos com os souvenirs e mais, muito mais com o grupo de painelistas.
As plateias tornaram-se exigentes, muito exigentes quanto aos conteúdos apresentados porque afinal, em geral, esses encontros têm alto custo de inscrição, ninguém tem mais tempo a perder e, a busca pela utilitaridade é dominante. Principalmente os eventos que se avizinham da vigésima edição ou perto dela, supondo que nos anteriores o conjunto foi de agrado: boa localização, boa alimentação, bom material de apoio, boa sonorização ambiente, consistência temática, etc. etc., suscitando debates e reflexões por vários meses.
Foi o que aconteceu com o exitoso 18º Fórum Nacional do Ensino Superior Particular Brasileiro (FNESP) promovido pelo SEMESP - Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo, nos dias 22 e 23 últimos, em São Paulo, na planta do Shopping Frei Caneca. A cereja do bolo da entidade.
Às 9h30 da quinta-feira Luery Morel abre o encontro com um tema impactante:
Destruição Criativa, destruindo o modelo antigo para a construção do novo.
Foi o suficiente para a plateia “acordar” depois do coffee-break. .
Mas a proposta disruptiva não ficou por aí. Então veio o tema Sistemas Educacionais e Competitividade: Análise Comparativa entre a Coreia do Sul, México e Brasil. Tarefa nada fácil, sobretudo com a ausência da expert professora Maria Helena Guimarães de Castro, que por certo estaria às voltas com a MP do ensino médio.
Ainda na quinta-feira, pelo derradeiro do dia, o FNESP apresentou a novidade de ter três painelistas no palco, todos falando sobre o tema mas ao foco de cada um sobre A Gestão das IES em Tempos de Incertezas. Como equilibrar a sustentabilidade, investir na inovação e ser relevante para a sociedade ao mesmo tempo ?
A expectativa da sexta-feira era grande para quem lia o programa e o início dos trabalhos, pela manhã, prometia novidades com Um Novo Olhar para o Ensino Superior, com três sessões simultâneas e igualmente instigantes com  o modelo adotado da simultaneidade. Aqui vale um esclarecimento: a plateia portava um receptor com headphone podendo optar entre as três exposições, bastando mover o dial com os respectivos canais. Eram três pontas muito interessantes e o ouvinte capturou por inteiro aquilo que mais lhe interessava ou alternava entre as três.

1-O que a pesquisa Semesp/Instituto Data Popular revelou sobre os anseios dos alunos da classe C e quais os caminhos para engajá-los no ensino superior? (Rodrigo Capelato).
2-Cursos de Graduação a Distância – Qual a visão dos estudantes sobre o que estamos oferecendo? (Débora Figueiredo)
3-Redução de Custos por Meio de Redes de Cooperação (Fabio Reis).
Em eventos dessa natureza vai-se a eles atraído pelo temário ou pelo nome do expositor, ou pelas duas razões.
Não raro têm-se decepções e uma nota 10, diante de um público exigente,  vem sendo difícil de atribuir quando o assunto é palpitante e domina a mídia com insistência. Há muitos aventureiros abordando o que não é de sua expertise imaginando que levará a plateia sob convencimento. E no mais das vezes os promotores de congressos não tiveram um “trailer” a poder avaliar que seu público aprovará. Sequer um roteiro rascunhado. É mais ou menos na base do “QI - Quem Indicou” ou “Ouvi Falar”.
Ao encerramento da tarde do segundo e último dia do Fórum aguardava-se um “grand finale”  com Ensino Superior em tempos de mudanças velozes: o que vai acontecer nos próximos anos? A pergunta é supina e extravagante para os
expositores Marcelo Tas, Clovis de Barros Filho e Rubens Barros, conduzidos sob a batuta do experiente comunicador e ali presidindo a sessão, Milton Jung, da Rádio CBN, por certo mediante altas pagas.
Não convenceram  mas se saíram muito bem na velha fazeção de “contar causos”, brilhantemente relatados, diga-se de passagem, mas que não eram o fulcro, perderam o foco, saíram-se mais para o espetáculo performático que sempre agrada mas não supre a plateia com a informação desejada.
A bem da verdade, a plateia já tinha absorvido que dificilmente a pergunta seria respondida na ocasião e quase certo, dentre os presentes, ninguém também ousaria uma resposta. Os expositores foram traídos por um canto de sereia ao aceitarem o convite e se deixaram levar exatamente pela imantação que suas personalidades inspiram e transmitem. Não se deram conta, entretanto, que o compromisso ia muito além do desempenho performático que o momento exibiu mas com certeza se deram conta disso no mais tardar quando desciam pelo elevador e se retiravam do recinto. O desiderato não foi cumprido.
Às vezes, congressos e fóruns nos pregam alguma peça quando se vai para ouvir um barítono mas lá vem um soprano.

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