segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Bolas de Cristal



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br

Nas últimas semanas a mídia foi invadida por notícias de grosso calibre. De um lado a prognosticadora da universidade de 2020, como Katie Blot, CEO da plataforma Blackboard, e, de outro lado, Eric Beerkens que discute o fim das universidades em seu livro Futuros Possíveis, com uma passagem interpretativa do que pensam alguns sobre o panorama educacional em 2038.
Blot fez uma lista de seis tendências para o ensino superior e discorre por elas com o fio condutor da tecnologia, absorvida com muito interesse pelos alunos porque promete melhorar os aprendizados. Conforme ela, a educação global está aí, prioridade adotada por todo o planeta, rompendo barreiras geográficas inimagináveis na década passada, conectando instituições e ganhando estudos internacionalmente.
Segundo Blot, o momento está dominado por tentar-se coisas novas, com muita experimentação em educação, não em único modelo mas muitos e diferentes. Não mais se adotará o “modelo americano”
ou o “padrão francês” de educação porque surgirão muitos modelos alternativos.
Blot foi enfática que está ocorrendo mudanças no foco do ensino, ora voltados para o centro dos processos de ensino e aprendizagem, centrada no estudante e suas necessidades.  Um pouco exagerando, propostas customizadas pois os alunos terão de assumir responsabilidades uma vez que estarão dizendo ser esse ou aquele “caminho que desejo”.
Sem se afastar do fio, ela atribui perspectivas de grande importância para as aulas on-line uma vez que elas não serão somente suplementares, promovendo autêntica revolução tecnológica.
Blot revelou um dado estarrecedor ao afirmar que conforme o National Center for Education Statistics,
até 2020 os estudantes tradicionais serão apenas 15% do total e que 85% os não tradicionais, dentre estes incluídos os que se matriculam tardiamente, trabalham mais de 35 horas, são arrimos de família, são pais ou mães solteiros e que optarão por educação não presencial.
Por derradeiro, Blot chama a atenção para o BIG DATA, ferramentas e dados fornecidos por analystics
para facilitar decisões pedagógicas, para a modificação da forma de ensinar.

Quase no mesmo diapasão, Beerkens transita por três pontos em sua obra: a massificação do ensino superior em todo o muno; incremento de tecnologias de informação e comunicação no ensino e na oferta de educação e globalização nos cursos de ensino superior. Ele é categórico, apoiado em alguns experts, que o desenvolvimento desses itens fará a universidade tradicional ficar obsoleta em 2038.
Embora, com certo risco, em nenhum país do mundo o modelo universitário tradicional não represente mais o sistema de ensino superior. Mas, por paradoxal, ele investe contra os anunciadores do fim da universidade dizendo que os céticos estão errados, embora a universidade tradicional tenha sido uma das instituições mais duradouras do mundo moderno. Ele alega, convictamente, que “ as características
que podem ser encontradas nas universidades de todo o mundo e que persistem há décadas, ou até mesmo há séculos são: o tipo de organização das faculdades, das escolas e dos departamentos que determinam as disciplinas(coordenações de cursos), as normas para publicação de artigos científicos, a obtenção de recursos para pesquisas, os sistemas de comparação e eliminação de matérias para a progressão e graduação, a conexão entre educação e pesquisa, a responsabilidade dos docentes na educação e formação acadêmica de pesquisa e pós-graduação e também da graduação, a primazia do ensino face a face, etc.” Ou seja, não será fácil mudar o DNA das instituições porque existe um código genético nisso.

Se tais abordagens não despertam(ram) interesse imediato o mesmo não aconteceu com relação ao Censo 2012 publicado pelo MEC, este sim colocando combustível no assunto da expansão, retração, fusões e aquisições a justificar os números, também levando uma pitada de futurologia com a colocação de que até 2022 será possível alcançar a média dos países da OCDE-Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico -- , ou seja,  34% da população de 18 a 24 anos matriculada no ensino superior. Meta igualmente desejada(?) pelo Plano Nacional de Educação, ao qual será preciso empregar um fórceps para tirá-lo do Congresso.

Preocupação efetiva das autoridades educacionais, por dever de ofício/função, é dar solução aos SEM-SEM-SEM. Sem estudo, sem trabalho e sem diploma que é assunto para outras considerações em artigo exclusivo que permeia equívoco de escolha de carreira, trancamentos, desistências, evasão, migração de cursos, etc. etc..

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