Prof.
Roney Signorini
Assessor
e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Nas últimas semanas a mídia foi invadida por notícias de grosso calibre. De um lado a prognosticadora da universidade de 2020, como Katie Blot, CEO da plataforma Blackboard, e, de outro lado, Eric Beerkens que discute o fim das universidades em seu livro Futuros Possíveis, com uma passagem interpretativa do que pensam alguns sobre o panorama educacional em 2038.
Blot fez uma lista
de seis tendências para o ensino superior e discorre por elas com o fio
condutor da tecnologia, absorvida com muito interesse pelos alunos porque
promete melhorar os aprendizados. Conforme ela, a educação global está aí, prioridade adotada por todo o planeta,
rompendo barreiras geográficas inimagináveis na década passada, conectando
instituições e ganhando estudos internacionalmente.
Segundo Blot, o
momento está dominado por tentar-se coisas novas, com muita experimentação em
educação, não em único modelo mas muitos e diferentes. Não mais se adotará o
“modelo americano”
ou o “padrão
francês” de educação porque surgirão muitos modelos alternativos.
Blot foi enfática
que está ocorrendo mudanças no foco do ensino, ora voltados para o centro dos
processos de ensino e aprendizagem, centrada no estudante e suas necessidades. Um pouco exagerando, propostas customizadas
pois os alunos terão de assumir responsabilidades uma vez que estarão dizendo
ser esse ou aquele “caminho que desejo”.
Sem se afastar do
fio, ela atribui perspectivas de grande importância para as aulas on-line uma
vez que elas não serão somente suplementares, promovendo autêntica revolução tecnológica.
Blot revelou um
dado estarrecedor ao afirmar que conforme o National Center for Education
Statistics,
até 2020 os estudantes tradicionais serão apenas
15% do total e que 85% os não
tradicionais, dentre estes incluídos os que se matriculam tardiamente,
trabalham mais de 35 horas, são arrimos de família, são pais ou mães solteiros
e que optarão por educação não presencial.
Por derradeiro,
Blot chama a atenção para o BIG DATA,
ferramentas e dados fornecidos por analystics
para facilitar
decisões pedagógicas, para a modificação da forma de ensinar.
Quase no mesmo
diapasão, Beerkens transita por três pontos em sua obra: a massificação do
ensino superior em todo o muno; incremento de tecnologias de informação e
comunicação no ensino e na oferta de educação e globalização nos cursos de
ensino superior. Ele é categórico, apoiado em alguns experts, que o
desenvolvimento desses itens fará a universidade tradicional ficar obsoleta em
2038.
Embora, com certo
risco, em nenhum país do mundo o modelo universitário tradicional não
represente mais o sistema de ensino superior. Mas, por paradoxal, ele investe
contra os anunciadores do fim da universidade dizendo que os céticos estão
errados, embora a universidade tradicional tenha sido uma das instituições mais
duradouras do mundo moderno. Ele alega, convictamente, que “ as características
que podem ser
encontradas nas universidades de todo o mundo e que persistem há décadas, ou
até mesmo há séculos são: o tipo de organização das faculdades, das escolas e
dos departamentos que determinam as disciplinas(coordenações de cursos), as
normas para publicação de artigos científicos, a obtenção de recursos para
pesquisas, os sistemas de comparação e eliminação de matérias para a progressão
e graduação, a conexão entre educação e pesquisa, a responsabilidade dos
docentes na educação e formação acadêmica de pesquisa e pós-graduação e também
da graduação, a primazia do ensino face a face, etc.” Ou seja, não será fácil
mudar o DNA das instituições porque existe um código genético nisso.
Se tais abordagens
não despertam(ram) interesse imediato o mesmo não aconteceu com relação ao
Censo 2012 publicado pelo MEC, este sim colocando combustível no assunto da
expansão, retração, fusões e aquisições a justificar os números, também levando
uma pitada de futurologia com a colocação de que até 2022 será possível alcançar
a média dos países da OCDE-Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico -- , ou seja, 34% da população
de 18 a 24 anos matriculada no ensino superior. Meta igualmente desejada(?)
pelo Plano Nacional de Educação, ao qual será preciso empregar um fórceps para
tirá-lo do Congresso.
Preocupação efetiva
das autoridades educacionais, por dever de ofício/função, é dar solução aos
SEM-SEM-SEM. Sem estudo, sem trabalho e sem diploma que é assunto para outras
considerações em artigo exclusivo que
permeia equívoco de escolha de carreira, trancamentos, desistências, evasão,
migração de cursos, etc. etc..
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