segunda-feira, 30 de março de 2015

Pretensão e Água Benta...



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br

Em setembro de 2014 o portal Universia entrevistava o Diretor do Minerva Schools, Alex Cobo,  que explicava o  novo método de ensino online e dava detalhes sobre a pedagogia que promete ser a educação do futuro.
Pretensões à parte faltaram muitas informações sem quaisquer utopias, ao contrário, bem realistas de como alcançar uma realidade educacional planetária que pretende revolucionar a maneira como encaramos o ensino superior.

Ainda em 2014, a cidade de São Francisco (USA) foi a eleita para receber a primeira etapa do projeto, com os 30 selecionados para a primeira turma da instituição, com proposta de oferecer ensino de qualidade igual às gigantes do mundo acadêmico, com aulas exclusivamente online, em condições financeiras mais acessíveis..

Sem mencionar valores, Cobo deixou de esclarecer que a plataforma de ensino totalmente nova também pretende inovar enviando seus alunos para intercâmbios semestrais em sete diferentes cidades mas que será ampliado.

Minerva contraria o dito popular de que tudo que é grande começa pequeno porque o fundo de investimentos Benchmark injetou nada menos que US$ 25 milhões. Isso sem falar no modesto prêmio anual de US$500 mil que a  Minerva Academy quer entregar ao melhor professor do mundo, o mais inovador.

A rigor, a Minerva é composta pelas instituições Minerva Academy, non-profit (sem fins lucrativos) e a Minerva Schools, que é for-profit(com fins lucrativos).
A instituição tem dois targets de alunos sendo o primeiro deles do tipo clássico, que tem excelentes notas e se dedica full time dentro e fora da escola, cujo objetivo é unicamente estudar nas melhores universidades. O segundo tipo é o que o inglês chama de “Spike kid” que embora brilhante em alguma área fica abaixo da média em alguma matéria específica. São pessoas que não têm um desempenho linear mas dotados de potencial muito grande.

Para o ingresso na instituição não existe idade limite ou questão de nacionalidade bastando ser aprovado no processo de admissão ao qual o candidato se sujeita a testes de matemática, inglês e QI, desenvolvidos  dentro da Minerva, aplicados online com três etapas bem distintas. Na primeira o candidato envia informações pessoais, as notas de avaliações na escola e as realizações que podem incluir participação em olimpíadas de matemática. Com esses indicadores seleciona-se alguns deles para os demais testes que combinados duram cerca de 70 minutos, feitos em dois momentos diferentes.
O primeiro mede a habilidade analítica e a outra categoria mede liderança, autoconfiança, motivação, competitividade e a capacidade de atingir metas.

A terceira etapa é uma entrevista com perguntas baseadas nos exames realizados. Fechadas as três etapas são encontrados os que têm o perfil da Minerva.
Antes da divulgação dos resultados ocorre uma última avaliação, interna, do comitê de admissão quando então o candidato  é aprovado ressaltado que para o exame não há o que estudar, diferentemente de um vestibular brasileiro.

Com a meta de atingir 2.500 alunos matriculados ainda há muito por fazer e o que vem pela frente pode ser medido pelo número de inscrições em 2014 que beiraram 2.464 para somente 37 vagas.
A pretensão vai longe ao desejarem receber 20 ou 30 mil candidatos.

O que chama a atenção na proposta da Minerva é a utilização de uma plataforma tecnológica, o Active Learning Forun e a outra que é pedagógica..
Pela Active, dada a quantidade de recursos, o docente pode dividir um trabalho em grupos rapidamente. Pode dividir alunos de perfis diferentes, fazer uma enquete, organizar debates públicos, etc. Tem-se muita informação ativada pela tecnologia.

Cobo é enfático ao afirmar que ”...indo a qualquer outra escola é quase impossível que todos os professores tenham o mesmo objetivo de ensino, não existe uma coordenação enquanto que na Minerva, uma das aulas obrigatórias é a de comunicação efetiva. Se o aluno tiver problemas na comunicação todos os seus professores vão saber disso.” Se continuar indo mal pode se socorrer dos tutores (dean of students) e devem mesmo pedir a ajuda porque ao longo do curso deverão desenvolver e fazer prevalecer três capacidades: a análise crítica, o pensamento criativo e a comunicação efetiva, como hábitos completamente automáticos. Como se percebe, a instituição somente tem o interesse do aluno à sua frente.

Digno de registro é o fato de que o aluno é avaliado por uma combinação de trabalhos escritos com a participação em aula porém não existe o exame tradicional.

Como nem tudo são flores há um lado cinza no processo já que no primeiro ano a turma é dividida em dois, porque a plataforma é projetada para dezenove alunos diante de um elenco de 25 a 30 graduações e assim, se cada aluno resolver uma graduação distinta a Minerva vai amargar um aluno por turma. Se ao contrário, a maioria tender para única graduação a instituição deixa na prateleira todas as demais graduações. Enorme problema.

No segundo ano os alunos são divididos em “cohorts”, baseados nas graduações ou definidos por afinidades entre eles mas como o curso inova, permitindo ao aluno que no primeiro ano esteja em São Francisco, no segundo em Berlim e no seguinte em Montevidéu, todo o conceito de “cohort” fica exatamente por conta do aluno formar seu network, voltado para viagens.

A partir do terceiro ano, com extensão e finalização no quarto ano, os alunos têm que desenvolver o Capstone Project, paralelo às aulas, um tanto semelhante aos nossos TCCs-Trabalhos de Conclusão de Cursos.

Causou estranheza que não ficasse claro se a Minerva vai constituir pólos próprios nas cidades que eleger abrigar aos alunos ou o fará com parcerias de outras universidades, públicas ou privadas mas tudo parece estar sendo pensado em relação à adaptação às culturas uma vez que será disponibilizada assistência total aos alunos, inclusive com tradutores locais embora a Minerva vá oferecer o curso de idioma  do país para onde o aluno se deslocar. Não foi deixado de cogitar as situações de emergência como um problema de saúde, devendo receber atendimento médico.

Quisemos com este artigo posicionar o caro leitor numa perspectiva de educação global com tudo que signifique ou resulte da experiência relatada em mais um, dois, três ou dez anos.

 

quarta-feira, 25 de março de 2015

Profetas da Maldição



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signoirini@superig.com.br

O argentino Jorge Luis Borges --
escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta -- dizia ser um profeta, não um adivinho e com tal jogo semântico encantava interlocutores, buscando, é claro, que estes tivessem o mesmo nível cultural a identificar quem prediz acontecimentos por inspiração de Deus daquele que desvenda o que está oculto ou prediz o futuro. Assim como diferenciar Maomé de uma Mãe Diná.
Com aquela expressão talvez ele a empregasse para responder a pergunta “Quantos anos vai levar para as suas utopias virarem realidade ?”
O mesmo título deste artigo encontrei num excelente documentário que reuniu
cientistas, expoentes americanos, em debate futurista realizado há dez anos  mas assistido agora mostrou enorme realidade com os fatos sociais, autênticos
precognientes.

Dia desses o professor Domingo Hernandez Peña nos presenteou com o artigo Amargas Sutilezas, transitando por globalização e universalização. Esta última condição, para ele, escopo maior da Universidade, vem se afastando para dar lugar à hiper especialização. E que não sairemos da atual crise global a menos que aconteçam duas condições improváveis: que na Universidade volte-se a dominar o conhecimento universal e que o capitalismo feroz acabe por explodir de um vez por todas. Ele conclui dizendo que a única defesa da Universidade e consequente consolidação só poderá se dar pela qualidade e pela atualidade..
Tais considerações, por certo, decorrem de dezenas de anos acumulados no magistério, de larga experiência, para quem o conhecimento não é para a escola mas, sobretudo, para a vida. Nisso não há profecia nem adivinhação, é concretude mesmo.
Ao contrário, a mídia traça uma previsão de que 75% dos brasileiros serão classe média até 2016, apoiada no dado que de 2003 e 2013 um volume de 54 milhões de brasileiros subiram para as classes A,B e C e esta última com renda per capita de R$291,00 a R$ 1.019,00. Pelo indicado, parece estar na hora de mudar a parametrização de volumes, números versus
salários.
Bola de Cristal
Impressiona quando o uso de dados estatísticos são aceitos como certeza e definitivos, quando mudanças não inevitáveis, quanto aos números, pesquisas e projeções, quando se sabe que resultados podem ser oferecidos com desacertos, como quem muda a posição de um caleidoscópio. Alguns dados são tão contraditórios e irreais na sucessão diária que causa espanto a adoção deles como irrefutáveis. É como precisar acreditar porque nada pode(ria) mudar, pois nada nesta vida é mais certo do que as mudanças. Tudo parece ser uma verdade axiomática que se trai com uma simples canetada de alguma norma, natural ou não.

Domênico de Masi, um pensador “inovador”, tem lá seus motivos para pregar, sobretudo quando a mídia o elege um guru da atualidade, na ausência de um mais “corajoso”. Na ciência também temos covardes, inibidos e temerários, sobretudo de contrapostos a audazes questionadores.  Estes, provocadores, também têm a perder mas arriscam
no afã profissional. São os perturbadores do caos como tantos críticos da mídia, remunerados para provocar, mas infelizmente tão poucos com estofo capaz de chegarem na medula.

Aos 74 anos, o italiano Domênico, autor de O Ócio Criativo  é adepto de que devemos trabalhar menos para criar mais e viver melhor. Ignoro se ele leu algo sobre a contracultura.  No seio de famílias como a minha, descendente de italianos da gema, seria considerado um herege como colocar carne de suíno na mesa de judeus.  Nenhuma nação resiste(iu) à outra senão pelo trabalho. Mas, ainda faltaria mostrar que a era hippie de Woodstock foi e jamais será ? Diminuir o tempo de trabalho semanal para 3 ou 5 horas é de uma inconsequencialidade selvagem, absurda, quando o relógio tem só 24 horas e não 40 ou 60 horas mas estampam uma informação de NÃO FUNCIONA.  Meus ascendentes não foram infelizes ou irrealizados por trabalharem mais de oito horas diárias, ao contrário.
Se a questão é ocupação, empregabilidade, quem sabe a alternativa é a de aposentar mesmo a quem logrou tal condição, abrindo espaços de trabalho aos milhões, para jovens que não conseguem o intento de um lugar ao sol.
E mais, via decreto porque aqueles que não entendem/aceitam que é hora de largar o bastão, só arrancando-lhes das mãos.

Se o mercado não tem mão de obra disponível para as ocupações então o problema é outro: dos cursos técnicos e da universidade que precisam maximizar todas as potências laborais. O Brasil está em crescimento e não pode deixar de contar sequer com um músculo, nenhum nervo humano
se quiser entrar no ringue das competências e concorrências.

Em recente entrevista ao Boletim Polo Audiovisual o guru da pós-industrialização, de Masi, abusa das incoerências como se estivesse costurando meia furada, apoiada em ovo de madeira. É um Hermann Kan do século XXI que apoiou a iniciativa de um tal de Ludwig na Amazônia. Um observador francês diria “chose de loque”.

Na entrevista, o “brasilianista” poeta defende que o Brasil está crescendo sem autocrítica, sem um projeto adequado. Deveria ser convidado por Dilma a sentar algumas horas na cadeira presidencial. E não é que o indigitado é consultor em estratégia e cultura empresarial da TV Globo?
Seria dele a sugestão do BBB e novelas tóxicas para o canal ?
Questionado se não estamos trabalhando cada vez mais ele saiu com a pérola de que o modelo está em crise porque há muito desemprego, os pais trabalham 12 ou mais horas e os filhos ficam em casa desocupados,
sem no entanto dizer a razão, que é clara: má formação profissional, zona de conforto, falta de severidade, consumerismo exagerado e fora do padrão,  desarticulação familiar, incultura especialista, oportunismo do QI e não das habilidades e competências próprias para o exercício de uma profissão, e por aí vai, ou vamos. O que não significa que não precisemos repensar as formações educativas para a empregabilidade.
Dizer que a criatividade individual deve ser substituída pela grupal é uma falácia. Por quantos , 2 ou 3, quiçá, 4 ou 5, como em projetinho de semana científica no médio ? Foram necessários 500 engenheiros para a criação do Ipod.
Brilhante de muitos quilates ele lapidou esta, dizendo que há um grande número de imbecis em todo o mundo, pois a burrice é mais universal do que a inteligência e que isso depende de Jesus, não de sociólogos.
Melhor mesmo é sair do cenário da leitura e ir ouvir Chico Buarque, a quem ele atribui que “Todo o Brasil é resistente à mudança.”

Isso para, por derradeiro, quando comenta ter sido amigo de Niemeyer por 30 anos, e que por ocasião de uma visita ao prédio da Cidade Administrativa do governo de Belo Horizonte, ter perguntado ao arquiteto por que fizera um prédio tão grande. A resposta principesca veio logo:
“Por que você não me deu uma aula sobre o pós-industrial ?”
Bem que podia ter dito a célebre frase de Michelangelo ao perguntar a um sapateiro o que havia de errado nas sandálias de uma figura esculpida e o
interlocutor avançou além da sola e tiras dizendo que o calcanhar, o tendão, etc. etc. estavam desalinhados, fora de proporções. O mestre não teve dúvida a lascou “O sapateiro não vai além das sandálias”. Ora, ora.

sábado, 21 de março de 2015

Galos e Galinhas Ciscando no Fies

Prof. Roney Signiorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br

Nunca dê a uma criança sorvete, pirulito ou saco de pipoca
 se em seguida vai decidir retirá-los de suas mãos.

Desde os últimos dias de dezembro 2014, quando foram editadas as Portarias sobre o assunto Fies, ocorreu um alvoroço de alunos, instituições, governo e imprensa, todo mundo, parecendo fêmea no cio com agitação, alteração, inquietação, sobressaltos, açodamentos, precipitações e balbúrdia.
Mais porque ninguém sabia em qual ventre se havia gerado a gritaria.

Simplesmente num governo que “se acha”, ou seja, tem o domínio de tudo, mas com total falta de equilíbrio, de todas as ordens, operando debaixo de erros e erros, principalmente na dosagem. É bebida demais para o balcão das almas...

Mal terminado o ano, diante de um quadro da economia que raspa a 8% de inflação, com rombos fiscais gigantescos, o país paradão, com uma bomba prestes a explodir, a presidente aceita que errou(?) na condução do Fies. “Bella roba! Non preoccuparti, è roba da niente (não te preocupes é uma coisa de nada.). O leitor decide: de nada?.

Hoje estamos à procura dos “culpados” e nisso a presidente tem muito a dizer sobre erros, mas a admissão se restringiu a ter entregue ao setor privado o controle das matrículas universitárias. Como assim? Quer dizer que agora são réus num tribunal de inocentes?

As instituições educacionais administram seus fazeres e não confessionários.
O quadro econômico, mesmo excluindo a corrupção, é péssimo. Ao admitir algum erro de dosagem, não fica claro onde, no quê, em que aspecto e em qual particular isso seria operado.

É simples, a lista de erros é muito maior do que o Fies, passa por todas as medidas em todos os ministérios: um desastre administrativo, federal, com direito a banhos em praias baianas com séquitos e pompas.

O Fies é só um “traque da sogra”, aquela trouxinha que as crianças jogam ao chão e ouvem um estalido imediato. O mais ainda está por vir, chocante e desastrosamente, pela incompetência e pela incúria.

A realidade é que as instituições privadas de ensino, como galinhas vorazes, estão ciscando no terreiro das incertezas pois todas têm um projeto, no mínimo, quadrianual, e com isso todas as reflexões sobre custos, despesas, lucratividade, receitas, amortizações, financiamentos, folhas de pagamento, enfim, todo o ciclópico movimento econômico de uma empresa aguarda solução e resultados.

Não é possível que umas mirradas Portarias Normativas venham a derrubar empreendimentos e projetos de longo prazo, numa simples canetada como se estivéssemos na pérgula de uma piscina palaciana, ao sabor dos drinques de um verão.

Antonio Góis, pelo O Globo, afirma que “p
oucos previram, quando o Fies foi turbinado em 2010 ao facilitar as condições de adesão e pagamento, que os resultados de nossa principal política de financiamento do ensino superior privado seriam tímidos até agora. O diagnóstico de que era preciso ampliar o financiamento para impulsionar o crescimento das matrículas pelo setor privado não era só do governo. Analistas e representantes de universidades particulares também defendiam que esse era um dos principais – senão o principal – gargalo do ensino superior.”

O fato de o Fies ter sido ampliado de R$ 1 bilhão para R$ 14 bilhões desde 2010 hoje privilegia 700 mil universitários, que eram somente 76 mil há cinco anos.

Muitas universidades passaram a incentivar alunos já matriculados em seus cursos a migrarem para o financiamento estatal e fizeram com tal iniciativa, talvez, um desfavor geral, chegando a abusar de propagandas para atrair novos estudantes com a promessa de financiamento de 100% da mensalidade.

Revoltados, os estudantes se viram ameaçados até com o cancelamento da matrícula e indignados não se deram por derrotados. Dormiram na rua para superar a muralha do salamaleque virtual que o governo lhes impôs ao travar o sistema de acesso para pedir ou aditar o contrato. Autêntico golpe, passa-moleque.

Entretanto, a grande miopia não está em dar solução ao impasse criado pelo governo que resolveu num estalar de dedos tirar o sorvete das mãos das crianças, porém, resolver a questão do bônus
demográfico. O desenvolvimento de um país depende da qualidade da formação de seus recursos humanos. O Brasil, para crescer, tem no bônus demográfico seu melhor momento para formar adequadamente as pessoas devido ao maior número de População em Idade Ativa( PIA). A inexorabilidade do movimento dos ponteiros do relógio pode nos deixar na rabeira do foguete. Para espanto geral, o número de concluintes no ensino superior está estagnado em perto de um milhão de alunos nos últimos cinco anos.

A formação de pessoas em nível universitário no Brasil ainda é diminuta e um esforço para aumentar o número precisa ser realizado. Daí as metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE). Para ter-se ideia, o presidente Obama quer encerrar seu mandato com 100% da população entre 18 e 24 anos na universidade.

No Brasil, embora o número de concluintes do ensino fundamental tenha crescido 9%, de 2007 a 2013 as matrículas do ensino médio se mantiveram praticamente estáveis. Em 2012, apenas 1,9 milhão de estudantes estariam aptos aos cursos superiores, mas a população de 17 anos no país é de 3,5 milhões. Ou seja, poderíamos ter quase o dobro de jovens ingressando no superior.

A não ser que o governo tenha outros interesses, escusos, deixe-se claro, sem resolver o problema que se afigura, urgente, em aumentar o número de alunos no ensino médio e em condições educacionais de frequentar uma universidade, quaisquer políticas de financiamentos não mostrarão eficácia.

E mais, não será apenas com os minguados 9% dos estudantes do 3º ano do ensino médio com bom aprendizado em matemática, assim como só 27% com domínio de língua portuguesa, que lograremos um lugar ao sol no concerto das nações.

Vale perguntar por que o governo criou o Prouni, o Pronatec e o Fies senão pela condicionante custo, que sabidamente na iniciativa privada é 1/4 do custo da pública, afora expediente político eleitoreiro/demagógico, como o Bolsa Família.
 
Se o Fies não se sustenta nas pernas, aí tem bom exemplo da fatalidade que pode ser o Bolsa, muito pior pois, se ao Fies corresponde a uma responsabilidade futura de adimplir o compromisso, ao Bolsa só restará o vento.

São muitos os desacertos e os equívocos que o governo vem perpetrando na área educacional que, somados, se afiguram escândalos porque o produto educação não é perfumaria, supérfluo e de descarte. É bem eterno.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Carta de Abraham Lincoln ao professor do seu filho, em 1830



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Advogado e político, Lincoln foi 16º Presidente dos EUA – 1861-1865.

"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas, por favor diga-lhe que, para cada vilão há um herói, que, para cada egoísta, há também um líder dedicado.

Ensine-lhe, por favor, que para cada inimigo haverá também um amigo. Ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada.

Ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória; afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso.

Faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales. Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa.

Ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.

Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros.

Ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.

Ensine-o a ouvir a todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho.

Ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que, por vezes, os homens também choram.

Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar sozinho contra todos, se ele achar que tem razão.

Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço.

Deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.

E transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.

Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor."

Abraham Lincoln, 1830.