Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
Assessor e Consultor Educacional
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Não sabendo que era
impossível, foi lá e fez.
Jean Cocteau
A expressão é bem usual de quem não quer ou não sabe fazer,
mas vive se manifestando com os verbos precisar e fazer, provocando e incitando
alguém a realizar algo como se o mandante não tivesse tempo hábil, vontade,
segurança e sobretudo habilidade/competência para ele mesmo resolver a questão.
A exortação fica assim distanciada de um vocativo como “faça”, “aja”.
Que é preciso fazer todo mundo sabe, mas tem sempre alguém
se insinuando com ares interpretativo-antecipativos que sugerem ter ele o domínio do assunto mas está deixando para outrem, num sentido de entrega ou de cobrança.
Tal situação me lembra a frase "Não sabendo que era
impossível, foi lá e fez", muitas vezes atribuída a Jean Cocteau. Contudo, outros a atribuem a Mark Twain: "They did not know it was impossible, so
they did it!".
Vinicius de Oliveira, dia desses, no site do Porvir, chegou
com o título “Universidade precisa responder ao ‘vai lá e faz’” apoiado na pesquisa que a Anima Educação e Box1824
realizaram com 200 jovens com idades entre 16 e 24 anos, integrantes das
classes A-B e C, de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, entre 2013 e
2014, apontando soluções para mudar a cara do ensino superior, como se fosse
fácil e, arriscaria dizer, como se fosse possível, tão necessária e importantemente
quanto urge.
Aqui neste mesmo espaço, por diversas vezes, levei os leitores a reflexões sobre como falar é fácil e difícil é executar. Sou franco apoiador da “fazeção”, o que exige outros espaços, outras teorias, outras cabeças, outras vontades que a academia nem sempre aceita e concorda, até porque, no mais das vezes, o acadêmico nem vai ao chão da fábrica. Nada de errado nisso, mas o corpo docente universitário precisa aceitar, estimular e incentivar que na sala dos professores seja necessário contar com especialistas e com isso ver ocorrer a complementação/interação entre a teoria e a prática. Aliás, a avaliação exercida pelo Inep deveria exatamente correr nessa direção e não ao contrário.
“Hoje a universidade tem a arrogância de dizer o
que você precisa, não importando onde você esteja ou o que queira fazer”,
explica Daniel Castanho, presidente do grupo Anima Educação. Para ele, o
ambiente de ensino ideal é similar ao das redes sociais, como o Facebook. “A
universidade precisa ser o lugar da discussão, da experiência, da prototipagem,
onde se pode arriscar e ousar”, exemplifica.
A colocação ficou um tanto incompleta por deixar de abordar que essa é uma
discussão para o MEC, para as instituições privadas e/ou públicas, se para
todos os cursos, sejam de graduação ou tecnólogos e até onde ou quando se alcançará
a exequibilidade de um projeto diferenciado de tal envergadura.
Como soluções, a pesquisa do Anima aponta para ações em cinco campos: engajamento do aluno, engajamento do professor, reapropriação do espaço físico, conexão entre universidade, mercado e sociedade e, por fim, uma nova lógica curricular. Ou seja, tudo indica que a proposta corajosa, evidentemente, passa por mudanças pensadas desde o Fundamental até o Superior e a tudo considerando como um projeto nacional, sem deixar de lembrar que caminha-se paralelo ao risco, grandes riscos, como exemplo, o desastre do Fies ocorrido recentemente. Um desvario, um delírio do poder, que inquieta e agita.
Nosso estudante tem inúmeras dificuldades a vencer,
a partir de uma educação mal pensada, executada e trabalhada desde o ensino
fundamental, passando pelo médio.
Ele disputa vaga com reservas de cotas, submete-se ao Enem para lograr um lugar ao sol na universidade, mas é obstado pela cessação do financiamento, submete-se a um trote animalesco, vê-se diante de greves infindáveis de professores, depara-se com uma realidade cultural abissal entre o que (não)aprendeu e o que vê pela frente.
Trabalha de dia para estudar à noite, tem elevados custos de transporte e alimentação, sem recursos para uma viagem ou até mesmo uma peça teatral, muito menos para um curso de língua, tóxico na carteira ao lado, insegurança total, saúde despencando ladeira abaixo e, quando tem pela frente a necessidade de uma prática ou estágio na área, é obrigado a declinar pelas incompatibilidades de todas as ordens. Que herói é esse com um colar de problemas pendurado no pescoço?
Ele disputa vaga com reservas de cotas, submete-se ao Enem para lograr um lugar ao sol na universidade, mas é obstado pela cessação do financiamento, submete-se a um trote animalesco, vê-se diante de greves infindáveis de professores, depara-se com uma realidade cultural abissal entre o que (não)aprendeu e o que vê pela frente.
Trabalha de dia para estudar à noite, tem elevados custos de transporte e alimentação, sem recursos para uma viagem ou até mesmo uma peça teatral, muito menos para um curso de língua, tóxico na carteira ao lado, insegurança total, saúde despencando ladeira abaixo e, quando tem pela frente a necessidade de uma prática ou estágio na área, é obrigado a declinar pelas incompatibilidades de todas as ordens. Que herói é esse com um colar de problemas pendurado no pescoço?
Aspecto dos mais relevantes e significativo é a questão das diretrizes curriculares em vigor e que embasa o exame do Enade para todos os cursos.
Quando se fala em “ir lá e fazer”, tal condição tem como imperativo aproximar o mercado de trabalho da universidade, e vice-versa, o que significa dizer pensar e praticar novos currículos com novos conteúdos, bem como pessoal docente capacitado, laboratórios desfrutando de altas tecnologias, tudo fundido no cadinho da criatividade e da inovação.
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