Você é livre para fazer
suas escolhas,
mas é prisioneiro das consequências.
Pablo Neruda
mas é prisioneiro das consequências.
Pablo Neruda
Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com
Pensar na web exige um engajamento dos interlocutores em
rede. Não dá pra achar que a informação corre solta e se multiplica como um
viral a cada momento. Viralizar um assunto depende principalmente do
engajamento das pessoas pelo assunto. Assim, muitas vezes é mais fácil
viralizar bobagens do que assuntos mais sérios. As pessoas preferem informações
efêmeras, que se desmancham no scroll da
timeline. É incrível mas é a real.
A promessa da Internet sempre foi o ir e vir, o vai e
volta, a possibilidade de postar ideias, debater e fazer do conhecimento um
agente de transformação da sociedade. Avançamos bastante desde que os cabos
conectaram os computadores e criaram essas redes tão potentes. Mas a revolução
digital deu uma estancada. Talvez pelo crescimento de um uso, de certa forma
indevido, que é provocado pelas empresas, pela política e pelo marketing. O
desejo ou intenção é apenas que a informação emitida alcance o máximo de
pessoas.
As informações contraditórias, o excesso de mentiras, os fakes são todos criados para confundir.
Onde está a inteligência coletiva? Cadê a revolução não televisionada? Por que
será que as propostas para um mundo melhor não deslancham?
A entrada da internet provocou transformações tão
importantes que se tornaram imprescindíveis. No entanto, o resultado dessas
transformações promove o escalamento das relações. A multidão inteligente e
conectada se articula em torno de interesses comuns.
Conforme HDDimantas (https://medium.com/@hddimantas), “
ela nos traz a ideia de impermanência. Os movimentos acontecem para serem
implodidos e reconstruídos sob uma nova direção, ou não. E assim caminha a
humanidade. Não temos mais líderes. Somos uma sociedade cada vez mais gasosa.
Baumann está com a palavra, a de uma
sociedade liquida. No entanto, o liquido pressupõe uma acomodação, uma represa
que retém o crescimento. Uma sociedade gasosa não precisa de um receptáculo, a
interface se torna a relação de todos com todos e se expande.
Vivemos num mundo onde as relações entre as pessoas
promovem novas formas de aprender e ensinar. As relações cada vez mais
enredadas, a exposição e a documentação das nossas ideias e a capacidade de
processamento que a tecnologia proporciona traz novas possibilidades para os
criativos. Cada vez mais poderemos precisar menos das instituições formais para
estar antenado com o que acontece no mundo. Qualquer um pode construir o que
quiser simplesmente acessando o conteúdo disponibilizado e distribuído em rede.
A realidade é de cada um, múltipla e, de certa forma, não faz julgamentos. Atua tanto para o bem, como para o mal.
A realidade é de cada um, múltipla e, de certa forma, não faz julgamentos. Atua tanto para o bem, como para o mal.
As redes sociais
se tornaram fundamentais e um alimento importante para novas pesquisas, como as
realizadas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). A equipe do DAPP (Departamento
de Análises de Políticas Públicas) é uma das instituições mais respeitadas que
faz o monitoramento das mensagens nas redes.
A capacidade de
organização popular também avançou muito com as novas mídias. Os protestos de
2013, por exemplo, foram principalmente organizados pelas redes sociais. O
Facebook e o Twitter aumentaram a efetividade desses protestos. Mas, é bom
frisar que as conversas e postagens não criam os protestos, apenas polarizam o
debate.
Existem hoje vários sites de “ajuda” e
compartilhamento[1] que estão dando trabalho aos destinatários porque se
apresentam com milhares ou milhões de assinaturas reforçadas por dados de
origem como nome, endereço de e-mail, IP, localidade, etc. Os assuntos, dos
mais diversos, são uma estocada em empresas, instituições, governos,
departamentos. Quase todos oferecendo uma bofetada em quem não quer atender,
por exemplo, algum remédio na prateleira da Secretaria de Saúde, alguém
inconformado com a proposta de algum deputado ou senador, um Ministério que não
cede à reivindicação de atender um cidadão em algum reclamo. Ou seja, a
internet se transformou em grande tribuna de reivindicação.
Muito em breve também vai chegar ao inimaginável,
ao Congresso, às Assembleias, às Câmaras, aos gabinetes, a muitos
setores/departamentos públicos que hoje insistem em ser cabide de emprego,
albergue de desocupados (pra não dizer incompetentes), centros de compadrios
inaceitáveis. Os Amigalhaços.
Zuckerberg diz que o futuro pertence aos "grupos
significativos” e que eleitores e
eleitos estarão mais próximos do que nunca, escutando-se mutuamente(?).
Tradução: se "a tirania da maioria" aprovar atos de barbárie, o
político, para ser eleito, claro, defenderá atos de selvagerias.
Os mecanismos de mediação que as democracias
liberais sempre defenderam (tribunais, parlamentos etc.) poderão ser derrotados
em nome da "vontade geral", uma categoria sinistra que Rousseau[2] deixou
aos seus discípulos.
Montesquieu, outro pensador francês acaba de ser esmurrado e vai à lona, supondo-se que os três poderes e a separação deles poderão inexistir como hoje os conhecemos e exercitamos. Convém lembrar que o conceito da separação é um modelo de governar cuja criação vem da antiga Grécia.
Montesquieu, outro pensador francês acaba de ser esmurrado e vai à lona, supondo-se que os três poderes e a separação deles poderão inexistir como hoje os conhecemos e exercitamos. Convém lembrar que o conceito da separação é um modelo de governar cuja criação vem da antiga Grécia.
Em outras palavras, estariam nas entrelinhas a
possibilidade de todo o exército de senadores, deputados federais e estaduais,
além de vereadores não terem mais porque se preocupar indo às suas sedes para
“trabalho”, debaixo de um preço insuportável para a nação ?
Zucker estaria dizendo que todos esses
representantes do poder legislativo não precisariam mais sair de suas casas em
razão das presidências desses parlamentos poderem estar a conduzir todo o seu “labor”
atrás de ferramentas como uma câmera do Skype,
por videoconferência e capturando os votos de seus pares também via virtual ?
Cabe uma pergunta de abalar os nervos: Zucker conhece os nossos números de “representantes
do povo” pelo país, nas esferas federal, estadual e municipal?
Vamos adiante.
Como aqui não há profecias mas um proveitosa
reflexão para compartilhar com meus leitores, via Facebook ou não, essa ideia
de retirar de suas cadeiras “cativas” todos os parlamentares não é de todo
absurda. Só imaginando, por que cada um deles não fica em suas residências ao
convívio familiar abrindo mão de tudo que envolve sua presença no local de
“trabalho” como passagens, veículos à disposição (chofer, combustível e
demais), moradias funcionais, etc. etc.
Pode se inferir disso que numa outra ponta estaria
o eleitor participando ativamente das decisões de governos, atuando como
autênticos membros dos “grupos participativos, ou melhor, significativos”.
Uma condição é certa, A
tecnologia vai deixar momentos raros da vida para trás...Atenção, geração
on-line, os “cabeça baixa”, porque só olham para as telinha dos smartphones.
O novo mundo da comunicação deve ser mostrado às
novas gerações que estão muito ligadas na tecnologia, assim como nós, adultos,
cada vez mais viciados nos celulares e redes sociais. Essas novas tecnologias
mostram que, ao mesmo tempo que elas nos aproximam, também podem criar um
grande abismo entre as pessoas.
A ordem do dia bem podia ser "Olhe para cima", erga a cabeça e tire os olhos do smartphone, uma lição que precisa ser
aprendida em um mundo onde continuamos a encontrar maneiras de tornar mais
fácil se conectar uns com os outros, mas que sempre resulta em gastarmos mais
tempo sozinhos.
HDDimantas, em seu artigo “O Equívoco do Século 21”, já
disse que as pessoas não estão
entendendo as redes sociais. Por um lado é ótimo colocar nossas ideias, imagens
e qualquer coisa que motive uma conversação em
rede. O século 21 é o paraíso para os amadores poderem soltar o verbo, clicar com os celulares e remixar o
universo. Por outro lado, existem os profissionais,. aqueles que não entenderam
a virada da chave da tecnologia. Acham que são os detentores do conhecimento e
da exatidão da técnica. Mas tem gente que continua a viver no equivoco do
século 21.
O que a moçada do Facebook não considera é que “curtir” é
um apoio não muito sincero para os posts,
imagens, vídeos explodindo na tela. É
como uma ferramenta de profusão de afetos, talvez hipócritas. Curtir não é sobre audiência. É sobre
relação.
[2] Filósofo iluminista. Jean-Jacques Rousseau foi um importante
filósofo, teórico político e escritor suíço. Nasceu em 28 de junho de 1712 na
cidade de Genebra (Suíça) e morreu em 2 de julho de 1778 em Ermenoville
(França). Rousseau entende a “vontade geral” como a vontade
do corpo político que se assume arbitrariamente como intérprete da vontade
do povo, na medida em que Rousseau considera a sociedade civil como uma
pessoa e com atributos de uma personalidade que inclui o atributo da vontade.
Em sua obra prima, O Contrato Social, Rousseau dizia que para preservar a liberdade natural do homem e ao
mesmo tempo garantir a segurança e o bem-estar da vida em sociedade isso só
seria possível através de um contrato social, por meio do qual prevaleceria a
soberania da sociedade, a soberania política da vontade coletiva.
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