Inovar é fundamental para acompanhar o
tempo e não ser devorado rápido por ele.
Jaime Leitão[1]
tempo e não ser devorado rápido por ele.
Jaime Leitão[1]
Recentemente o Diário do Povo, de Curitiba, publicou excelente material contando com vários depoimentos de experts em inovação como André Vidal Perez, professor da FGV, Elenice Novak, diretora da agência de inovação da UFPR, Gilberto Branco, diretor da agência de inovação da UTFPR e Pammella Kawase, orientadora pedagógica do Sesi Internacional, também do Paraná. A autora do artigo Por que o ensino no Brasil forma pessoas pouco inovadoras?, Denise Drechsel, conseguiu reunir unanimidade que a situação no país está, sim, a exigir muita atenção, muitíssima, se não quisermos ficar mais para trás do que já estamos.
À medida que o tempo passa, vamos repetindo Sísifo
subindo com uma pedra morro acima, que rolava morro abaixo para repetir a sina
todos os dias. O motivo: mentiu.
Perdemos oportunidades atrás de oportunidades com
os PNEs (Plano Nacional de Educação) e agora possivelmente deixaremos escapar
pelos dedos a análise do Currículo Nacional.
Que os egressos do ensino básico (fundamental e
médio, sobretudo) chegam às portas das universidades muito mal preparados para
o enfrentamento das “dificuldades” universitárias, é situação sobejamente
conhecida, discutida à exaustão e até aqui irreversível. Que digam os
professores que recebem os calouros, em quaisquer cursos, cuja falência
formativa se estende ao longo das graduações, sejam quais forem, em exatas,
humanas e ciências.
Depois de passarem quase dez anos, para finalmente bater
na porta do vestibular, poucos são aqueles que carregam algum estofo cultural,
intelectual somado às condições de proatividade, iniciativas, aderências de
criatividade e tantos outros atributos que permitiriam ao discente ter plena
capacidade para evolução mais rápida e mais acertada no mundo globalizado.
Para a expressiva maioria (dos alunos e dos cursos,
diga-se de passagem), basta acertar um mínimo de respostas, e é só o que interessa,
para aprovação pois a meta é o ingresso, a qualquer custo. Nas federais e
estaduais um pouco mais complicado, porém inclusive ajudados pelas cotas. Ou
seja, adotam um teto baixo de conhecimento e de atuação na sociedade. Afinal,
quando somados no percurso da educação básica, passaram vários meses sem aulas,
por “n” motivos, justificando a precariedade de conhecimentos.
No tempo, que na universidade já é exíguo, a
instituição ainda tem de assumir um papel que não é dela, porque precisa
estruturar um sistema de “reforço” na tentativa de trazer o aluno um pouco mais
perto do que ele verá ao longo do curso escolhido. E quanto a isso outro grande
problema se afigura: até onde a “escolha” foi acertada? Prevaleceram
facilidades de oportunidades no ingresso ou foi por efetivo desempenho
seletivo?
Já na universidade, afora os desajustes de
conhecimentos, não trilham o caminho do ensino de sucesso com propostas de
empreendedorismo e inovação e assim vão claudicando, ano a ano, série a série
para cumprir um currículo no mais das vezes desatualizado, anacrônico, sem as
habilidades e competências tão desejadas e necessárias para o mercado de
trabalho atual.
Afora a pouca ou nenhuma educação propiciada a
esses jovens, alguns ainda caem na esparrela de cursinhos preparatórios que só
bitolam e robotizam “ensinando” como sair das armadilhas, das pegadinhas do
caderno de questões.
Quando se dão conta de que para sobreviver no
mercado é preciso desenvolver habilidades diferentes sem as quais nunca
alcançarão os postos desejados, é tarde e é passado. Perdeu-se tempo precioso
da vida e do contexto sócio-econômico-cultural em que os egressos vão
inserir-se.
Aqui, talvez, porque bate o desânimo e o desestímulo,
atraindo o fracasso, esteja um real motivo de desistência e evasão, afinal,
profissionais despreparados não transformam o país, que precisa de homens e
mulheres não para dançar ao som de liras, mas para marchar ao rufar de tambores.
Quando não se estimula o jovem a ter uma postura proativa,
o resultado é encontrar profissionais que só resolvem problemas quando é
preciso ter capacidade, percepção e aplicar iniciativas para fazer melhor.
Lamentavelmente isso não é comum no brasileiro, questão de cultura (?). Nosso
mundialmente afamado “jeitinho” só conserta o problema que poderia ter sido
detectado no nascedouro, se houvesse proatividade, e resolvido antes de
instalar-se e exigir a “gambiarra”.
O interesse por inovação na educação
superior foi despertado pelo contato recente com palestras, artigos, livros e
projetos sobre o assunto, com diferentes conotações, a saber: utilizar novas
tecnologias de informação e comunicação na prática docente; prover os alunos de
computadores para suas anotações e trabalhos escolares; dispor de laboratórios
de informática; substituir aulas expositivas por trabalhos em grupo; trabalhar
com ensino a distância.
É
preciso refletir sobre o ensino na universidade, mas claro, abordar também a
educação básica, levantando algumas questões e visando contribuir para o debate
atual sobre o tema, a partir do conceito de inovação na educação superior,
entendida como o conjunto de
alterações que afetam pontos-chave e eixos constitutivos da organização do
ensino universitário provocadas por mudanças na sociedade ou por reflexões
sobre concepções intrínsecas à missão da Educação Superior.
Vários
autores laborando em Administração têm colocado a questão da inovação na pauta
de debate atual sobre a crise das organizações sociais. Peter Drucker é
incisivo ao afirmar que nos próximos 50 anos as escolas e as universidades
sofrerão mudanças e inovações mais drásticas que nos seus últimos 300 de
informação e comunicação, a informática e a telemática, a perspectiva da
aprendizagem contínua, ou seja, da life long learning, têm criado novas
demandas sociais, exigindo das organizações respostas inovadoras, uma vez que
as soluções antigas já não se mostram suficientes e adequadas.
Por via
de consequência, a inventividade e a criatividade estão ao alcance das mãos
para resultar em novos paradigmas educacionais e de tal sorte que deve surgir
um movimento nacional, espontâneo, dirigido à autonomia docente e discente
abraçando o novo, único bastião de sustentabilidade para o futuro.
[1]
Jaime Leitão é cronista, poeta, autor teatral e professor de
redação.
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