quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sentados sobre os livros e cadernos



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br

Há algumas interrogações no ar suscitando perplexidades quanto ao comportamento do aluno de hoje, quando predomina a pouca vontade de aprender, aos moldes tradicionais ainda que com alguns métodos bastante condenáveis como a “decoreba”, ou o aprendizado pela axilas, levando livro e caderno no sovaco de casa para a escola. Ceticismo à parte, é uma realidade contundente que incomoda mas vem de há muito, desde a Era Industrial, na Inglaterra.

Os que já empreenderam sofridos momentos no percurso da educação, debaixo de esforços incomuns porque trabalhando durante o dia se dirigem à
noite para a  escola com cansaço sobre-humano, pagando mensalidades nem sempre contempladas pelo salário pessoal, às vezes familiar, indo e vindo em transporte público de condição sofrível, mal alimentados e sem um estofo cultural capaz de permitir-lhe acompanhar os conteúdos das aulas, ainda insistem bravamente. Capítulo à parte, os docentes com suas agruras. Vida que também é muito difícil.

A bem da atualidade, é bom mesmo que ficou para trás o sistema de o professor falando e os alunos ouvindo porque a sala se transformaria num grande dormitório. Mas é bom lembrar que também não dará certo sentar-se sobre os livros e cadernos porque pelas nádegas não há aprendizado algum.

Afora as incertezas nas escolhas de cursos/profissões que no mais das vezes
ainda se abate sobre esse peregrino sem cajado, mas com pesada mochila nas costas, tem-se mais a impressão de ser um nômade sempre pronto para partir.

E o incômodo habita em todos que frequentam os cursos superiores pois quem está embaixo quer subir, pouco importando se aos trancos e barrancos, enquanto os que estão em cima caem na acomodação e no estacionamento de atitudes unicamente contemplativas, afigurando-se um caos, um silêncio ensurdecedor de pôr medo nos circunstantes por via da passividade. E isso toca a todas as gerações, inclusive a “Y”. E sobre esta ainda sabemos pouco, de como trabalhar com ela, se é que há meios para isso numa sociedade normatizada, regulada e sobretudo intransigente, quase sempre inconformada com o novo, que gera medos.Conservadora.

São dois anos ( tecnólogos ) ou quatro que exigem muita paciência, denodo, determinação, vontades, superação e sobretudo entrega que poucos divisam como sendo passageira e não perene.
Mas, sujeitar-se a esse mar de “infortúnios” terá a terra prometida, a absolvição do encontro  realizador, de uma profissão bem escolhida com seus resultados de promoção humana, com emprego estável e bem remunerado ?
Nem sempre porque na vida nada é mais certo do que as mudanças quando constantes são as críticas, a “falta de sorte”, o inusitado, o abre-fecha de empresas, a oscilação salarial, as adversidades e desditas borbulhando diariamente ao simples ato de levantar-se da cama pela manhã e o termômetro econômico do país dormindo-se aos 30º e acordando aos 20º.

Assim sempre foi, é e será porque o ator principal é o ser, protagonista das incertezas no drama ou na comédia humana.

Ainda sobre o ser e estar no lócus educacional, como superar as fragilidades do sistema que se mostra tão suscetível com mudança de professores, de currículos e conteúdos, pra não dizer da ausência deles no ensino básico, com greves insuportáveis como a dos professores do Rio de Janeiro, ausentes por quase 90 dias ? O que fazer, o que dizer se a impotência é total num prejuízo incontabilizável na formação educativa de um jovem ? Como fechar esse buraco, com reposições ?

E os problemas não estão só no presencial. Com a palavra Dough Becker, CEO da Laureate Internacional, que domina como poucos o assunto EAD, afirmando que no Brasil ela tem pouca qualidade e precisa de mais controle.
Ou seja, sua declaração honesta, de fulgor áureo, condenou os já milhões de formados nessa modalidade no país, deixando claro o que há por vir se não forem tomadas medidas urgentes, a partir da capacitação docente, passando pelo treinamento de tutores e monitores, prestigiando autores, incrementando plataformas AVAs – Ambiente Virtual de Aprendizagem --, composição de bibliografia específica, tudo  para a consecução desse objetivo em país continental como o nosso.

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