quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Cluster e Sinergias



O cluster é um agente de desenvolvimento econômico regional caracterizado por proporcionar vantagens competitivas através da sinergia e do compartilhamento de recursos através de uma rede de negócios.

Discutindo o papel dos cursos superiores de tecnologia no
sistema de cluster, refletindo sobre a importância da
formação de tecnólogos (graduação tecnológica) para o
desenvolvimento desses aglomerados empresariais (clusters).

           Quem faz sucesso não é a empresa, e sim as pessoas que estão inseridas nela.
           A união dostalentos é a ferramenta essencial para obtenção da sinergia.


Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br


Desde o final do século XX e em particular nos tempos atuais, o conceito de cluster, aglomeração geográfica de empresas interconectadas de segmentos específicos e/ou correlatos, tem chamado a atenção de governos e estudiosos. O cluster surgiu como uma solução para questões relativas à competitividade das nações em fatores tais como a geração econômica. Devido ao êxito competitivo obtido por esses arranjos produtivos locais (APL), como o cluster é aqui chamado, vem tendo um forte impacto sobre as oportunidades de emprego, em especial nos países emergentes como o Brasil.

Num cenário de limitações à implementação de política industrial e tecnológica em âmbito nacional, os clusters assumem relevância, pois promovem investimentos, crescimento econômico, aumento de emprego, exportações e desenvolvimento tecnológico específico. Uma vez que um cluster começa a formar-se, um ciclo autorreforçante promove o seu crescimento, especialmente quando instituições locais auxiliam e onde a competição local é vigorosa. À medida que ele se expande, a sua influência sobre o governo e as instituições públicas e privadas também se expande. Segundo José Pereira Mascarenhas Bisneto, “um cluster em crescimento significa oportunidades, pois sua história de sucesso ajuda a atrair os melhores talentos. Os investidores tomam conhecimento e indivíduos com ideias ou habilidades relevantes migram de outros lugares. Os fornecedores especializados surgem, a informação se acumula, a força e a visibilidade do cluster aumentam”.

Se a sinergia consiste no esforço coordenado, simultâneo e constante de algumas pessoas, que se unem para realizar uma tarefa de forma mais produtiva, resolver um problema ou atingir um objetivo comum a todos eles, os clusters são seu meio ambiente, seu ecossistema. 

Dorival Jesus Augusto, do IMEMO (Instituto da Memória Empresarial - http://www.empresario.com.br/memoria/fotos/683.gif), alerta que “a complexidade do universo empresarial torna praticamente inviável a sobrevivência a longo prazo de negócios que ficam centrados apenas em uma atividade-fim, alheios à evolução mercadológica”. Segundo ele, uma percepção aguçada das carências do mercado permite descobrir novos meios de atuação dentro do próprio segmento e explica o sucesso de empresas que marcam presença há muitas décadas, desafiando e superando todos os obstáculos impostos pela turbulência econômica do Brasil.

O atual cenário econômico global exige esforços na definição de prioridades e empenho em propiciar cada vez mais atividades colaborativas, sinérgicas, o que proporciona uma reflexão sobre como é fundamental melhorar os níveis de educação e capacitação, desenvolver tecnologia, aperfeiçoar as instituições e possibilitar o acesso aos mercados de capitais, demonstrando de forma objetiva a importância da formação de tecnólogos (graduação tecnológica) para êxito dos clusters.

O sucesso das aglomerações geográficas de empresas (clusters) originou-se em um contexto de intensa reestruturação industrial, verificado em âmbito internacional, especialmente nos países desenvolvidos e também em regiões distintas do Brasil com incalculável potencial de crescimento, devido à nossa dimensão territorial e diversidade ambiental e cultural. Em São Paulo, exemplos desses APLs são o polo moveleiro de Mirassol; o de joias de São José do Rio Preto; o de bijuterias de Limeira e tantos outros.

O processo de reestruturação industrial foi marcado pelo aprimoramento tecnológico de produtos e processos de produção, em decorrência de inovações baseadas na microeletrônica e nas tecnologias de informação (TI), nas quais se baseia o cluster, produto das transformações das últimas décadas do século XX, chamada de informacional, global e em rede. É informacional porque a produtividade e a competitividade de unidades ou agentes nessa economia (sejam empresas, regiões ou nações) dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos. É global porque as principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes (capital, trabalho, matéria-prima, administração, informação, tecnologia e mercados) estão organizados em escala global, diretamente, ou mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos. É rede, porque, nas novas condições históricas, a produtividade é gerada, e a concorrência é feita em uma rede global de interação entre redes empresariais.

Em outras palavras, a grande necessidade na atualidade organizacional é procurar que as atividades ganhem expressão, estendendo-se e abrindo mercados por meio de sinergias, que ocorrem porque mantêm áreas muito próximas e inerentes ao eixo principal. Coexistindo como áreas afins, são áreas que precisam ser adicionadas para a busca do ganho de escala. O mundo educacional está aberto para se transformar num gigante de sinergias, de preferência com clusters originais, sejam exo ou endógenos.
As Universidades estão pensando em criar clusters ou operacionalizar sinergias, o que vem acontecendo no mundo empresarial/industrial com enorme sucesso?
Para espanto da plateia e na contramão das necessidades do país, na última segunda-feira, o governo federal impôs limite de vagas por instituições privadas para o Pronatec. A medida, associada às “trapalhadas” no Prouni e no Fies, deflagradas estes dias, asfixia ainda mais o setor e prejudica a formação de mão de obra que poderia alimentar os clusters.
A mesma medida determina, ainda, que, no caso de instituições privadas de ensino superior, os cursos técnicos poderão ser disponibilizados apenas onde houver a oferta de pelo menos um curso superior correlato.

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