Conforme o Houaiss, o verbete desancar implica
derrear com golpes nas ancas; descadeirar
bater violentamente em; espancar, surrar
aplicar em (outrem) [surra, chute etc.]
trazer abaixo; derrubar, vergar
fazer críticas ou acusações severas a; reprovar veementemente
fazer críticas ou acusações severas a; reprovar veementemente
Ou seja, é um verbo pra lá
de “poderoso” não é mesmo ?
Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
roney.signorini@superig.com.br
]
Foi o que pretendeu o sociólogo, doutor e professor Wilson de Almeida, da
USP, na sua entrevista à Carta Capital, publicada em 19/12/2014 com o título Prouni criou milionários em troca de má
qualidade na educação, na qual são questionados os incentivos
públicos à inclusão de estudantes de baixa renda em universidades privadas que
ofertam ensino "pasteurizado"(?).
A entrevista foi
coligida por Marcelo
Pellegrini.
Da leitura, infere-se um
volume grande de incoerências, pois o entrevistado saiu deitando vara torta de
marmelo na iniciativa privada da educação que “se locupleta(ria)” de um serviço
que não oferece. Não à altura do desejável e necessário. A entrevista pode ser
acompanhada no link
E dá-lhe malhação: foi
campeão na semana pela conquista de 110 comentários, a favor, mas também
contra. É aquela situação dos cinco minutos de estrelato que não trazem
soluções senão a evidência da síndrome
do spot light ligado sobre a cabeça.
O professor não deixa de ter sua razão, mas,
como sempre, e daí?
Se vale a pergunta, o ferino das colocações é mais para as escolas ou para o governo, como quem bate e assopra ?
Se vale a pergunta, o ferino das colocações é mais para as escolas ou para o governo, como quem bate e assopra ?
Aliás, di
più o meno male eis que surge a PORTARIA NORMATIVA Nº 1, DE 2 DE JANEIRO DE 2015 para Regulamentar
os processos seletivos do Programa Universidade para Todos - ProUni. Norma
quentinha já com a grife do Ministro Cid Gomes, que por certo é mero fiador ou
avalista sem conhecer o afiançado ou avalizado. Fato comum entre contratantes
nacionais. Isso sem falar nas Portarias editadas no apagar das luzes de 2014,
as de nº 21-22 e 23 que tratam do Fundo de Financiamento Estudantil(Fies) para
o qual, agora, só é aprovado quem tiver obtido 450 pontos no Enem.
Ao criar o programa, o
que quis o governo senão resolver um problema todo seu de levar estudantes ao
ensino universitário quando sabidamente não consegue fazê-lo para suas próprias
escolas federais e daí contar com uma parceria preciosa do ensino privado? Assim
não fosse, como seria?
Como solucionar a sua
declarada falência quanto à formação básica (fundamental e médio), e com isso
deixar os candidatos sempre à espera da abertura da janela universitária, sem
qualquer perspectiva de sucesso?
O Prouni é isso mesmo: o
atalho para uma formação e atingimento de mercado de trabalho sem uma formação
excelsa, mas de qualidade. Essa ao menos é a proposta dos cursos, independentemente
da qualidade dos egressos do básico.
Melhor dizendo, a escola conta com a parceria indulgente do empresariado que “assume”, assim, o envernizamento da madeira.
Melhor dizendo, a escola conta com a parceria indulgente do empresariado que “assume”, assim, o envernizamento da madeira.
Na universidade melhor
não foi possível fazer, em dois ou quatro anos na formação, mas há deficiências
e como na corrida do bastão, cabe levar adiante.
Quando não, é a
competição do revezamento que as federações da indústria, do comércio e
similares “poderão/deverão” assumir pois foi feito o “impossível” pelas
escolas, na interpretação rígida do que o próprio comércio ou indústria
conhecem: matéria prima ruim, de carregação, não dará bons resultados, mas
aceitáveis.
Como justificar os
incríveis erros no Enem, no Enade e semelhantes que persistem nas medidas
avaliativas sem ouvir as críticas da comunidade dos que fazem a educação, os
fazedores?
O fato é que, numa
proposta de avaliação desse programa Prouni, é preciso fôlego para entender os
meandros e não basta ser doutor em Sociologia, mas algumas condições além, como
experimentação, vivência de campo, prática educacional aplicada, saber
pedagógico e didático, enfim saberes que se somariam à análise.
Por que o aluno Prouni
vai para a iniciativa privada? Por que o ensino público não o recebe pela mão
de vestibulares absolutamente impossíveis de superar?
Quem são esses
candidatos senão uma grande maioria do ensino público básico absolutamente falido? O
que fazer com esse contingente? Deixá-lo à margem do processo e não incluí-lo
no universitário ou tecnológico?
Como em passado distante,
quando era preciso se prestar um processo de admissão ao ensino ginasial?
O professor Wilson tem
entre seus pares centenas de professores ministrando a mesma ou outra disciplina
nos currículos dos cursos. Então, eles estariam reprovados como incapacitados
ao magistério ou a questão / problema está
aquém do momento universitário, no Básico?
O
Prouni não criou milionários, mas milionarizou milhões de cabeças e
inteligências dispostas a se entregarem à educação e ao ensino porque se
recusaram a ter portas fechadas e sim derrubá-las com os pés da oportunidade.
Desde
2004, hoje já beiram 2 milhões de criaturas com alguma formação, portanto, não
os apupos mas as palmas ao governo e às privadas com a medida.
Ainda
que a “matéria prima” (os egressos do Básico) ingressante na universidade, sobretudo
porque o Prouni existe, além do Fies, tenha se utilizado de apostilas e
continuam com o uso porque só sabem manusear esse tipo de leitura.
Na
entrevista, salta a figura do ensino privado lucrativo que se diferenciaria das
outras instituições “privadas” como as fundacionais, as confessionais,
autarquias e tantas outras abrigadas ao direito civil que cobram mensalidades
mas cujo lucro mão é revertido para os proprietários e herdeiros(?) É de se
supor que estes tenham algum outro negócio/comércio pois não viverão de vento:
autênticos filantropos
no contraponto dos misantropos vorazes e cruéis que exploram a sociedade civil,
exaurem seus patrimônios como predadores da ingenuidade, inocência e candura.
Essa
é a questão que proposta, de certa forma, em ensaios de liberalidade da
educação no regime militar não tivessem sido antes, muito antes, postas em
ofertas e executadas.
Na
entrevista, bem que poderíamos ter sabido quantas e quais instituições
educacionais lucrativas existem no EUA, França e Inglaterra, além da Alemanha e
Suécia, para não dizer no Japão e China. Por que não ?
Cabe
a pergunta, para quem come chuchu e arrota peru: por acaso a Estácio de Sá agrediu
algum dispositivo legal de nossos códigos quando procurou pela medida de
conversão de filantrópica para entidade com fins lucrativos ? Algum crime ou contravenção
?
Com
absoluta certeza o entrevistado ainda não captou a que vieram as instituições
particulares de ensino, ou seja, resolver o dramático problema de educação do
básico, seja a que nível for: federal, estadual ou municipal, por onde
transitam incompetências, incúrias, favorecimentos, etc. etc. Chega ao enojado
de cumplicidades e continuidades, governo a governo, sem um “basta”. Mas isso
não é tudo porque vamos continuar por décadas no lengalenga de jogar as culpas
em cima das camisetas dos “sub 20” para os profissionais.
Alguma
dúvida que as particulares desejam(riam) receber a crème de la crème da
educação do básico e aí sim mostrar o seu potencial de empreendedor ?
Em algum momento demonstraram negativa a isso senão sempre perpetrarem que o governo precisa urgentemente resolver a qualificação da docência do básico. Que passa pela proposta parcial ou integral, alteração curricular e programática nos cursos ?
Em algum momento demonstraram negativa a isso senão sempre perpetrarem que o governo precisa urgentemente resolver a qualificação da docência do básico. Que passa pela proposta parcial ou integral, alteração curricular e programática nos cursos ?
Pelo
velho ditado, a solução é mais embaixo e o poço é fundo.
É
estanho, pra não dizer fantástico, que o lobby
privatista no Congresso conte com
pessoal tanto da oposição quanto da situação. Aí tem !
Com
todo o respeito à inteligência da entrevista, se faz necessário algum reparo ao
foco principal que é o brasileiro estar na escola e pronto para os desafios do
século, com todas suas envolvências.
Tomo
a liberdade de sugerir que o mercado possa identificar a origem do graduado,
seja pelo Prouni ou Fies e demais com a aposição de carimbo no Diploma e
Certificado. Por que não ? Afinal a sociedade precisa saber que ali está um
modo de contributo, transparentemente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário