quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A Curva de Aprendizado - Considerações



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Habilidades necessárias ao jovem para ter sucesso futuro
O Relatório A Curva do Aprendizado é um trabalho encomendado pela Pearson ao The Economist Intelligence Unit (EIU), responsável na coleta de informações. Trata-se de uma bem explorada investigação sobre os fazeres educacionais mundiais nos esforços de reunir, organizar e interpretar dados. Uma vez disponibilizados, objetivam ajudar aos formuladores de políticas, educadores, acadêmicos e especialistas na identificação dos principais fatores, determinantes das melhorias e resultados na educação.

Fallon, é claro ao afirmar que “O cerne do nosso negócio na Pearson é fazer com que todos os tipos de aprendizagem sejam mais acessíveis e mais eficazes, para mais pessoas. E ele continua, “Nosso objetivo era contribuir com o debate global sobre resultados de aprendizagem e ajudar a desvendar o que se passa na caixa preta da educação.”  Sabemos o que entra e o que sai, mas, o que acontece dentro dos sistemas de ensino? O que realmente ajuda a melhorar os resultados dos alunos? Quais são os tamanhos das turmas e os gastos ligados à melhor alfabetização, ensino de matemática e habilidades em resolução de problemas?

O estudo  A Curva de Aprendizado reúne o maior conjunto de dados internacionalmente comparáveis ​​sobre resultados educacionais em 50 países. A  EIU, reuniu mais de 2.500 pontos de dados individuais em um novo banco de dados, o thelearningcurve.pearson.com. O relatório foi completado pedindo a sete pensadores, dentre eles a brasileira Maria Helena Guimarães de Castro, e organizações para definir os critérios para habilidades de sucesso,
nas quais o relatório tem seu eixo duro.
Como o relatório aponta, metade do crescimento econômico nos países desenvolvidos nos últimos dez anos pode ser atribuído a uma melhor qualificação e a justificar o tema deste ano como sendo a capacitação contínua ao longo da vida, reforçando sempre a exigência contemporânea em municiar os estudantes com várias habilidades.
E, um dos problemas mais gritantes e endêmicos na educação em praticamente qualquer país é a falta de atenção dada à provisão de habilidades. Prova disso está que mesmo nos países mais ricos, menos da metade dos alunos está preparada para carreiras e o resultado é que os empregadores frequentemente se deparam com a necessidade de recapacitar os recém-egressos das escolas, embora cheguem bem preparados mas carentes de habilidades..
O amplo estudo leva em conta habilidades cognitivas e de desempenho escolar a partir do cruzamento de indicadores da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), Tendências Internacionais nos Estudos de Matemática e Ciência (Timms) e avaliações do Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização e Leitura (Pirls). Também integrou o estudo os resultados iniciais do Programa para a Avaliação Internacional de Competências Adultas (PIACC). Deste último foram tiradas quatro lições riquíssimas sobre aprendizagem adulta, cá entre nós, a educação continuada, a extensão, a especialização, a pós-graduação, etc.:  
a)Pouco é possível sem o básico.
Uma sólida educação primária é pré-requisito para uma aprendizagem adulta eficaz. Sistemas educacionais podem ensinar às crianças, logo cedo, a se portarem como estudantes para uma vida de aprendizagem mais eficaz mais adiante – em partes ao instalar o desejo em aprender. Tanto em países desenvolvidos, quanto nos em desenvolvimento, a melhor rota para uma boa educação adulta é investir em uma boa educação inicial.
b)Habilidades devem ser usadas para serem mantidas.
Mesmo quando a educação primária é de alta qualidade, as habilidades diminuem nos adultos se elas não forem usadas regularmente. O maior envolvimento na leitura ou em cálculos em casa ou no trabalho aparece como correlato ao maior índice de alfabetização e afinidade com números, e pode retardar o declínio de habilidades na idade adulta.
c)Países devem levar a educação adulta a sério.
Países com melhor desempenho nas pesquisas sobre a capacitação adulta estabeleceram algum tipo de infra estrutura de aprendizagem adulta fora do sistema educacional formal. E uma economia que faz o uso devido da capacitação da população também reduz o risco da perda das habilidades individuais dos trabalhadores com o tempo.
d)A tecnologia é útil para fomentar a aprendizagem adulta, mas não é uma panacéia.
Tecnologias móveis e a internet podem remover alguns dos obstáculos para a educação adulta de habilidades, particularmente no mundo em desenvolvimento. Essas e outras tecnologias podem facilitar o acesso das pessoas à aprendizagem adulta, mas há pouca evidência se seu uso de fato auxilia indivíduos a desenvolver as qualificações.
Outra lição robusta, agora voltada às crianças, fazer com que elas aprendam uma gama de habilidades é essencial para o desenvolvimento econômico de uma nação. Porém, pensar quais as habilidades são importantes é o início da evolução, assim como são as idéias sobre qual a melhor forma de ensiná-las.
E quais seriam elas, eleitas como as habilidades do século XXI ? O relatório responde: um polvo com oito braços.

Liderança:
É a arte de comandar pessoas, atraindo seguidores e influenciando de forma positiva mentalidades e comportamentos. É um comportamento que pode ser exercitado e aperfeiçoado. As habilidades de um líder envolvem carisma, paciência, respeito, disciplina e, principalmente, a capacidade de influenciar os subordinados.
Alfabetização Digital: Busca-se, na alfabetização digital, a realização do inédito viável, isso que os educadores percebem inédito, porque ninguém o estreou, mas viável, porque estão dadas as condições para acontecer, possibilitando uma educação crítica.
Na esfera da Internet, a proposta de educação envolve a alfabetização digital, que tem como base a comunicação e o diálogo e como estratégias fundamentais de leitura de mundo real/virtual o reconhecimento da fala do cotidiano, da escrita e da leitura, na multidiversidade de textos digitais gerados.
Comunicação(Social):
Estuda as causas, funcionamento e conseqüências da relação entre a sociedade e os meios de comunicação de massa – rádio, revista, jornal, televisão, teatro, cinema, propaganda, internet. Engloba os processos de informar, persuadir e entreter as pessoas. Encontra-se presente em praticamente todos os aspectos do mundo contemporâneo, evoluindo aceleradamente, registra e divulga a história e influencia a rotina diária, as relações pessoais e de trabalho.
Inteligência Emocional: O mercado competitivo de hoje depende cada vez mais de redes interligadas e interdependentes, que privilegiam as relações pes­soais. Esta tendência co­loca em destaque questões como o quociente emo­cional e as competências sociais, cada vez mais de­terminantes para o sucesso profissional. David Goleman estabelece cinco competências para a IE

1. Auto-conhecimento emocional: conheci­mento que o ser humano tem de si próprio, incluindo dos seus sentimentos e intuição; auto-consciência.
2. Controlo emocional: capacidade de gerir as emoções, canalizando-as para uma manifestação adequada a cada situação.
3. Auto-motivação: direcionar emoções para a conquista de objetivos estabelecidos; ser capaz de colocar os sentimentos ao nosso serviço.
4. Empatia: reconhecer as emoções no outro e saber colocar-se no seu lugar; compreender o outro para uma melhor gestão das relações.
5. Relacionamentos pessoais: aptidão e facili­dade de relacionamento; está associado em parte com a capacidade empática, e é um fator crítico nas organizações.

Empreendedorismo:
É o estudo voltado para o desenvolvimento de competência e habilidades relacionadas à criação de um projeto ( técnico, científico, empresarial). Tem origem no termo empreender que significa realizar, fazer ou executar.
Cidadania Global: Expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social.
Solução de Problemas: Para solucionar um problema é necessário, em primeiro lugar,entender porque ele existe.Uma noção óbvia, mas que nem sempre podemos ter como garantida.
Trabalho em Equipe: As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação. Em situação de trabalho, compartilhadas por duas ou mais pessoas, há atividades predeterminadas a serem executadas, bem como interações e sentimentos recomendados, tais como: comunicação, cooperação, respeito, amizade. Assim, sentimentos positivos de simpatia e atração provocarão aumento de interação e cooperação, repercutindo favoravelmente nas atividades e ensejando maior produtividade.

​​Notícia triste mas esperada foi que o Brasil subiu uma posição em relação ao primeiro ranking, divulgado em  2012, e está em 38º lugar no relatório 2014 entre 40 países avaliados. Mesmo com a escalada de uma posição no ranking, o País está entre os que registraram queda no índice de desempenho escolar e habilidades cognitivas, um desastre.
Novos entendimentos sobre a educação eficaz em propostas de habilidades precisa da participação de todos os envolvidos e é destaque no relatório 2014.
O relatório de 2012, na ocasião, pontuou atributos em exaustão, incluindo a importância de atrair bons professores e dar a eles o status social de profissionais; objetivos e expectativas claras dentro do sistema educacional acompanhados da prestação de contas pela escola e pelos docentes; e autonomia para os profissionais de educação para que alcancem esses objetivos.
As novas informações trazidas no relatório 2014 agregam e se incorporam ao sugerirem que sistemas que ensinam habilidades básicas, como alfabetização e habilidades com números, com sucesso, dependem não somente de profissionais eficientes e autônomos seguindo objetivos claros. Mas, precisam de estudantes totalmente engajados no processo e do ilimitado apoio de suas famílias, ansiosas em resultados. Ou seja, é uma comunidade inteira cultuando a educação.
A consideração seguinte pressupõe o uso e a manutenção de habilidades. Ou seja, a mensuração do valor econômico das habilidades para as sociedades está no uso da força de trabalho na vida adulta. Assim, o retorno econômico sobre a capacitação é maior para indivíduos de meia idade do que para os que iniciaram no mercado de trabalho. E que é importantíssimo saber qual a maneira de usar e manter as habilidades, além de expandi-las.
A grande virada, a grande questão que se apresenta exige um posicionamento
muito corajoso, sobretudo para os BRICs: para onde levar a educação, conduzi-la para ênfase ao TIMMS ou ao PIRIS e vai nisso um grande desafio para descortinar o futuro, associadamente às demandas sociais e industriais.
Elas ditarão a modalidade a ser perseguida. Adotar ambas é impossível e daí mais uma vez a predominância da especialização, sendo prudente parar com isso de realização pessoal e prazerosa em detrimento do que a humanidade
efetivamente quer e precisa.
O relatório tem uma utilidade inconteste: o entendimento de como os sistemas educacionais podem auxiliar no ensino e manutenção de habilidades, hoje muito mais claros.
A inexorabilidade, que não cede, inflexível, implacável , cujo rigor e severidade, não pode ser amenizado,  é única: a educação precisa ser repensada para as crianças, aos jovens-adolescentes e aos adultos. Porque não se pode  subtrair oportunidades, sob pena de ser fatal à sociedade, se inexistir a possibilidade das mudanças.

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