segunda-feira, 29 de maio de 2017

Karl Marx, um Vagabundo Desocupado



Karl Marx, um Vagabundo Desocupado

Karl Marx foi sustentado pela esposa por 16 anos enquanto escrevia “O Capital” até que ela ficasse pobre. Só teve um único emprego fixo em 64 anos de vida, e foi como correspondente do jornal “New York Herald” por breve período e que não resultava em quantias suficientes para manter a família.

Embora estudioso de economia, era cronicamente irresponsável nas finanças pessoais e sempre passou necessidades. Em 1852, quando morava em Londres sem ter mais para onde correr, Marx tentou penhorar alguns talheres de prata com o brasão da família da esposa quando o dono da loja, desconfiado daquela criatura de cabelos desgrenhados e mal vestida, chamou a polícia.
Viu 4 de seus 7 filhos morrerem ainda bebês pela vida insalubre e miserável que sua vagabundice impôs à família, viu duas de suas três filhas sobreviventes se suicidarem, traiu a mulher que o sustentou por anos a fio com a melhor amiga dela, e ainda deu o bebê nascido desta relação para o amigo rico Engels criar. Morreu pobre, intelectualmente debilitado e com um abscesso no pulmão. Somente 11 pessoas incluindo Engels foram ao seu enterro.

Esse é o ídolo da esquerda. O “pai do socialismo”. Sujeito ordinário, preguiçoso e imoral, que não conseguiu sequer colocar a própria vida em ordem. É este pilantra, em muitos aspectos similar ao Lulla, o criador do sistema que tem a pretensão de trazer a solução para o mundo?
Pois é. Cada um tem a referência que merece.

E o Paul Johnson cita no livro “The Intelectuals” que esse energúmeno, além de tudo, não tomava banho e não fazia a barba por muito tempo. Seus seguidores também deixam a barba crescer sem saber por que.

Mas, suas ideias errôneas, ainda estão por aí, a estrepar com o mundo, a azarar com a sociedade.

Pior de tudo é que estamos sendo vítimas desses sórdidos caolhos, gigolôs da miséria, parasitas e aproveitadores, os Schmarotzers, na línguagem de seus conterrâneos alemães. Até quando, como diria Catilina, o senador romano? (autor desconhecido)

Empreender não é só querer



A universidade não tem a estrutura de apoio para a jornada do empreendedor.
Lucas Yuki Nakauchi (Gerente da Endeavor-Brasil)

Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional 
signorinironey1@gmail.com

Hoje, os adolescentes de 18 a 25 anos talvez tenham mais preocupações com a vida do que seus pais tiveram com a mesma idade. Eles precisam encontrar alternativas ou saídas para a empregabilidade por diversas novas razões que afrontam e atemorizam como a repaginação do mundo, a crise, as mudanças de hábitos e cultura, tudo conduzindo para transformações. Afinal, é nas cabecinhas deles que estão os grandes sonhos de realização pessoal e sobretudo profissional.
Com 20 e poucos anos, sonham com independência financeira, querem mudar o mundo. Mas são os que mais sentem os efeitos da crise ao procurar emprego. A palavra aqui pode ganhar outros sentidos semânticos como ocupação, vaga, oportunidade, trabalho e empreendimento. Assim, crescem nos últimos anos os números de jovens que optaram por abrir o próprio negócio, em vez de disputar vagas “abertas” por qualquer anúncio.
A taxa de empreendedorismo dos que têm de 18 a 24 anos saltou de 16,2%, em 2014, para 20,8%, em 2015 (último levantamento Endeveor). Mais de um quinto dos jovens nessa faixa etária criou o próprio negócio. Em 2007, era de apenas 10,6%. Para especialistas, a maior recessão da história do país e fatores culturais explicam o aumento.
O empreendedorismo pode ser uma alternativa à juventude sem emprego na crise, sobretudo quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua mostra a taxa de desemprego na faixa de 18 a 24 anos tendo chegado a 25,9% no fim de 2016. No total, o país tem hoje 13,5 milhões de desempregados.
Mídia e críticos ácidos apontam a falta de incentivo nas faculdades e universidades para empreender; nelas, só 36% dos alunos estão satisfeitos com tímidas iniciativas. Outros números, obtidos pela Endeavor-Sebrae, reiteram essa percepção.
Quando avaliam a situação do aluno num conjunto de 70 instituições de ensino, 72,3% não empreendem; potenciais empreendedores são 9,4%, mas empreendedores efetivos representam só 5,7%. O resultado mostra claramente o descompasso entre o que as universidades oferecem e o que os estudantes desejam. Mas o que de fato as universidades oferecem ou não?
Ser dono do próprio negócio, todos sabem, exige qualificativos imprescindíveis para se fixar e crescer. Não numa ordem rígida, mas, quando falte proatividade, interesse margeado por conhecimento, dedicação plena, ter noções básicas de comércio, de mercados, de fluxos bancários (investimentos – resultados), oportunidades e tantos outros que consistiriam num “business plan”[1], o negócio não se sustenta. Ainda que tudo isso tivesse sido abordado em aulas na universidade, há entre o ensinar e o ter aprendido as lições um espaço abissal.
Não se pode ter medo, diz um empreendedor anônimo, porque o que é segurança hoje em dia? Na crise pode-se perder o emprego porque o vento mudou de direção. Para especialistas e consultores, a crise impulsiona uma mudança cultural no jovem que entra no mercado de trabalho de forma muito penetrante e nessa trajetória ele amadurece muito rapidamente porque não existem zonas de conforto, mas de desafios diários. Concorrência, queda de braço e, ao fim do dia, vai-se à lona porque a receita nem se igualou com a despesa.
Lyana Bittencourt, diretora do Grupo Bittencourt, consultoria especializada em franquias, percebe a mudança no dia a dia. Há duas décadas, seu público era formado, principalmente, por executivos em fim de carreira em busca de um plano alternativo para a aposentadoria. Hoje, esse espaço foi tomado por jovens. A coordenadora do Sebrae, Carla Teixeira Panisset, considera que a tendência deve ser mantida, mesmo depois que o mercado de trabalho se reaquecer:
A Endeavor aponta que na universidade um dos principais problemas é a falta de disciplinas voltadas para a capacitação de quem quer abrir o próprio negócio. Enquanto 54,4% das disciplinas de empreendedorismo oferecidas tratam de “inspiração para empreender”, as mais práticas, que ensinam, por exemplo, a construir um plano de negócio ou gerenciar uma rede de franquias, representam só 6,2% dos cursos. Acertos aqui e acolá poderiam mexer com tais cargas horárias, mas há de se considerar que o curso não trata exclusivamente de empreendimentos. Assim, parte do conhecimento precisa ser trazido por autodidatismo. Aliás, a qualificação é importante para definir as chances de sucesso de um empreendimento. Sabidamente, a universidade não tem a estrutura de apoio para toda uma jornada completa do empreendedor e não pode o aluno querer ser monitorado ou ter um preceptor ao seu lado até a porta do negócio.
Por seu turno, a universidade pública deixa a desejar porque, pela própria missão, acaba sendo um pouco academicista. As pessoas se formam para contribuir para a academia, mas existem diversas formas de contribuir com a sociedade, e empreender é uma delas. Uma interrogação fica no horizonte: quais cursos/carreiras precisariam ter (ou não) disciplinas voltadas para o empreendedorismo e com isso reservar uma carga horária satisfatória em detrimento das demais que compõem o currículo, também muito importantes e necessárias para a formação central do curso? Sem respostas diretas, o CNE não se arroja a resolver a questão. Ademais, os mantenedores
teriam suporte e estrutura quando a iniciativa requisitasse laboratórios e equipamentos?
E ao que tudo indica, está nascendo(?) um irmão do empreendedor que já começa a dar o que falar: o movimento maker no Brasil, cuja cultura incentiva pessoas a construírem objetos. E há quem veja relação entre o empreendedorismo e a cultura maker. Já tínhamos ouvido sobre um processo análogo: a bricolagem[2]. O movimento maker nasce sem pretensão de business. É quase subcultura, cuja ideia é a de que não se precisa comprar tudo pronto, mas querer fazer com as próprias mãos. Muitos dos makers veem nisso um caminho para criar um negócio. Por que não vender esse produto se um amigo gostou, outro gostou? Daí para uma produção em escala é só um pulo. Que tal as IES incorporarem uma maquetaria na instituição sob um relativo custo estrutural?
[1] Plano de negócios (do inglês Business Plan), também chamado "plano empresarial", é um documento que especifica, em linguagem escrita, um negócio que se quer iniciar ou que já está iniciado. Geralmente é escrito por empreendedores, quando há intenção de se iniciar um negócio, mas também pode ser utilizado como ferramenta de marketing interno e gestão. Pode ser uma representação do modelo de negócios a ser seguido. Reúne informações tabulares e escritas de como o negócio é ou deverá ser. De acordo com o pensamento moderno, a utilização de planos estratégicos ou de negócios é um processo dinâmico, sistêmico, participativo e contínuo para a determinação dos objetivos, estratégias e ações da organização.
[2] O conceito surgiu nos Estados Unidos, na década de 1950, com a sugestão "do it yourself" de onde saiu a famosa abreviatura DIY que significa em português faça você mesmo. Isso ocorreu devido ao encarecimento da mão-de-obra e se desenvolveu com a grande visão dos empresários em perceber este nicho, criando produtos fáceis de serem usados, utilizando embalagens com pouca quantidade e todos com manuais explicativos.
Bricolagem, palavra de origem francesa ("bricolage") significa, fazer pequenos trabalhos por um amador com pouco conhecimento e sem ferramentas profissionais.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

E o Brasil, tem Jeito ?



Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.
Darcy Ribeiro (1922-1997)

Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional          
signorinironey1@gmail.com

Em 1982, numa conferência, Darcy Ribeiro profetizou: “Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”. Ele não só tinha razão, como também o país atravessa uma crise no sistema prisional sem precedentes, com 622 mil presos e um déficit de 250 mil vagas.

Na virada do ano, escancarou-se o horror bestial (de que o cidadão comum e “de bem” nunca desconfiou): chacinas entre facções do crime organizado, que começaram no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, espalharam-se como metástase por vários outros presídios. E chacina com requintes de crueldade, uma explosão de barbárie, com presos decapitados, desmembrados, incinerados.

As fotos devassam a intimidade dos presídios e o caos do sistema prisional. Superlotação das celas imundas infestadas de ratos e baratas (qualquer semelhança com masmorras medievais não é mera coincidência), com presos amontoados como animais à espera da degola. Surgimento de favelas – dentro dos presídios! –, com conhecimento dos agentes carcerários e diretores. Presos com armas de grosso calibre e facões (ambos não são de fabricação “caseira”. Pergunta-se: como estão lá?). Presos desocupados pelos pátios.

Tudo isso ao lado de outras fotos que mostram algumas celas “vip” para quem manda realmente no presídio: os “xerifes”, que dão ordens de massacre e, de dentro das prisões, comandam as ações das facções aqui fora.

A radiografia da população carcerária é previsível: 56% têm entre 18 e 29 anos; 67% são negros; 93% são homens; 53% não concluíram o ensino fundamental.
Dados do último Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), do Ministério da Justiça preveem que, se o crescimento da população carcerária mantiver o ritmo, em 2022 o Brasil superará a marca de 1 milhão de detentos. Segundo a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, também presidente do Conselho Nacional de Justiça, um preso custa ao Estado 13 vezes mais (!) que um estudante: em média, R$ 2,4 mil por mês (R$ 28,8 mil por ano), enquanto um estudante de ensino médio custa atualmente R$ 2,2 mil por ano.

“Investimento em educação, de fato, reduz a vulnerabilidade das pessoas, que ficam menos expostas ao crime. É pacificado na literatura, um fato científico”, afirma o pesquisador Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getulio Vargas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Mas precisamos ir além desse mantra: temos que exigir qualidade no ensino e menos desigualdade. Países com menos desigualdade geram um povo educado e, consequentemente, menos violento.”

Já e
m 2013, um estudo do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que para cada investimento de 1% em educação, 0,1% do índice de criminalidade era reduzido. Para obter esse número, a pesquisa analisou o gasto público em educação entre 2000 e 2009, e como o investimento impactou na redução da taxa de homicídios. Depois, observou como uma escola voltada para o desenvolvimento de conhecimento tem menos chance de desenvolver alunos violentos do que escolas com traços como depredação do patrimônio, atuação de gangues e tráficos de drogas.

A escola é um meio de transformação. Mas a boa escola: com professores valorizados, bem formados, para que crianças possam sonhar com um futuro que não seja miserável. “Estamos falando de adolescentes e jovens que moram nas periferias, lugares mais vulneráveis. Os dados mostram que a escolaridade na população carcerária é baixa e a realidade nos mostra que se houvesse escolas de qualidade, de fato, eles poderiam ter um futuro diferente”, garante a psicóloga Vanessa Barros, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais e integrante do Observatório Nacional do Sistema Prisional.

Na mesma revista Veja, de 11 de janeiro, que estampa as fotos da barbárie carcerária, a reportagem “O fausto da senhora Cunha”, como um bofetão na nossa cara, reproduz trechos de conversas no Whatsapp de Cláudia Cruz com amigas: “Nesse momento estou gastando uma grana no f mall! Hahahahah”; “Acabo de comprar a bobo [Bo.BÔ, grife de roupas de luxo] inteira! Rsss”; “To enchendo a barriga em portugal [com p minúsculo mesmo]! Bacalhau saindo pelas orelhas.” Outra reportagem da mesma edição (“Deboche aéreo do governador”) revela que, enquanto Minas Gerais enfrenta calamidade financeira e atrasa salários, Fernando Pimentel [governador de Minas] usa helicóptero do governo para buscar o filho numa festa de ano-novo, coisa que Renan Calheiros, Aécio Neves e Clóvis Carvalho [ministro de FHC em 1999] são useiros e vezeiros em praticar. Ah! E Sérgio Cabral também.

Este, aliás, também, tem uma “patroa” de fazer inveja a muita mulher, quem sabe até a Imelda Marcos tupiniquim, dos milhares de sapatos: joias, roupas, sapatos, restaurantes, viagens... Tudo às nossas expensas!

Eduardo Cunha e Sérgio Cabral estão presos (assim como tantos outros corruptos e corruptores denunciados pela Operação Lava-Jato). As somas conseguidas ilicitamente por todos eles são astronômicas e dariam para, no mínimo, amenizar a crise econômica por que passa o país. Por baixo, pó baixo, construir uma dezena de presídios de primeira classe. Mas, como canta Gal Costa: “Onde está o dinheiro?/ O gato comeu, o gato comeu/ E ninguém viu/ O gato fugiu, o gato fugiu/ O seu paradeiro/ Está no estrangeiro/ Onde está o dinheiro?”.

Toda essa gente frequentou boas escolas, não nasceu em periferia nem morou em favelas, mas, talvez, lhes tenha faltado a escola voltada para o desenvolvimento do conhecimento, do respeito, da ética, da solidariedade, da civilidade e da cidadania, que, acredito, é a única forma de educação que liberta e abre caminhos para se enfrentar, e transformar criativamente, a realidade.

Enquanto esse circo dos horrores, sem picadeiro, domina e hipnotiza plateias, duas outras notícias trazidas pela mídia exacerbam em bons exemplos: em Pernambuco, Sebastião Pereira Duque, 72 anos, catador de lixo, dá exemplo de solidariedade ao construir uma escola para 75 crianças. E não é só isso porque também constrói barracos para quem não tem onde morar, e não é de hoje, isso há 24 anos puxando uma carroça pelas ruas de Olinda. A escola, Nova Esperança mexe com os brios de muitos brasileiros, inclusive com mantenedores de escolas, do Fundamental ao Superior.

Com a picardia que lhe é própria, o jornalista Elio Gaspari, no último dia 15, afirma que o Brasil dá certo ao trazer a notícia de que seis jovens do ensino médio do Rio de Janeiro mergulharam no crowdfunding [a popular vaquinha social] para arrecadar fundos (no mínimo R$ 44 mil para custear as viagens), já que eles foram aceitos para representar o Brasil no torneio de matemática da Universidade de Harvard e do Massachussetts Institute of Technology (MIT), mas nem por isso o Estado lhes deu guarida, ninguém do município, estado ou união moveu palha para que representassem o Brasil no certame, que reúne centenas de estudantes de todo o mundo. Em outras oportunidades, nos últimos seis anos, eles já conquistaram mais de cem medalhas em matemática, física, astronomia e robótica. O extraordinário é que já conseguiram R$ 100 mil.

Que espetáculo, mas também que vergonha de parte das autoridades educacionais.
Encerrando o comentário, Gaspari diz que numa época de “acidentes pavorosos” (Temer, se referindo à carnificina nas prisões) enfim uma iniciativa maravilhosa aquela, claro.

Construindo uma Educação de Qualidade



Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com 

Com esse título o Instituto Ayrton Senna ( IAS ), a Fundação Santillana, ELDiálogo Interamericano e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal realizaram em São Paulo um painel para discussões reunindo cardeais da educação como Viviane Senna, Ariel Fiszbein, André Lázaro, Eduardo Queiroz, Cesar Callegari( CNE ), Marialba Carneiro (Undime ),Antonio Neto ( Consed ).

A razão principal foi a apresentação do relatório “Construindo uma educação de qualidade: um pacto com o futuro da América Latina”, tarefa entregue a Ariel Fiszbein, diretor executivo da comissão ElDiálogo. Desejando conhecer o inteiro teor do relatório acesse http://www.institutoayrtonsenna.org.br/arquivos/Construindo-uma-educacao-de-qualidade.pdf
O evento foi concluído brilhantemente com uma mesa-redonda de opiniões com os participantes Emilia Cipriano, Priscila Cruz, Claudia Costin, Ricardo Paes de Barros, Mozart Neves e Ariel Fiszbein.

Para os painelistas, com total consenso, nos últimos anos o processo educativo na América Latina tem sido muito lento, e embora a matrícula e o investimento em educação tenham aumentado em praticamente todos os países da região, os déficits de aprendizagem ainda são muito acentuados e representam um sério desafio para o desenvolvimento com igualdade.
O relatório/livro chama a atenção para o problema da baixa qualidade educativa na região e propõe uma agenda transformadora, identificando áreas prioritárias nas quais são necessárias reformas e inovações. O crescimento quantitativo não foi acompanhado pelo qualitativo.

Alguns dados do relatório são aterradores e fantasmagóricos, com toda certeza já esperados e que o público ansiava não por saber mas por confirmar e assim é que entidades nacionais estão se voltando com todas as forças para mudar esse quadro.
E um bom exemplo é o de que há mais de 20 anos o Instituto Ayrton Senna contribui para desenvolver plenamente os potenciais das novas gerações por meio de uma educação de qualidade. Atuando como um centro de inovação em educação, em parceria com gestores públicos, educadores, pesquisadores e outras organizações, o IAS produz e sistematiza conhecimentos para apoiar a construção de políticas públicas e práticas educacionais efetivas e com base em evidências. Mas tem sido pouco ante o gigantismo do problema.
Sem risco de errar, o instituto, voltado para a educação básica, é o que mais tem contribuído com suas ações para o setor.

O cenário seria desanimador não fosse o empenho férreo para mudar o quadro, de parte dos institutos que operam nessa frequência, como os promotores do evento.
Senão vejamos, 20% dos futuros professores no Brasil têm nota vermelha, é o que destaca Angela Pinho, da Folha de São Paulo, em matéria de segunda-feira(28). Com baixos índices de qualidade da educação, o Brasil está recrutando futuros professores entre os piores alunos do ensino médio.
O resultado pode ser observado em levantamento feito pelo Inep sobre as notas obtidas no Enem, no qual os dados revelam, tristemente, que 19,1% dos candidatos que ingressaram em uma graduação de pedagogia no ano seguinte não conseguiriam sequer um certificado de ensino médio com a nota do exame. Tiraram até 450 pontos, considerando-se a média aritmética das quatro provas objetivas e da redação. Para obter um certificado de ensino médio —possibilidade aberta a pessoas com mais de 18 anos e fora da escola—, é preciso tirar 450 pontos em cada prova e 500 na redação. Mais, portanto, do que esse grupo de quase 1 em 5 futuros professores.

Conforme  ressalta José Francisco Soares, presidente do Inep à época da definição dos 450 pontos, e professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais. Os 450 pontos equivalem ao acerto de 6 a 8 questões por prova no Enem, de um total de 45. Ou seja, um desastre em termos de formação. Os cursos de pedagogia formam, principalmente, profissionais que atuam até a quarta série e educadores em cargos de chefia, como coordenadores e supervisores.
É gritante a distância entre teoria e prática em cursos de formação de professores, citada em diversas pesquisas sobre o tema mas as autoridades fazem ouvidos moucos.. Faltam nas universidades conteúdos sobre como atuar na sala e como alfabetizar, por exemplo.
A qualidade dos cursos também é bastante heterogênea e depende do perfil dos alunos que entram. Nas que recebem os de pior desempenho, com média abaixo de 450 pontos no Enem, alunos têm dificuldade de pensamento lógico, de leitura e de texto, afirma Carlos Monteiro, consultor de ensino superior.

Em entrevista para Flávia Yuri Oshima, da revista Época, (7/11/2016) - uma das maiores pesquisadoras em Educação do Brasil diz que a mentalidade predominante nos cursos de pedagogia é anacrônica e não atende as demandas sociais do país
A professora Bernardete Gatti[1], de 74 anos, interessou-se por formação de professores na década de 1960, quando poucos no país falavam no assunto.. Defende, sobretudo, que nenhuma formação de professores pode ser eficaz sem ênfase nas práticas de como ensinar – algo que não ocorre nas faculdades. Bernardete é a favor da criação de um exame nacional para professores, do aumento de salário, como peça-chave para mudar o perfil dos candidatos à profissão, e de avaliações constantes de professores, atreladas à remuneração.

Para Bernardete, o problema da formação de professores começa na faculdade. Os docentes de pedagogia e das licenciaturas – de matemática, língua portuguesa, biologia etc. – não sabem ensinar para quem dará aula. Isso porque eles mesmos não aprenderam como fazer isso. Para não dizer que a formação didática não existe, podemos dizer que ela é precária. A maioria dos futuros professores não aprende como lecionar. Não recebem na faculdade as ferramentas que possibilitarão que eles planejem da melhor forma possível como ensinar ciências, matemática, física, química e mesmo como alfabetizar. Muitos de nossos professores saem da faculdade sem saber alfabetizar crianças. É um problema grave.

Pelo visto e sabido, se não for possível mexer e mudar esse quadro tudo permanecerá como igual, sem relevância e distinção de preocupações como se estivéssemos “muito bem na fita” do PISA.
Apesar dos pesares, vem por aí mudanças estruturais na configuração do ensino médio. Sobre o corpo docente da área nada se sabe.
[1] Bernardete Gatti fez doutorado na Universidade de Paris, seguiu para o Canadá, para um pós-doutorado na Universidade de Montreal, e para os Estados Unidos, para outro pós-doutorado na área, desta vez na Universidade da Pensilvânia. Deu aulas de psicologia da educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Hoje, coordena as pesquisas da Fundação Carlos Chagas