Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
Assessor e Consultor Educacional
signorinironey1@gmail.com
A Educação no Brasil, como um processo
sistematizado de transmissão de conhecimentos, é indissociável da história da Companhia de Jesus. As negociações de Dom
João III, junto à ordem missionária católica podem ser consideradas um marco. No
período da exploração inicial, os esforços educacionais foram dirigidos aos
indígenas, submetidos à chamada "catequese"
promovida pelos missionários jesuítas que vinham difundir a crença cristã entre
os nativos. O padre Manuel da Nóbrega chefiou a primeira missão da ordem
religiosa em 1549. Em 1759 houve a expulsão dos jesuítas (reformas pombalinas),
passando a ser instituído o ensino laico e público através das Aulas
Régias. A partir de 1772, dá-se a
implantação do ensino público oficial no Brasil (que manteve o Ensino
Religioso nas escolas, contudo).
Durante esses
quase 300 anos da história do Brasil, o panorama não mudaria muito. A população
do período colonial formada além dos nativos e dos colonizadores brancos,
tivera o acréscimo da numerosa mão de obra escrava oriunda da África. Mas os
escravos negros não conseguiram qualquer direito à educação e os homens brancos
(as mulheres estavam excluídas) estudavam nos colégios religiosos ou iam para a
Europa. Os colégios de jesuítas negavam as matrículas de mestiços mas tiveram
que ceder tendo em vista os subsídios de "escolas públicas" que
recebiam.
Não se conseguiu
implantar um sistema educacional nas terras brasileiras, mas a vinda da Família
Real no início do século XIX permitiu uma nova ruptura com a situação
anterior. Para preparar terreno para sua estadia no Brasil Dom
João VI abriu Academias Militares (Academia Real da Marinha (1808) e
Academia Real Militar (1810)), Escolas de Medicina (a partir de 1808, na Bahia
e no Rio de Janeiro), Museu Real (1818), a Biblioteca Real (1810), o Jardim Botânico (1810) e, sua iniciativa mais
marcante em termos de mudança, a Imprensa
Régia (1808).
A educação, no
entanto, continuou a ter uma importância secundária. Basta ver que enquanto nas
colônias espanholas já existiam muitas universidades, sendo que em 1538 já
existia a Universidade de São
Domingos e em 1551 a do México e a de Lima, a Universidade Federal do Amazonas,
considerada a mais antiga universidade brasileira, foi fundada em 1909. A USP de São Paulo surgiu
em 1934.
Em 1822, havia
propostas para a Educação na Assembleia Constituinte (inspiradas nos ideais da
Revolução Francesa) mas a sua dissolução por Dom Pedro
I adiaria qualquer iniciativa no sentido de estruturar-se uma política
nacional de educação. A Constituição de 1824 manteve o princípio da liberdade
de ensino, sem restrições, e a intenção de "instrução primária gratuita a
todos os cidadãos".
Com a instauração da República (1889), a Educação
sofreria mudanças mas sempre sob os princípios adotados pelo novo regime:
centralização, formalização e autoritarismo. Passamos por cinco reformas:
Reforma Benjamim Constant, Reforma Epitácio Pessoa, Reforma Rivadávia, Reforma
Carlos Maximiliano e Reforma João Luiz Alvez. Ações meramente políticas
deixando de contar com cientistas, intelectuais e a inteligenzia da época.
Só a partir de
1930 surgem as reformas educacionais mais modernas. Assim, na emergência do
mundo urbano-industrial, as discussões em torno das questões educacionais
começavam a ser o centro de interesse dos intelectuais.
E se
aprofundaram, principalmente devido às inquietações sociais causadas pela
Primeira Guerra e pela Revolução Russa que alertaram a sociedade para a
possibilidade de a humanidade voltar ao estado de barbárie devido ao grau de
violência observado nessas guerras.
O Decreto 19.850
de 11 de abril de 1931 organizou o Conselho Nacional de Educação e a Constituição de 1934 deu-lhe a incumbência de
criar o Plano Nacional de Educação. Em 1932 alguns intelectuais brasileiros
como Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira, dentre outros (no total de 26),
assinaram o "Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova".
Desse modo, os
intelectuais voltaram sua atenção para a educação, uma vez que, pretendiam
contribuir para a melhoria do processo de estabilização social. Não demoraram
muito a declararem a insuficiência da pedagogia tradicional diante da exigência
do mundo moderno, capitalista, concluindo que as instituições escolares
deveriam ser atualizadas de acordo com a nova realidade social.
O movimento
educacional que surgiu naquele momento e que influenciou consideravelmente o
pensamento educacional brasileiro foi o que nos Estados Unidos denominou-se de
Escola Nova. Este movimento, valorizava os jogos e os exercícios físicos de
forma geral, desde que servissem para o desenvolvimento da motricidade e da
percepção. O seu desenvolvimento levava em consideração os estudos da
psicologia da criança e buscava os métodos mais adequados para estimular o
interesse delas, sem, no entanto, privá-las da espontaneidade.
Tanto o
manifesto de 1932 como a constituição de 1934 traçaram pela primeira vez as
linhas mestras de uma política educacional brasileira. Contudo, a constituição
de 1934 durou pouco e foi substituída pela de 1937.
Em 1942, o ministro Gustavo Capanema incentivou novas leis de reforma do Ensino, que ficaram conhecidas como "Reforma Capanema".
Em 1942, o ministro Gustavo Capanema incentivou novas leis de reforma do Ensino, que ficaram conhecidas como "Reforma Capanema".
Alguns outros
momentos no percurso educacional nacional merecem destaque como o
contido na Constituição Brasileira de 1988 que em seus dispositivos
transitórios dava o prazo de dez anos para a universalização do Ensino e a
erradicação do analfabetismo. Ainda em 1996 surgiu a nova LDB - Lei das
Diretrizes Básicas, que instituiu a Política Educacional Brasileira. A lei
9131/1995 criou o Conselho Nacional de Educação,
substituindo o antigo Conselho Federal de Educação, extinto em 1994. Em 1990
foi organizado o SAEB - Sistema de Avaliação do Ensino Básico. Com a lei
9.424/96 foi organizado o FUNDEF - Fundo de Manutenção do Desenvolvimento do Ensino
Fundamental (que depois de dez anos foi substituído pelo FUNDEB), que
obrigou os Estados e Municípios a aplicarem anualmente um percentual mínimo de
suas receitas (e desse montante, 60% pelo menos para o pagamento do pessoal do
magistério).
Como se vê, não é possível contar a história da educação
brasileira sem necessariamente se reportar aos momentos/movimentos políticos
pelos quais passamos e com raras exceções alguns poucos com expertise
educativa.
A bibliografia sobre é assunto é pequena,
sobretudo a que tenha por finalidade analisar a função social da escola,
buscando compreender as ligações existentes entre ela e as demandas de sua clientela
escolar ao longo da história .
A educação escolar no Brasil, desde os
primórdios de sua história, sempre foi pautada por uma forte tendência elitista
e excludente.
A educação dada pelos jesuítas, transformada em educação de classe, com as características que tão bem distinguiam a aristocracia rural brasileira, que atravessou todo o período colonial e imperial e atingiu o período republicano, sem ter sofrido em suas bases, qualquer modificação estrutural, mesmo quando a demanda social de educação começou a aumentar, atingindo as camadas mais baixas da população e obrigando a sociedade a ampliar sua oferta escolar.
A educação dada pelos jesuítas, transformada em educação de classe, com as características que tão bem distinguiam a aristocracia rural brasileira, que atravessou todo o período colonial e imperial e atingiu o período republicano, sem ter sofrido em suas bases, qualquer modificação estrutural, mesmo quando a demanda social de educação começou a aumentar, atingindo as camadas mais baixas da população e obrigando a sociedade a ampliar sua oferta escolar.
Uma mudança a ser destacada foi a instituição
do Ato Adicional de 1834, que atribuiu às províncias como medida de
descentralização a criação e a manutenção do ensino primário e secundário.
O resultado foi que o ensino, sobretudo o
secundário, acabou ficando nas mãos da iniciativa privada e o ensino primário
foi relegado ao abandono, com pouquíssimas escolas, sobrevivendo à custa do
sacrifício de alguns mestres-escolas, que, sem habilitação para o exercício de
qualquer profissão rendosa, se viam na contingencia de ensinar. O fato de a
maioria dos colégios secundários estarem em mãos de particulares acentuou ainda
mais o caráter classista e acadêmico do ensino, visto que apenas as famílias de
altas posses podiam pagar a educação de seus filhos.
A Constituição da Republica de 1891,
consagrou o sistema dual de ensino e oficializou a distância entre a educação
da classe dominante (escolas secundárias acadêmicas e escolas superiores) e a
educação do povo (escola primária e escola profissional).
No início do século XX, fatos relacionados ao
crescimento da importância das cidades, à explosão demográfica, a
industrialização e a urbanização, seguidos da emergência de uma classe média e
da imigração, forçam a sociedade brasileira a propor mudanças no campo
educacional.
Entre os anos de 1920 e 1930 ocorreram várias
reformas que cada Estado acabou implementando porque o Congresso não se
“mexia.”
.
Em 1932, ocorre à divulgação do Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova, movimento que marcou a educação nacional e defendia
a ideia de uma educação pública, gratuita e laica para todos os cidadãos
brasileiros.
Desnecessário
dizer do insucesso.
Então chegamos a
trancos e barrancos nos anos 1964 e seguintes com forte expansão da educação
superior para evitar que os classificados nos vestibulares engrossassem a fila
dos excedentes. Uma vergonha que alijava milhares de estudantes da oportunidade
de estudos superiores. Estes, carregando outro fardo vergonhoso de ter estudado
o Fundamental e Médio em escola pública, de sofrível reputação a ter de estudar
em faculdade particular. Inverso senso, os originários de bons colégios
buscavam as vagas públicas superiores, no mais, com evidente êxito.
Dezenas de
ministros da educação em recente e curto espaço de tempo, desacertos nas
propostas estapafúrdias como o Enem, o Enade, as obsoletas Diretrizes
Curriculares, o Fies e todo o cipoal que o envolve, as cotas e muito mais, para
não falar no regime/sistema de avaliação das instituições de ensino..
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