segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Checklist [*]



À medida que vamos dando mais importância e desenvolvendo mais interesse no universo da criatividade humana, por lógico, vem crescendo bastante a bibliografia sobre o assunto, e já encontramos boas leituras não só para os iniciantes, mas também para os que dominam o assunto e correm atrás de aperfeiçoar o conceito associadamente à ideação e à inovação.

O que ainda falta falar ou escrever é sobre quanto, como e desde quando, no Brasil, a ausência dessa preocupação sistematizada vem prejudicando as diversas gerações, salvo para os que criaram interesse e, portanto, procuraram pelo autodidatismo.
Fosse possível fazer uma pesquisa adotando-se um checklist para saber no que e como as autoridades governamentais erraram, negligenciaram na educação por décadas, as respostas já evidenciariam aquilo nas mesmas décadas, em outros países: a evolução com o agregado do estudo e aplicação exponencial da criatividade. Tivéssemos feito isso, poderíamos ter colocado o país em outros patamares sociais, culturais, econômicos, etc.

Será que a carência desse conhecimento não tem intimidade com a insuficiência de aprenduizados na escola, inclusive até mesmo a justificar os baixos IDHs nacionais, a baixa performance em certames internacionais como o PISA?

O ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, quando no MEC, escolheu a socióloga Helena Singer para ser a ponte entre o MEC e o universo das experiências inovadoras em educação. “A ideia é buscar que tipo de inovação deve se tornar referência, mapear o que é preciso multiplicar e fortalecer mutuamente os projetos pelo contato entre eles”, explica Helena, que avisa: pretende dar visibilidade a projetos radicais.
“A inovação parcial, incremental, vem ganhando força, mas quero falar de experiências que radicalizem a forma de organizar o tempo, que trabalhem o espaço de modo totalmente diferente – como a de escolas que não estruturam mais o currículo em cima de aulas convencionais de 50 minutos nem usam carteiras enfileiradas de frente para a lousa”, diz a socióloga. “A estrutura fechada de tempo-espaço ainda é o padrão usado pela maioria das escolas, públicas e privadas. As pessoas sabem que isso não funciona, mas não conhecem outras formas de fazer.”

Infelizmente Janine Ribeiro teve uma passagem meteórica pelo MEC, mas soube-se por primeiros levantamentos que existiam perto de 178 escolas do ensino básico que já adotavam algum tipo de inovação e criatividade.

Não sem razão, a dificuldade de adotar soluções inovadoras em massa num país com 49,8 milhões de matriculados da creche ao ensino médio, dos quais 40 milhões estudam na rede pública, é tarefa das mais hercúleas, que sem financiamento não saem do papel e vão com o vento numa primeira lufada.

Um grande otimismo, tipo “agora a coisa vai” tomou conta dos operadores da educação quando Janine Ribeiro baixou a Portaria 751, de 21 de julho de 2015,
Instituindo o Grupo de Trabalho responsável pela orientação e pelo acompanhamento da iniciativa para Inovação e Criatividade na Educação Básica do MEC, tendo à frente Helena Singer.
Alguns meses mais tarde, Aloizio Mercadante reassume o MEC e dessa vez baixando a Portaria 1.154, de 25 de dezembro de 2015, que instituiu a Comissão de Orientação e Acompanhamento da Iniciativa para Inovação e Criatividade na Educação Básica do MEC.
Tudo igual, mas não semelhante. Hoje, nenhuma dúvida que puxaram o breque de mão. Hoje, a bola da vez é a Base Curricular Nacional quando já se passaram quase dois anos do PNE. Alguns otimistas acham que dá pra finalizar a questão do currículo até dezembro. Sectário, não creio.

De prático e de práticas, que é o combustível da criatividade, até agora nada de firme, bom e valioso para nossa meninada.
Exceção para exatas 178 instituições educacionais entre organizações não governamentais, escolas públicas e particulares, foram reconhecidas pelo Ministério da Educação como exemplos de inovação e criatividade na educação básica. Interessado em identificar e conhecer iniciativas inovadoras para saber em que medida elas podem contribuir para a melhoria da qualidade da educação brasileira, o Ministério da Educação lançou chamada pública em setembro passado, à qual se apresentaram 682 entidades.

Depois de criteriosa avaliação, a seleção foi realizada. Constam da lista 138 instituições que já trilham um longo caminho na prática da inovação e 40 organizações que estão caminhando na direção da inovação com vistas a garantir qualidade à educação oferecida. O Ministério vai acompanhar o desenvolvimento de todas.

As organizações selecionadas traçam o perfil da inovação na educação do país. Elas estão presentes nas cinco regiões brasileiras e sua distribuição corresponde à da população: mais da metade (50,8%) estão na Região Sudeste, seguida da Região Nordeste (21,9%), Sul (13,7%), Centro-Oeste (8,7%) e Norte (7,6%).

A maioria dos inscritos foram escolas, tendência que se repetiu entre as selecionadas: 74,3% são escolas e as demais 25,7% são organizações educativas que atuam na formação de crianças, adolescentes e jovens, algumas com foco específico em cultura, comunicação, tecnologias digitais ou educação ambiental. Entre elas, 52,5% são públicas e 47,5% são particulares.

[*] Uma lista de verificação, um tipo de ajuda de trabalho, informativo usado para reduzir a falha , compensando possíveis limites do humano de memória e atenção. Ele ajuda a garantir a consistência e a integridade na realização de uma tarefa. Um exemplo básico é a "lista por fazer".

Responsabilidade Social no Setor Educacional



No cenário mundial contemporâneo percebe-se o processar de inúmeras transformações de ordem econômica, política, social e cultural que, por sua vez, se adaptam aos novos modelos de relações entre instituições e mercados, organizações e sociedade. No âmbito das atuais tendências de relacionamento, verifica-se a aproximação dos interesses das organizações e os da sociedade resultar em esforços múltiplos para o cumprimento de objetivos compartilhados.

Os primeiros estudos que tratam da responsabilidade social tiveram início nos Estados Unidos, na década de 50, e na Europa, nos anos 60. As primeiras manifestações sobre este tema surgiram, no início do século (1906). No entanto, tais manifestações não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista. Foi somente em 1953, nos Estados Unidos, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço. Na década de 70, surgiram associações de profissionais interessados em estudar o tema: É a partir daí que a responsabilidade social deixa de ser uma simples curiosidade e se transforma num novo campo de estudo. A responsabilidade social revela-se então um fator decisivo para o desenvolvimento e crescimento das empresas.


No Brasil, diversas empresas e indústrias exerceram esse propósito, pode-se dizer que há dezenas de anos: a Gerdau, a Cosipa, a Aliperti e tantas outras.

Quando tive o insight de aplicar o mote na área educacional, o meu interesse era demonstrar para a sociedade que também as instituições educacionais propunham e exerciam a sua contribuição, haja vista as centenas e/ou milhares de atenções dedicadas às comunidades, na medida em que suportassem nos cursos oferecidos uma grande gama, seja na medicina, na enfermagem, no direito, na administração, na contabilidade e por aí vai.

As várias edições do evento confirmam que de fato as IES-Instituições de Ensino Superior  têm contribuído de forma marcante, ao longo do ano letivo, agregando conhecimentos aos cidadãos no entorno de cada escola, propiciando melhoras na cidadania, na civilidade, na cultura local. Mas, é pouco, muito pouco e acho mesmo que já é hora de todas as IES nacionais constituírem um grupo de trabalho, uma força tarefa para melhor desempenhar o escopo sem ficar atreladas somente aos viés de cursos que ofereçam. Não é cobrar muito se pensarmos que todas nossas IES, de norte a sul do país, criarem uma ou duas turmas voltadas para o ENCJA, atribuindo aos licenciandos a tarefa de prepará-los para a alfabetização, só com isso teremos conquistado uma enormidade de sucesso. Sem falar na proposta que consistiria na Prática de Ensino. Os custos para isso são insignificantes.


Assistência em Odontologia para aquelas IES que têm o curso bastaria estendê-la para os familiares ( pais, mães, filhos ) e com isso evitar a crônica sucessão dos desdentados, por igual, na Enfermagem um posto de atendimento contínuo para as vacinas. Para o estudantes de Direito propostas de extensão no sentido de incentivar os jovens no caminho do direito e da justiça, fortalecendo a juventude para criar e aumentar os músculos da civilidade. Na área de Educação Física, então, o universo de propostas possíveis, continuamente, seria de extraordinária aplicação.

A propósito, os professores contratados por tempo integral ( 20 + 20 ) estão efetivamente se dedicando ao compromisso ou ficam aguardando na sala dos professores o relógio gritar “vá embora” ? Não é o caso de otimizá-los produtivamente ?

Enfim, já está na hora de as IES pensarem e colocarem em ação planos, campanhas, iniciativas perenes  que possam contar inclusive com as contribuições de empresas ou pessoas físicas apoiando os projetos.

A simples criação de uma empresa-júnior na IES já abre enormes perspectivas de atendimentos sociais. E mais, transferindo ao estudante uma chance/oportunidade de ingressar no mercado de trabalho sem depender do mercado, às vezes avesso a oportunizar um estágio. É mais ou menos pelo velho ditado: juntar a fome com a vontade de comer.


Por certo a CPA – Comissão Própria de Avaliação  de cada escola bateria muitas palmas, assim como o grupo responsável pelas Atividades Complementares sairiam irmanados rumo à efetiva Responsabilidade Social.

Entre latas de lixo, hidrantes e vacas



É impossível não dar mais uns passos ao lado de Thomas L. Friedman, autor de Obrigado pelo atraso, sobre quem abordei em artigo anterior.
Ocorre que, como bom jornalista, Friedman é acima de tudo curioso e vai fundo em suas pesquisas, porque não dizer investigações. Afinal, sua rubrica é sinal de confiança, da novidade, da certeza que o relatado ganha majestade de realidade convicta. É a assinatura da credibilidade.

Afinal o seu “Obrigado...” carrega 530 páginas de densidades no mundo das tecnologias que assombram e nos deixam perplexos. Como bom profissional,
Friedman adota as técnicas de um excelente alfaiate, cerzindo, chuleando, pespontando, alinhavando, de modo a facilitar ao leitor, sobretudo os leigos,
deixando o vestuário pronto para o jantar das saciedades tecnológicas. E, à mesa, levando os ouvintes ao deleite dos “casos” que todo bom jornalista tem nos bolsos, ou na cartola. Um mágico que não trabalha com coelhos ou pombos mas com acelerações e exponencialidades.

Vejam a seguir o que ele nos conta sobre sensores, já antecipando que a época dos palpites ficou oficialmente para trás.
Para Friedman, uma das mais inesperadas e espantosas consequências da aceleração da tecnologia foi a colocada nos hidrantes contra incêndio como sendo, agora, inteligentes, considerando que passou a transmitir sua pressão de água por uma rede sem fio, diretamente ao escritório da empresa que presta tal serviço. Com isso reduziu-se bastante o risco de um estouro ou defeito de funcionamento.

O mais incrível é que essa tecnologia pode formar um par com as latas de lixo que são carregadas com sensores que anunciam –também por uma rede sem fio – quando estão cheias e precisam ser esvaziadas, otimizando com isso as rondas de serviços dos funcionários que coletam o lixo. Com isso a cidade fica mais limpa gastando menos dinheiro. Não é incrível que hoje até o lixeiro é um funcionário tecnológico ? Os recipientes contêm tecnologia de computação em nuvem para enviar sinais dirigidos aos lixeiros assim que as latas atingem a sua capacidade e requerem atenção imediata.
Aí estão dois exemplos não diretamente relacionados à computação em si, mas a algo vital para expandir o que os computadores agora podem fazer, referindo-se aos sensores.
O autor, com bom humor, sabe ter o seu lado jocoso dizendo que essa lata de lixo seria capaz de fazer uma prova de vestibular.

E mais, graças à aceleração na miniaturização dos sensores, agora é possível digitalizar os três sentidos --visão, toque, audição — estando próximo o olfato.
A polícia agora emite sinais na direção dos carros para medir sua velocidade e emite ondas sonoras na direção de edifícios para localizar a fonte de um disparo. Um sensor de luz no computador mede a luz ambiente, em sua área de trabalho e então ajusta o brilho da sua tela de acordo com essa informação.

Seu Fitbit é uma combinação de sensores que medem o número de passos que a pessoa dá, a distância que percorreu, as calorias que queimou e quanto vigorosamente move os membros. A câmera no telefone é fotográfica e de vídeo que pode captar e transmitir imagens de qualquer lugar para qualquer lugar.
Essa incrível expansão de digitalização de dados só foi possível por avanços na ciência de materiais e na nanotecnologia, que criaram sensores tão pequenos, baratos, inteligente e resistentes ao calor e ao frio.

Vez por outra Friedman coloca uma cereja no bolo ao longo de seus relatos e a próxima foi sua entrevista com Bill Ruh, principal responsável pelo setor digital da General Eletric – GE – na Califórnia, empresa que tem uma capacidade enorme de instalar sensores em toda parte e que está ajudando a tornar possível a “internet industrial”, também conhecida como “Internet das Coisas”.
Para se ter uma ideia do gigantismo da atuação da empresa basta conferir os números, por exemplo, que a GE reúne os dados de mais de 150 mil equipamentos médicos, 36 mil motores de jato, 21.500 locomotivas, 23 mil turbinas de vento, 3.900 turbinas a gás e 20.700 partes de equipamento de gasolina e gás, todos reportando à GE via rede sem fio seus comportamentos a cada minuto.

Ao enchermos um recipiente de lixo até sua capacidade ótima ou ajustarmos a pressão de um hidrante antes de um estouro dispendioso, estamos economizando tempo, dinheiro, energia e vidas e, de modo geral, tornando a humanidade mais eficiente do que jamais tínhamos imaginado até então.
Essa capacidade de gerar e aplicar conhecimento tão mais rapidamente está fazendo com que sejamos capazes não apenas de extrair o máximo de seres humanos, mas também de vacas. É isso mesmo o que o leitor está lendo.
A era dos palpites também chegou ao fim para os produtores de leite e foi o que Joseph Sirosh, vice presidente corporativo de dados da Divisão de Nuvem e Empresas da Microsoft, contou ao Friedman, que novamente, jocosamente, descreve a conversa sobre “a vaca conectada”.

Produtores de leite no Japão procuraram a gigante do ramo de computação Fujitsu com a questão se eles poderiam melhorar a probabilidade de fazer vacas procriarem com maior sucesso em grandes unidades de produção leiteira ? E tudo decorreu não tão simplesmente.
Ocorre que as vacas entram no cio em um período de receptividade e fertilidade sexual, no qual podem ser inseminadas artificialmente com sucesso – numa janela de tempo de apenas doze a dezoito horas a cada 21 dias e muitas vezes isso se dá à noite.
Para um pequeno fazendeiro com um grande rebanho monitorar todas as suas vacas pode ser muito difícil e saber a hora ideal para inseminar cada uma delas daí porque a Fujitsu muniu as vacas com pedômetros conectados com a fazenda por sinal de rádio. Uma pesquisa da empresa constatou que um grande aumento do número de passos por hora representava um indício de 95% acurado de ocorrência do cio e quando isso é detectado o sistema enviava um texto de alerta para os celulares dos fazendeiros para que implementassem a inseminação exatamente nas horas certas.
Todos os dados gerados pelos sensores das vacas propiciaram outro insight ainda mais importante porque foi descoberto que dentro daquela janela temporal o ideal seria realizar a inseminação nas primeiras quatro horas havia 70% de probabilidade de se obter uma vaca e não um bezerro, permitindo assim que o fazendeiro poderia determinar a proporção de vacas e touros no rebanho de acordo com as necessidades.
Se uma vaca munida de um sensor transforma um produtor de leite num gênio, uma locomotiva dotada de sensores deixa de ser um trem burro para se transformar num sistema de TI sobre rodas. Ela poderá de repente detectar e transmitir a qualidade dos trilhos a cada trecho de trinta metros. Pode perceber uma inclinação e determinar de quanta energia necessita para avançar cada quilômetro de terreno, colocando menos combustível quando estiver descendo.

Como se vê, pelos poucos relatos acima, o mundo hoje parece estar mais veloz do que nunca e a lei de Moore, como mostra Friedman, o poder dos computadores dobra a cada dois anos. É uma liberação extraordinária de energia que está remodelando tudo, da forma de chamar um táxi ao destino das nações.
A transformação ocorre em profundidade nas instituições, nas empresas, no trabalho e nos ecossistemas do planeta. Está-se criando novas e vastas oportunidades de salvar o mundo, ou de destruí-lo.
O “Obrigado... “ é pura história contemporânea, um manual para pensar sobre esta era das acelerações mas também pode ser um argumento para “se atrasar”  mais, fazer uma pausa e apreciar a época extraordinária que passamos e refletir sobre as possibilidades e perigos.


Educação, Tecnologia e Inovação



Desde a invenção do quadro negro, passando pela chegada do projetor de transparências, da fotocopiadora e do videocassete, o foco da tecnologia em sala de aula vinha sendo a apresentação da informação. No século 21, em razão da disseminação de computadores e de programas interativos, o desafio agora é outro: como acessar a informação.(Porvir}

Independentemente do recurso tecnológico utilizado ou a adotar, o professor é o sujeito capaz de mediar o aprendizado tornando-o mais atrativo, divertido e interessante para os alunos. Os recursos tecnológicos, mais do que incentivar a curiosidade do aluno em relação ao que está sendo proposto como ensinamento, ajudam a prepará-lo para o mundo. E, espera-se que ele conheça, além dos conteúdos escolares, todos os demais meios para vencer dificuldades ou embaraços exatamente pelo quais foram trabalhados, sempre com a ajuda da tecnologia.

O aluno tem direito ao acesso às tecnologias na escola:com dotações e recursos capazes de sustentar atividades e projetos articulados e convergentes. Tudo apoiado em fundamentação pedagógica sólida e atualizada, assegurando a unidade política, técnica e científica imprescindível ao êxito dos esforços e investimentos envolvidos.  Assim, a escola cumpre duplamente seu papel de ensinar e educar, educando para um mundo no qual a tecnologia é não só necessária, mas também essencial.

São muitos os benefícios trazidos pelos recursos tecnológicos à educação. Contudo, é preciso que o professor conheça as ferramentas que tem à sua disposição se quiser que o aprendizado aconteça de fato. O uso das tecnologias na escola está além de disponibilizar tais recursos; ele implica aliar método e metodologia na busca de um ensino mais interativo.

É importante que haja não apenas um incremento tecnológico nas escolas. É necessária a revolução na capacitação docente, pois a tecnologia é algo ainda a ser desmistificado para a maioria dos professores, quando nada sabe, sabe pouco, usa a máquina para atividades com fazeres dissociados da educação.  E um recado bem direto enquanto preocupação formativa docente vai para as instituições que têm os cursos de pedagogia e licenciaturas. Estes, muito atrasados.

Para a professora Renata Beduschi de Souza[1] “É evidente a insatisfação dos alunos em relação a aulas ditas "tradicionais", ou seja, aulas expositivas nas quais são utilizados apenas o quadro-negro e o giz. O aprender por aprender já não existe: hoje, os alunos precisam saber para que e por que precisam saber determinado assunto. Essa é a típica aprendizagem utilitária, isto é, só aprendo se for útil, necessário para entrar no mercado de trabalho, visando ao retorno financeiro. A internet invade nossos lares com todas as suas cores, seus movimentos e sua velocidade, fazendo o impossível tornar-se palpável, como navegar pelo corpo humano e visualizar a Terra do espaço sem sair do lugar. É difícil, portanto, prender a atenção do aluno em aulas feitas do conjunto lousa + professor.”

Daí caber a pergunta  por que fazer o mesmo quando se pode fazer diferente? Uma vez que os alunos tenham preferência pelas aulas que utilizam a tecnologia, por que não aproveitar essa oportunidade e usá-la a seu favor? A escola precisa modernizar-se a fim de acompanhar o ritmo da sociedade e não se tornar uma instituição fora de moda, ultrapassada e desinteressante. Embora lentamente, ela está fazendo isso. Saber que o aluno aprende com o que lhe chama  a atenção todos sabem. A questão é: estão os professores, as escolas e os sistemas de ensino preparados para tal mudança?

O trabalho acaba tendo um retorno eficientíssimo. É importante, no entanto, que haja não apenas uma revolução tecnológica nas escolas. É necessária a revolução na capacitação docente, pois a tecnologia é algo ainda a ser desmistificado para a maioria dos professores.

Os recursos tecnológicos devem servir como extensões do professor e o aprendizado propiciado deve ser interligado. O papel do professor é o de mediador, auxiliando o estudante  a alcançar seu potencial máximo, aproveitando todos os benefícios educativos que os recursos tecnológicos podem oferecer.

No livro “Cem Aulas Sem Tédio”, as professoras Vivian Magalhães e Vanessa Amorim defendem a ideia de que precisamos encarar nossos medos e utilizar os recursos tecnológicos como apoio para as aulas. Enfatizam que os professores jamais serão substituídos pela tecnologia, mas aqueles que não souberem tirar proveito dela correm o risco de ser substituídos por outros que sabem.


A tecnologia está mudando a forma como produzimos, consumimos, nos relacionamos e, até mesmo, como exercemos a nossa cidadania. Agora é a vez de transformar também a maneira como aprender e como ensinar.
Quando os computadores chegaram às escolas, nossa intenção era educar para o uso das tecnologias. Hoje usamos as tecnologias para educar.

O distanciamento ou mesmo a ausência da tecnologia nas escolas hoje chega às raias da insanidade de onde a pergunta: por que a tecnologia é cada vez mais importante na educação?
Numa resposta rápida e simples, n
ovas ferramentas tecnológicas têm potencial para promover a equidade e qualidade na educação, além de aproximar a escola do universo do aluno e ele com o mundo. Tais grandezas já bastariam para justificar que avancemos na superação daqueles três grandes desafios da educação..

O primeiro deles é a equidade:
• Ampliação do acesso ao conhecimento e a recursos educacionais diversificados;
• Personalização (inteligência artificial para acompanhar o que cada um aprendeu e como aprende melhor, tudo isso em tempo real, além da oferta do que cada um precisa, a partir dos seus interesses e ritmos)

O segundo desafio é o da qualidade:
• Um conjunto de recursos mais ricos, interativos, dinâmicos, que ajudam o aluno a compreender e utilizar o que aprende;
• Apoio ao professor na construção de estratégias pedagógicas mais eficazes;
• Disponível a toda hora, em qualquer lugar, inclusive dando mais autonomia para o aluno (coconstrutor).

O terceiro é o da contemporaneidade:
• Aprendizagem que dialoga com o universo dos alunos do século 21, intensamente mediado pelas tecnologias;
• Preparação para a vida presente e futura, que também demanda competências relacionadas ao uso de recursos tecnológicos.


É preciso ter cuidado para que a tecnologia não crie apenas uma versão digital de práticas pedagógicas tradicionais. Não é mera substituição, mas oportunidade de fazermos coisas antes impossíveis. Novas abordagens, mais disruptivas, que possam trazer a educação para o século 21.


Tecnologia não substitui o professor. Ao contrário, ela empodera os educadores, permitindo que abandonem atividades mecânicas ou repetitivas, como corrigir exercícios e dar aulas expositivas, e tenham mais tempo para atuar como mediadores, mentores e designers da aprendizagem.

Assim como tem alto poder de contribuir, pode prejudicar, seja gerando muita dispersão, seja ampliando a desigualdade entre os que têm e os que não têm acesso.

[1]graduada em Letras, professora de língua portuguesa da rede municipal de Campo Bom (RS) e de língua inglesa do Centro de Idiomas da Universidade Feevale, de Novo Hamburgo (RS).