Li pela primeira vez a
frase num adesivo de carro, num fusquinha que levava as letras bem grandes no
vidro de trás. Quase certo que era docente do ensino público.
A máxima do título já
reserva um tom jocoso, uma troça, uma blague, quase zombaria, num estilo
aproximado de vitimez, como se os docentes também estivessem em extinção. Cabe
a pergunta, se isso não é uma grande verdade por tudo que acomete a profissão
no Brasil, desde os salários, as violências a que se submetem, principalmente
no Fundamental e no Médio, a exasperante jornada de trabalho, que às vezes
exige do profissional uma dedicação dos períodos da manhã, tarde e noite. Por
oportuno, o leitor arrisca um palpite ?
Quem desaparece primeiro, o professor ou a sala de aula ?
Quem desaparece primeiro, o professor ou a sala de aula ?
A impossibilidade de se manter estudando com a educação continuada, a alienação quase total às tecnologias atuais, o desconhecimento das linguagens, softwares, equipamento cujos preços, que no mais das vezes proibitivos, impedem aquisições. O ter que levar alunos despreparados, sabidamente, para o Enem e com isso computar fracassos porque o sistema é implacável e machuca mais a quem já está machucado. No superior, a questão da proposta do Enade que contempla ausentes e omissos, que não carregam suas participações para o diploma ou histórico escolar: uma injustiça.
Mas, enquanto as baleias
ainda são pouco ou medianamente assistidas por sociedades protetoras dos animais,
nacionais e internacionais, ao professor só cabe apelar para os sindicatos
pouco ou nada interessados nas perpetrações ao docente. Estão de fato entregues
ao Deus dará.
O curso espinhoso que
transcorreu nas licenciaturas quase sempre não foi, digamos, completo e
realizador. As práticas de ensino foram pouco ou nada aproveitáveis, o estágio
em escolas que em princípio se negam a receber esses licenciandos, pois não têm
condições técnicas e administrativas para acolhê-los em condições desejáveis.
Os concursos públicos
rareiam, pois os governos preferem contratações temporárias afastando os
candidatos de uma carreira, de um vínculo laboral que dê estímulo e afeição pelo
trabalho.
Então, o 15 de outubro,
de novo está aí, e, com franqueza, não creio que a efeméride seja para soltar
rojões e muita festança. A partir dos fornos onde são forjados os professores,
é de se perguntar se os egressos dos cursos ficaram satisfeitos ao seu término.
Se concluíram “achando-se preparados” para o magistério que em outros tempos já
foi até mais difícil. Normalistas andando em burros por estradas poeirentas e
ganhando salários às vezes expressos em galinhas, sacos de manga ou goiaba, queijos
ou manteiga, debaixo de chuva e sol. Aliás, como ainda acontece em muitos
rincões nacionais. Vergonha de governos.
Embora aflorem algumas
realidades porque desesperantes, não é o caso de negar a data, ao contrário, e
exatamente pelos senões apontados enaltecer a fibra, a determinação, a firmeza
de propósito de todos os docentes, do fundamental ao superior, passando pelo
médio, a trajetória super-humana de
quem põe a cabeça no travesseiro e sente a recompensa de ter ajudado o Brasil a ir pra frente, a crescer num mundo de adversidades como as que afetam o labor diário de extirpar ignorâncias das cabeças de nossa juventude, mesmo que vicissitudes instabilizem e conduzam a imprevisibilidade e eventualidade da carência de políticas públicas, conduzindo processos ao acaso, exatamente porque casuísticas.
quem põe a cabeça no travesseiro e sente a recompensa de ter ajudado o Brasil a ir pra frente, a crescer num mundo de adversidades como as que afetam o labor diário de extirpar ignorâncias das cabeças de nossa juventude, mesmo que vicissitudes instabilizem e conduzam a imprevisibilidade e eventualidade da carência de políticas públicas, conduzindo processos ao acaso, exatamente porque casuísticas.
Hoje eu rendo minhas homenagens a
esse pelotão imenso de guerreiros cujas armas são a vontade, a inteligência, a
cultura, a predestinação, colocando no cadinho de suas consciências o ouro mais
puro para ser fundido e derramado na forma da civilidade e da cidadania.
E mais, se não propusermos
capacitação docente para EAD aos nossos docentes, veremos uma derrocada sem
igual nesse mundo globalizado, que se alimenta de fluxos de conhecimentos por
redes.
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