segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Obama, um mercador realista da internet



O jornal Valor Econômico, com o Santander/AAdvantage, realizou na quinta-feira, 5 de outubro, o Fórum Cidadão Global, contando com o ex-presidente Barack Obama como principal palestrante.
"O presidente Obama é um dos principais defensores do papel do cidadão global do século XXI para superar nossos maiores desafios sociais", diz Frederic Kachar, diretor executivo da Divisão de Publicação do Grupo Globo, da qual o Valor Econômico faz parte.

Em um momento de mudanças extraordinárias e incertezas em todo o mundo, líderes políticosempresariais e de organizações não governamentais formam um crescente coro chamando os cidadãos para que se levantem e se juntem para construir o futuro que desejamos para a sociedade.

Em resposta a esta crescente necessidade de fortalecimento da cidadania, o Fórum Cidadão Global tem como objetivo iniciar um diálogo sobre a responsabilidade das pessoas na construção de um futuro melhor.

O presidente Obama tem sido um líder global no avanço do envolvimento cívico e vem incentivando e inspirando os cidadãos a se envolverem em sua comunidade. Em recente palestra o presidente Obama disse: “Precisamos que vocês se mantenham conectados, trabalhem juntos, aprendam uns com os outros, para que possamos construir uma próxima geração de líderes que sejam capazes de enfrentar problemas como o aquecimento global e a pobreza, ajudar no crescimento econômico, garantir que as mulheres tenham oportunidade. Garantir que toda criança, onde quer que ela viva, tenha a chance de ter uma vida melhor.”

Em 2011 Obama também esteve no Brasil, em 20 de março, no Rio de Janeiro.  Na tarde de um domingo, o presidente norte-americano discursou para cerca de 2 mil convidados no Theatro Municipal, na Cinelândia, Rio de Janeiro: “Alô, Rio de Janeiro. Alô, Cidade Maravilhosa. Boa tarde, todo o povo brasileiro.
Desde o momento em que chegamos o povo desta nação tem gentilmente mostrado à minha família o calor e a generosidade do espírito brasileiro, obrigado. Quero agradecer a todos por estarem aqui.”

Na oportunidade ele lembrou que os EUA foram a 1ª nação a reconhecer a independência do Brasil e a 1ª a estabelecer um posto diplomático neste país. O primeiro líder de um país a visitar os EUA foi Dom Pedro II. Na Segunda Guerra Mundial nossos corajosos homens e mulheres lutaram lado a lado pela liberdade. E depois da guerra, nossas duas nações lutaram para conseguir as bênçãos plenas da liberdade.”

Desta feita ele deixou de lado um centena de mesuras e delicadezas filantrópicas para ir mais fundo “no que interessa” e um desses temas foi exatamente a educação.
Um dos líderes mais admirados do planeta fez um alerta: é preciso envolver os
jovens na política e garantir a inclusão social para evitar a xenofobia e radicalismos. A uma plateia de líderes empresariais e representantes da sociedade civil, Obama defendeu a educação como arma contra a intolerância,
além de um forte engajamento dos cidadãos, sobretudo dos jovens, para reconstruir e renovar arranjos políticos e sociais, para que as mudanças funcionem para todos. Apesar dos desafios, Obama mostrou uma visão otimista para o futuro. Não obstante todos os desafios que enfrentamos, o mundo é mais seguro, mais bem instruído, mais tolerante do que qualquer momento na história da humanidade.

Dono de uma convicção incomum, Obama, referindo-se à educação,  diz que se chamado a aconselhar qualquer nação, então, o primeiro trabalho é garantir que seja estabelecido um sistema educacional que seja universal, que busque alcançar toda criança e que seja adaptado às realidades de uma economia em rápida evolução tecnológica.

Quase no início da sua fala Obama deixou a plateia um tanto desconcertada ao afirmar que, de certa maneira, vivemos o melhor dos momentos e o pior dos momentos. Perplexidade geral.
O mundo está mais próspero do que nunca, afirmou, mas isso veio com uma ruptura industrial e estagnação de salários em muitas economias avançadas, o que deixou muitos trabalhadores e muitas comunidades com medo das perspectivas para eles e para seus filos, pensando que elas serão piores, e não melhores no futuro.

Enfatizando que o mundo está mais conectado do que nunca e que da mesma maneira que a internet tem a oportunidade de espalhar conhecimento e oportunidades, dá poder àqueles que espalham ódio e em todos os lugares vemos a internet contribuindo para dividir a nossa política.

Não sem razão pois nesta era de informação instantânea, onde tudo nos dá uma cadeia sem interrupção de más notícias, é natural que as pessoas procurem algum sentido de certeza e de controle nas suas vidas.
Vemos grandes choques entre culturas, as pessoas preocupadas com os valores tradicionais, suas ideias e raízes sendo esfaceladas. Portanto, é inevitável que nossas políticas e arranjos sociais também tenham essa ruptura, da mesma maneira que ocorrem essas rupturas tecnológicas.

Daí trazer uma grande pergunta para a nossa atualidade quando atravessamos fase muito delicada e preocupante com a corrupção endêmica, congresso à beira da devassidão, governos estaduais e municipais em alvoroço pelo endividamento:  pelo bem de nossas famílias e coletivo, será que temos a capacidade de reconstruir e renovar os arranjos políticos e sociais para que as mudanças funcionem para todos e não só para alguns ?

Cá para nós, não temos a certeza de que a internet, os serviços sob demanda, o carro sem motorista, as entregas por drones, podem nos confirmar de que isso vá ajudar a economia para todos e não só para os poucos que estão no topo. E também é verdade que a globalização, a automação, todas essas coisas que nos dão tantos benefícios incríveis, enfraqueceram a posição dos trabalhadores, no sentido de terem salários justos.

Conforme Obama, “Estamos mais conectados do que nunca, mas isso faz com que,  em alguns casos, seja mais fácil recuarmos a nossas próprias tribos, nossas  próprias bolhas, onde só escutamos pessoas que pensam da mesma maneira como nós. E nunca desafiamos as nossas próprias presunções, porque tudo o que lemos, tudo o que vemos é simplesmente o que um algoritmo nos disse que deveríamos ver.”




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